clelio cabral e antonio neto ais
Broker Clélio Cabral e Antonio Neto Ais (Foto: Divulgação)

Aos 50 minutos do segundo tempo, no final de um longo acréscimo, Clélio Cabral — o mais conhecido ‘broker’ da Braiscompany — manifestou desgosto com o que está acontecendo na suposta empresa. Ele também aproveitou para apagar do feed do Instagram as fotos que ostentava com Antonio Neto Ais e Fabricia Ais.

Em um longo texto postado no sábado (04), ele diz que confiou na Braiscompany mas que agora vive uma sensação de terror:

Publicidade

“Posso sentir o desespero e a angustia que nos cerca ao decorrer de cada dia, motivada pela falta de posicionamento profissional, transparente e respeitoso da Braiscompany para com todos nós”.

O consultor, que diz no perfil ter duas certificações para profissionais de investimentos da Anbima, não nega ter defendido a empresa, mas afirma que há “falta de empatia” ao deixarem os clientes sem esclarecimentos e perspectivas de reaverem os valores aportados.

“Repudio veementemente tais comportamentos que a Braiscompany e seus representantes legais estão tendo para com as pessoas que investiram e confiaram em suas promessas”.

No passado, por diversas vezes, ele defendeu os ganhos anuais de 87% com os contratos da suposta empresa — mesmo em meio ao bear market do Bitcoin onde esse número é impossível se ser alcançado com constância.

Publicidade

Clélio e Braiscompany

No texto, Cabral cobra uma nota oficial dos diretores jurídicos e/ou representantes legais do que sobrou da Braiscompany. “Expliquem com clareza as estratégias e decisões tomadas para e resolução desse problema catastrófico que se intensificou pelo silêncio e a demora nas tomadas de decisões, incluindo se existe verdadeiramente a intenção de pagar a todos nós”, escreve.

Cabral não cita Antonio Neto na postagem. Faz sentido. No passado, ele fez diversas homenagens a Ais como exemplo de liderança e inspiração. Hoje ele está foragido da Justiça e é procurado pela Interpol, a polícia internacional.

Embora a empresa acusada de pirâmide fosse de Campina Grande, na Paraíba, Clélio Cabral tinha uma sólida atuação em São Paulo. Era um dos principais líderes, ainda que não estivesse formalmente no quadro societário.

Os famosos jogos de futebol nos quais Antonio Ais e jogava bola com Ronaldinho Gaúcho ostentavam a marca de Cabral nos convites. Era uma maneira de promover a empresa e captar mais clientes para o bolo de quase R$ 800 milhões que a Braiscompany mostra em seu balanço do ano passado. A Polícia Federal diz que o valor da ordem de R$ 1,5 bilhão.

Publicidade

Resposta de Clélio Cabral

Após a publicação desta reportagem, o antigo consultor da Braiscompany enviou a seguinte posição:

“Como é de conhecimento midiático e social o caso Braiscompany, quero salientar e reforçar mais uma vez a minha indignação com a postura que os líderes estão tendo para todos, não somente colaboradores e clientes, mas com pessoas que acreditaram ou ainda acreditam na empresa, o que é de direito de cada um aceitar ou ficar convencido em algo até que se prove contrário. Sempre fui um dentre os vários consultores que a empresa tinha, nunca existiu nenhum tipo de benefício ou privilégio para mim nesta função como afirmou esta matéria, sendo inverídica tal afirmação, responsabilidade jornalística de Cláudio Goldberg Rabin. Sendo que a empresa contém diversos colaboradores e cada um com suas responsabilidades e cargos. As fotos e divulgações  foram removidas por orientações jurídicas, segurança e por eu não fazer mais parte do quadro de funcionários da Braiscompany, enfatizo também que  como colaboradores  estamos a três meses sem receber salários o que nos da direito nesse momento de escolher e decidir o que é melhor para nós, e aqueles que ainda aceitarem ficar, é uma escolha individual de cada um. Interessante ressaltar também que a empresa por ordem judicial esta praticamente com suas atividades principais suspensas, sem contar o silêncio e a falta de suporte que nesse momento depois dos acontecimentos recentes estamos tendo. Assim como diversas pessoas sentem a dor e a tristeza movida pela decepção de ter acreditado em algo que por sua vez chegou ao fim de forma drástica e cruel com todos nós, eu também sinto essa mesma dor.  Os clientes que levei a empresa estão na mesma situação como eu e todos, pagamentos atrasados e sem respostas. A minha confiança como todos na empresa e nos responsáveis foi tão grande que toda a minha remuneração do meu primeiro ano como colaborador reverti em contrato como cliente, sem dizer que vendi minha casa para fechar contrato, o que levou também a minha família ter a mesma confiança e hoje estamos na mesma situação desagradável, vergonhosa e aterrorizante. O meu último contato com o CEO da Braiscompany Antônio Neto foi no início de janeiro em São Paulo quando fui acompanhar de perto e cobrar as estratégias que seriam tomadas para solução dos pagamentos atrasados, mas as narrativas sempre eram as mesmas, referente a bloqueios, travas e Binance, e as mesmas alegações que já vinha dizendo em Lives ao público.  Informo que estou tomando decisões jurídicas sobre o caso e medidas de proteção por tais acusações que colocam a minha integridade e de minha família em risco, e bem como já me coloquei a disposição das investigações para prestar esclarecimentos a qualquer hora quando solicitado.”

VOCÊ PODE GOSTAR
Imagem da matéria: Brasileiros negociam recorde de R$ 10 bilhões em contratos futuros de Bitcoin na B3

Brasileiros negociam recorde de R$ 10 bilhões em contratos futuros de Bitcoin na B3

A alta do dólar gerada pela eleição de Trump impulsionou os traders a negociarem 232 mil contratos de Bitccoin
martelo de juiz com logo da binance no fundo

Binance recupera R$ 430 milhões em disputa de dois anos com Capitual

O dinheiro foi resgatado em etapas após o STJ rejeitar um recurso da fintech no final de junho