Imagem da matéria: Unick Forex não pagará rendimentos e vai parcelar saques, dizem diretores
Fernando Lusvarghi, à direita, Danter Silva, no centro e Leidimar Lopes, à esquerda (Foto: Reprodução/Youtube)

Dois dias após o fim do prazo para o site retornar ao ar e devendo para os clientes, a Unick Forex finalmente fez um pronunciamento oficial onde disse que os saques serão parcelados e os rendimentos dos investimentos não serão pagos.

Quem gravou o vídeo foi Leidimar Lopes, criador da empresa, ao lado do diretor de marketing, Danter Silva; e do diretor jurídico, Fernando Lusvarghi, com a pretensão de explicar o que estaria acontecendo com a Unick Forex.

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Em meio a tantos problemas, a empresa chegou até mesmo anunciar o projeto de uma criptomoeda própria a “CQDX”, além de projetos da Unick atuar em outras frentes como vestuário, perfumaria, seguradora e até como empresa de turismo.

Quem esperava, entretanto, retornos financeiros com o dinheiro injetado na Unick Forex por meio de cash back de 200% sobre o valor aplicado na compra de cursos pode esquecer.

De acordo com Lopes, o presidente, elas receberão só o dinheiro inicial de volta e esse pagamento deverá ser parcelado até novembro.

“Até o dia 2 de novembro passarão a receber todos os bônus de publicidade até atingir os 100% do valor da compra”.

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Segundo Lopes, quem já recebeu 100% do valor ficará com a conta inativa e será obrigado a “comprar um produto novamente e continuar participando”.

Quem ainda não recebeu terá de ficar atento as datas de aniversário para realizar seus saques.

“A partir do dia 16 existem novos cronogramas. A data de ativação do bônus de cash back é a de referência. A pessoa que tem a data de aniversário no dia 15 de agosto vai acumular até o mês subsequente”, afirmou Lopes.

Danter Silva disse que essa é uma novidade até mesmo para as lideranças. Antes dessa decisão, as pessoas que injetavam o dinheiro na Unick contratavam com essa empresa o retorno financeiro de o dobro do investimento.

Contradições da Unick Forex

A justificativa apresentada pela empresa foi a de uma auditoria interna pela qual a Unick teria passado. Apesar de Lopes falar desses ajustes, ele não conseguiu explicar o porquê da quebra contratual com seus clientes e sobre a razão dessa auditoria.

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No meio das explicações evasivas sobre a falta de pagamentos de seus investidores, Silva e Lopes apontaram que a empresa tem como objetivo levar “satisfação garantida” aos clientes.

Lusvarghi chegou a falar em “transição para um novo sistema”. A regra antiga de retorno de 200% somente valerá para os novos investidores. Com isso, eles apresentam uma proposta para que as pessoas reinvistam o dinheiro ao invés de sacar.

O problema é que da mesma maneira que os antigos investidores sofreram com a mudança drástica de regras e somente vão receber o valor aplicado sem qualquer correção ou juros se retirar sem reinvestir, nada garante aos novos entrantes que a empresa cumprirá com a sua promessa.

Novas promessas

No meio de todo esse problema, Silva e Lopes anunciaram um novo site, com o backoffice funcionando a partir dessa sexta-feira (16). Até o fechamento dessa matéria, no entanto, a situação continua a mesma.

A Unick conceder um cash back de 200% sobre um pacote de cursos deveria ser algo questionado pelas pessoas que pensam em aplicar suas economias nessa empresa. Sob essa lógica, a Unick estaria pagando para as pessoas consumirem seus produtos e isso não fica muito claro.

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A questão é que empresa alguma se sustenta tendo prejuízo. A Unick ao fazer isso não obtém lucro ou o real empreendimento dela não se dá pela venda desses cursos.

A empresa também não consegue explicar o que levaria a uma pessoa comprar o mesmo pacote de cursos mais de uma vez. Após atingir o ganho de dobro do capital investido, o cliente tem de adquirir o mesmo pacote de cursos com o mesmo conteúdo para continuar a receber o chamado “cash back” ou “bônus de publicidade”.

Unick Forex investigada

Não é de agora que a Unick tem sido questionada sobre suas ações. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) chegou a abrir um processo administrativo sancionador contra a empresa.

A Unick, em contrapartida, chegou a ganhar 45 dias de tempo e por fim enviou um termo de compromisso que ainda deverá ser analisada pelo órgão regulador.

Esse processo foi aberto após a CVM demonstrar, por meio do memorando nº 167/2018-CVM/SMI/GME, que a Unick vinha fazendo oferta pública de investimentos com retornos de 1,5% à 3% ao dia.

A autarquia também havia envolvendo encontrado indícios de que a empresa vem atuando em esquema de pirâmide criptomoedas e resolveu encaminhar o caso ao Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul.

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O procurador da república responsável pela investigação, Celso Tres chegou até mesmo comparar a atuação da Unick com a extinta Telexfree em entrevista cedida ao Portal do Bitcoin.

Passado obscuro

A empresa que se autodenomina de marketing multinível, possui o mesmo CNPJ da Phoner, uma companhia que atuava em esquema de pirâmide.

O Portal do Bitcoin chegou a publicar uma matéria mostrando documentos que ligam a Unick à Phoner. Leidimar Lopes, que hoje é presidente da Unick, era quem comandava a antiga empresa que ficou famosa depois do chamado “golpe da mangueira”.

Uma outra pessoa da Unick que já esteve envolvida com esquema de pirâmide foi Danter Silva. O atual diretor de marketing da empresa chegou a captar investidores no Brasil para a D9 Clube de Empreendedores.

Essa empresa envolvia a aplicação do dinheiro de investidores em criptomoedas, em bolsa de apostas esportivas e a promessa de grande retorno financeiro. Até um curso de trader esportivo para tornar as pessoas profissionais nesse segmento teve, mas o dinheiro não vinha da comercialização desse curso.

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