Controles de videogames e uma moeda dourada de Bitcoin (BTC)
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A segunda temporada do Crypto: The Game — uma competição inspirada pelo famoso reality show da TV “Survivor”, que abrange competições tanto online quanto do mundo real, chegou a uma conclusão na semana passada, com o vencedor anônimo, Jogador 733, levando para casa o prêmio de quase 72 ETH, cerca de R$ 1,1 milhão na atual cotação do ether.

Mas o estoque de criptomoedas não ficará com o premiado: ele doou todo o valor para um fundo de defesa legal que apoia Alexey Pertsev e Roman Storm, desenvolvedores do mixer de criptomoedas baseado no Ethereum, Tornado Cash, que estão enfrentando acusações por supostamente facilitar a lavagem de dinheiro com sua plataforma descentralizada. O julgamento de Pertsev está em andamento, com um veredicto esperado para maio.

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Ao longo da temporada, 800 jogadores de todo o mundo passaram mais de 4 mil horas coletivas no site do Crypto: The Game, que teve mais de 100 mil visitas ao longo dos 10 dias da temporada. Apenas duas temporadas depois, o fundador do Crypto: The Game, Dylan Abruscato, diz que já viu uma variedade de temas — e esquemas — se desenvolverem entre os jogadores.

“Cada temporada é como um estudo de caso sobre o comportamento humano. Na primeira temporada, tivemos o MFL como vencedor, que era um jogador relativamente desconhecido, anônimo, que falava japonês e era de uma área rural do Japão. Aquela temporada acabou tendo um tema de Davi contra Golias”, disse Abruscato ao GG do Decrypt. “Nesta temporada, com as pessoas podendo comprar ativos de volta, as pessoas continuavam comparando o formato com o [programa de TV] ‘Deal or No Deal’.”

A nova mecânica de jogo — de entradas no jogo sendo NFTs, que se convertiam em NFTs de “Juror” (Júri) quando um jogador era eliminado por votação — criou algumas dinâmicas interessantes que mudaram drasticamente o jogo. Por exemplo, os jogadores podiam comprar ativos de volta após serem eliminados por votação, ou colecionadores “baleia” podiam acumular uma grande quantidade de NFTs de juror para tentar influenciar o resultado.

Diante de tudo isso, um grupo de pessoas — algumas que já haviam sido eliminadas por votação — se uniram durante a temporada e decidiram que iriam tentar ganhar o jogo e doar todos os ganhos para o Fundo de Defesa Legal do Tornado Cash. E eles conseguiram.

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O misterioso Jogador 733

Eva Beylin, a diretora do The Graph Foundation, foi uma das participantes animadas nesta temporada. Ela estava na Tribo Azul e, como muitos dos jogadores da primeira temporada que elogiaram a experiência, ela disse que ficou impressionada com a competição.

“Era como a teoria dos jogos com anabolizantes,” ela disse. Beylin acabou tratando o jogo como um segundo emprego: ela terminava o trabalho e passava a noite toda jogando. Quando Beylin foi eliminada por votação, no oitavo dia da temporada, ela percebeu que tinha jogado o jogo um pouco mais honestamente do que os outros. Sua tribo foi enganada por outra, e vários de seus ex-companheiros de tribo se sentiram traídos como resultado.

Quando Eva percebeu o que tinha acontecido, ela sentiu que nenhum dos jogadores envolvidos realmente merecia ganhar o prêmio. Ela pensou que o vencedor acabaria sendo uma das baleias que tinham acumulado um monte de NFTs de júri, ou alguém de um dos grupos secretos que se formaram entre as equipes.

Na tentativa de influenciar o resultado esperado, Beylin e alguns outros jogadores se uniram para comprar um NFT e comprar sua entrada de volta no jogo. Mas desta vez, ela não estava jogando por si mesma. Embora a decepção seja uma parte fundamental tanto do “Survivor” quanto, de fato, do Crypto: The Game, eles sentiram que os jurados não iriam querer votar em alguém que tinha dependido de táticas duvidosas.

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A marca “Anon Island” (Ilha Anônima) para a segunda temporada também contribuiu para a ideia de doar os ganhos (se ganhassem) para o Fundo de Defesa Legal do Tornado Cash, já que o mixer de moedas é visto pelos defensores das criptomoedas como uma ferramenta que promove a privacidade para ajudar os traders a evitar a vigilância.

“Eu achei que uma causa deveria vencer o jogo por causa de como o jogo se desenrolou. Além disso, dado que esta temporada é chamada de ‘Ilha Anônima’ e o julgamento de Alexey aconteceu literalmente um mês atrás, não meses, fez sentido”, disse Beylin.

Eles planejavam gastar os 3-4 ETH necessários para comprar um passe de entrada NFT no mercado aberto, mas então Beylin disse que o jogador anônimo 733 se aproximou deles e optou por doar seu próprio passe NFT para a causa.

Beylin e seu grupo — que incluía Stani Kulechov da Aave e David Phelps da JokeDAO — fizeram campanha durante a noite sob a bandeira do Tornado Cash em um grupo do Telegram, com o objetivo de atrair pelo menos 100 jurados para se juntarem à sua causa. E quando o momento decisivo chegou, o Jogador 733 venceu e os fundos foram de fato doados para o fundo legal para apoiar os desenvolvedores do Tornado Cash.

“Nós, os custodiantes do #733, agindo em nome dos desejos dos 171 jurados do Crypto: The Game Temporada 2 Ilha Anônima, acreditamos que código é discurso, código aberto não é crime e privacidade é um direito humano fundamental”, diz a mensagem anexada. “Por meio deste, contribuímos com os 71,8 ETH para o fundo de defesa legal de Alexey Pertsev e Roman Storm.”

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Antes desta segunda temporada, a grande questão era se o Crypto: The Game conseguiria manter seu apelo viral com um maior número de jogadores, patrocinadores adicionados e infraestrutura, e o dobro de ETH em jogo.

Com base nas reações dos jogadores ao longo da temporada e no final memorável que se seguiu, parece que Abruscato e sua equipe alcançaram esse objetivo. Afinal, “Survivor” repetiu e evoluiu gradualmente a fórmula original ao longo de 46 temporadas e quase um quarto de século na TV. Agora estamos apenas nos perguntando como os jogadores da próxima temporada do Crypto: The Game tentarão superar esta.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.

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