A Venezuela continua tentando arrumar formar para sobreviver às sanções dos EUA e a um bloqueio financeiro paralisante. Desta vez, a Venezuela optou por criar uma bolsa de valores “descentralizada” que usa versões digitais de ativos e instrumentos financeiros tradicionais.
Na quarta-feira (30), o presidente Nicolás Maduro anunciou a criação da “Lei Antibloqueio ao Desenvolvimento Nacional e à Garantia dos Direitos Humanos”. Ele descreve várias estratégias para estimular uma economia nacional que foi prejudicada por sete ordens executivas separadas dos presidentes dos EUA, Obama e Trump, e mais de uma dúzia de sanções adicionais.
Maduro disse que a lei promove o uso de criptomoedas – todas elas, não apenas a Petro, apoiada pelo estado – como uma forma de proteger a soberania financeira da Venezuela. “A lei anti-sanções é a primeira resposta … para dar nova força ao uso da Petro e outras criptomoedas, nacionais e globais, no comércio interno e externo, de modo que todas as criptomoedas do mundo, apoiadas pelo Estado e privadas, podem ser usadas”, disse Maduro.
Pouco depois, foi criada a nova Bolsa de Valores Descentralizada da Venezuela.
Apesar do amor da Venezuela por procedimentos administrativos extremamente centralizados, esta nova bolsa de valores é tão descentralizada quanto possível dentro do quadro jurídico atual. O governo afirma que todos os contratos e protocolos são públicos e auditáveis, e os participantes aparentemente possuirão suas próprias chaves e tokens.
A bolsa é uma plataforma DeFi rodando no blockchain Ethereum, onde os traders poderão trocar ativos tradicionais tokenizados na forma de contratos ERC223 (uma alternativa para ERC20) e ERC721 (tokens únicos) dependendo do caso. A razão para fazer isso é, aparentemente, permitir a negociação sem um intermediário centralizado.
Dessa forma, os investidores poderão negociar derivativos, commodities, imóveis, ações, ETFs e títulos na bolsa descentralizada. No entanto: nada de tokens com nomes engraçados de comida, criptomoedas estranhas ou farm. Embora o governo diga que deseja promover todos os criptomoedas, a plataforma só permite a negociação de ativos tradicionais (tokenizados).
Em transmissão ao vivo, Manuel Aaron Fajardo García, um dos líderes do projeto, disse que a bolsa atuará de forma independente do sistema tradicional e terá um mercado secundário peer-to-peer.
O experimento DeFi da Venezuela é outro em uma longa linha de testes de blockchain contra um pano de fundo geopolítico. É muito cedo para dizer se o objetivo principal é estimular a atividade financeira ou atrair investimento estrangeiro pela porta dos fundos dos ativos digitais.
*Traduzido e editado com autorização da Decrypt.co