O mercado de criptomoedas acelera as perdas após um feriado prolongado com baixo volume. Na sessão da Ásia, o Bitcoin (BTC) chegou a cair para o menor nível em um mês e é negociado em queda de 3,6% nas últimas 24 horas, a US$ 39.008, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) recua 4,5%, para US$ 2.910.
No Brasil, o Bitcoin perde 3,5%, cotado a R$ 184.832, mostra o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Sem fatores novos por enquanto, investidores continuam de olho na inflação global, impacto das sanções à Rússia e aperto monetário nos Estados Unidos. As bolsas americanas ficaram fechadas na Sexta-Feira Santa. Na quinta, o Nasdaq caiu mais de 2%, enquanto o S&P 500 encerrou em queda de 1,2%.
Para o Goldman Sachs, o Federal Reserve enfrenta a difícil tarefa de elevar os juros para frear os preços sem causar uma recessão na economia americana. O banco vê probabilidade de 35% de que o PIB dos EUA encolha nos próximos dois anos, segundo relatório.
Próximo nível
Curiosamente, os volumes de negociação no mercado cripto caíram à medida que as taxas de juros começaram a aumentar, e agora especialistas tentam decifrar como o aperto monetário vai impactar os ativos digitais.
Padrões técnicos sugerem que, apesar da recente queda do Bitcoin, a maior criptomoeda ainda não está perto de uma “leitura sobrevendida”, escreveu o analista John Roque, da 22V Research, em nota à Bloomberg. “Ainda acreditamos que possa chegar ao nível de US$ 30.000.”
Joe DiPasquale, CEO da gestora de fundos BitBull, está pessimista em relação ao desempenho das criptomoedas nesta semana, destacando que o cenário macro ainda não favorece o Bitcoin, que poderia cair para cerca de US$ 37.000, disse ao CoinDesk. “Para qualquer movimento de alta, o BTC precisará se consolidar por volta de US$ 42 mil na próxima semana – um cenário improvável na ausência de grandes notícias ou catalisadores.”
De fato, no terreno geopolítico a perspectiva não é animadora. Nesta segunda-feira, a Rússia lançou mísseis contra a cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, em ataque que teria matado pelo seis pessoas, disseram autoridades ao New York Times.
Twitter na mira
Dogecoin, token que costuma seguir os passos de Elon Musk, perde 6,2%. Depois de fazer uma oferta não solicitada pelo Twitter, o CEO da Tesla criticou neste fim de semana o conselho da plataforma, que busca se defender contra a aquisição. Jack Dorsey, fundador do Twitter, fez coro às críticas e disse que o conselho é “consistentemente o problema da empresa”, segundo a Forbes.
As principais altcoins também operam no negativo nesta segunda-feira (18) como Binance Coin (-3,2%), XRP (-5,6%), Solana (-5,4%), Cardano (-6,6%), Terra (-3,8%), Avalanche (-6%), Polkadot (-7%) e Shiba Inu (6,8%), segundo dados do CoinGecko.
Outros destaques
A registradora Central de Recebíveis (Cerc) planeja pedir à CVM ainda neste mês autorização para atuar como câmara de liquidação e depositária de ativos, conforme o Valor. A Cerc está em negociação com investidores para captar entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões. No ano passado, a 2TM, holding que controla o Mercado Bitcoin, liderou um aporte de R$ 90 milhões na companhia.
Os sócios Ralph Sapoznik e Flávio Hernandez montaram a Cripto Hub BR para servir como uma espécie de fórum de discussão e de trocas de experiências de executivos do mundo das criptomoedas, segundo o Valor. O plano é que, no futuro, haja rodadas de entradas de novas empresas nas quais companhias mais antigas terão prioridade para investir.
Jordan Belfort, executivo interpretado por Leonardo Di Caprio em “O Lobo de Wall Street”, agora investe em startups de NFT e debate blockchain, mas ainda cai em golpes envolvendo criptomoedas, destaca reportagem do New York Times.
Leia Também
Um grupo de entusiastas de Monero, aparentemente fartos de exchanges centralizadas, planeja uma “corrida bancária” nas redes sociais para retiradas dos tokens XMR nesta segunda-feira (18).
A 2TM negocia a criação de uma gestora de recursos focada em criptoativos usando métodos quantitativos, disseram pessoas a par do assunto à Bloomberg. A gestora seria criada em parceria com a Giant Steps, maior gestora quantitativa da América Latina.
Dono de 60% dos unicórnios e com US$ 8 bilhões em investimentos na América Latina, o SoftBank vai aumentar o volume de recursos, mudar a estrutura e o comando do fundo destinado à região. Segundo o Estadão, o brasileiro Alex Szapiro e o mexicano Juan Franck tornam-se sócios-gestores da operação.
Chris Dixon é apontado pela Forbes como o maior investidor de venture capital de 2022. Recém-chegado à Andreessen Horowitz em 2013, Dixon tinha carta branca para explorar o inusitado: realidade virtual, impressão 3D e drones. Mas foi uma aposta inicial na exchange de criptomoedas Coinbase que definiu sua carreira.
Desde outubro de 2021, quase 20 milhões de compensações de carbono – itens usados por empresas para compensar emissões que causam o efeito estufa – foram transformadas em tokens digitais. Mas especialistas questionam o impacto da tokenização de créditos de carbono para limitar o aquecimento global, conforme o Financial Times.
Regulação e CBDCs
Alemanha desbancou a cidade-estado Singapura e se tornou o país mais amigável para o mercado de criptomoedas, segundo a mais nova edição do relatório Coincub Global Crypto Ranking publicada na semana passada. No estudo, referente ao primeiro trimestre de 2022, o Brasil aparece apenas no 42º lugar, após ocupar a 11ª posição no último trimestre de 2021. A razão para o rebaixamento foi atribuída a uma fake news que se disseminou ano passado: de que o Brasil teria cogitado tornar o Bitcoin moeda de curso legal.
CEOs de empresas cripto presentes à Paris Blockchain Week disseram à CNBC que reguladores começam a adotar uma abordagem mais positiva em relação às criptomoedas, mas, na opinião de Arthur Breitman, cofundador do protocolo de blockchain Tezos, “naturalmente terão um viés conservador” sobre o setor.
Há um ano no comando da SEC dos EUA, Gary Gensler tem incomodado investidores de varejo e entusiastas das criptpmoedas ao criticar a “gamificação” das negociações e a proliferação de tokens não registrados. Em entrevista ao New York Times, Gensler disse que não considera as criptomoedas tão “inovadoras” e que muitas das regras existentes são suficientes para regular o setor.
Segurança
Beanstalk Farms, um protocolo de stablecoin baseado em Ethereum, sofreu um rombo de US$ 182 milhões no domingo (17), de acordo com o CoinDesk. A invasão foi alertada no Twitter pela empresa de segurança de blockchain PeckShield, segundo a qual o invasor levou pelo menos US$ 80 milhões em criptomoedas, embora as perdas do protocolo tenham sido muito maiores.
Um empresário brasileiro entrou sem saber para o mercado de criptomoedas e descobriu isso da pior forma possível: teve uma conta aberta por estelionatários que usaram seus dados na Binance quando tentava comprar um carro. Desde outubro de 2021, o empresário tenta resolver o problema com advogados da corretora e recuperar os R$ 230 mil perdidos, conforme o Portal do Bitcoin.
A carteira de Ethereum apontada pelo governo americano como parte das operações do grupo hacker norte-coreano Lazarus segue ativa. Reportagem do CoinDesk mostra que, apesar de sanções dos EUA, o mesmo endereço que invadiu o jogo Axie Infinity continua enviando ETH para contas que “lavam” os valores roubados via Tornado Cash.
Autoridades da Rússia prenderam na sexta-feira (15) Dmitry Pavlov, suspeito de fundar o Hydra, o maior mercado de produtos ilícitos na Internet. A informação foi publicada por diversos veículos da imprensa russa e pelo portal de notícias do CoinMarketCap, citando informações do governo local.
Metaverso, Games e NFTs
Grandes empresas e escritórios de diversos segmentos começam a ensaiar o uso do chamado metaverso. Como ainda não existe legislação específica para regular essa nova tecnologia, advogados trabalhistas, especialistas em marcas e patentes e da área tributária têm antecipado prováveis “riscos” para que medidas preventivas evitem processos, conforme o Valor.
Fan tokens começaram a ser negociados nas principais exchanges de criptomoedas há cerca de três anos, prometendo uma alternativa de financiamento aos clubes e maior poder de decisão aos torcedores, mas muitos se dizem decepcionados com a desvalorização dos preços, segundo reportagem da Bloomberg.