Em novembro 2020, a empresa Ocean Builders, que tem na equipe o casal entusiasta de bitcoin caçado pelo governo da Tailândia em 2019, anunciou o ‘MS Satoshi’, um navio com cabines para pequenos empresários do setor de criptomoedas. O projeto, no entanto, foi por água abaixo – quase que literalmente.
A embarcação, segundo reportagem do site especializado em navios Cruise Industry News, foi vendida para uma nova empresa de cruzeiros, cujo nome não foi revelado. Antes disso, de acordo com o mesmo veículo, o navio quase virou sucata.
O projeto não ocorreu porque a Ocean Builders não conseguiu encontrar uma empresa de seguros para o MS Satoshi, conforme e-mail da empresa obtido pelo The Wall Street Journal.
“Infelizmente, não poderemos prosseguir por causa de grandes seguradoras arcaicas que não conseguem se adaptar a novas ideias inovadoras”, escreveu Grant Romundt, CEO da Ocean Builders, para investidores, segundo o jornal.
Ele falou ainda que a quantidade de burocracia, regras e regulamentos das companhias eram “impressionantes” e impediam a continuidade do MS Satoshi, que iria disponibilizar 777 cabines para locação, com diárias a partir de US$ 88.
No início deste mês, Romundt disse ao site especializado em criptomoedas Crypto News que até poderia fazer um esforço para lidar com os entraves burocráticos do setor, mas os custos seriam altos:
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“Poderíamos ter superado as exigências regulatórias e de seguro para fazer o que queríamos com o navio, mas isso significaria meses ou anos de taxas legais, bem como o pagamento de uma tripulação de 40 pessoas para manter o navio e o combustível que estava gerando gastos de US$ 1 milhão por mês no total”.
Segundo o CEO, a empresa voltará a focar os esforços na construção de casas futurísticas e inteligentes localizadas no oceano.
Foi por causa dessas casas flutuantes que o casal de entusiasta de bitcoin Chad Elwartowski e Nadia Supranee Thepdet – que são diretores da Ocean Builders e estavam promovendo o MS Satohi – viraram alvo do governo da Tailândia em abril de 2019.
Naquele ano, eles foram perseguidos pelas autoridades do país – conhecido por suas regras rígidas – porque construíram uma casa flutuante no mar da nação sem autorização prévia, o que foi visto como uma ameaça à segurança nacional.
Se fossem pegos e encarcerados, eles poderiam pegar prisão perpétua ou mesmo pena de morte. A casa foi destruída logo após a fuga do casal.
A Ocean Builders, Chad e Nadia fazem parte do movimento ‘libertário’ Seasteading, que atua na construção de moradias e cidades independentes em regiões do oceano que não pertencem a governos.