99% dos day traders têm prejuízo no Brasil, mostra novo estudo da FGV

Segundo estudo, dos mais de 98 mil day-traders apenas 76 tiveram média de lucro acima de R$ 300 por dia.
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Imagem ilustrativa (Foto: Shutterstock)

O famoso estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o fracasso dos day traders brasileiros foi atualizado com novos dados de investidores que operaram com ações entre 2013 e 2018. Os resultados pioraram: mais de 99% dos day traders no Brasil têm prejuízo. 

Na nova versão, os professores da Escola de Economia de São Paulo da FGV, Fernando Chague e Bruno Giovannetti, ampliaram o tamanho da amostra: de um total de 98.378 indivíduos, 97.824 pessoas desistiram de atuar como day traders antes, ou seja, 99,43%.

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No artigo original publicado em março de 2019, chamado “É possível viver de Day Trading?”, os números dos ‘vitoriosos’ na negociação de ações era maior: de 91%. O número de pessoas pesquisadas, porém, era menor: 19.696 pessoas entre 2013 e 2015.

A atualização do estudo foi divulgada no Twitter por Chague, o qual afirmou no post que decidiu acrescentar ao estudo investidores que operavam como day trader também entre os anos de 2016 e 2018, os quais não constavam na versão anterior do artigo.

Chague escreveu o resumo do resultado da sua pesquisa quantitativa, que não é nada animadora aqueles que pretendem ingressar nesse mercado de risco:

“De um total de 98.378 indivíduos, apenas 554 persistiram por mais de 300 pregões”.

Day traders em prejuízo

Essa desistência tem um motivo específico: prejuízo. De acordo com o estudo, desses 554 day-traders que persistiram apenas 76 tiveram média de lucro acima de R$ 300 por dia.

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“A média do ‘lucro bruto diário médio’ entre os 554 indivíduos é 49 reais negativos e a mediana 62 reais negativos. Além disso, apenas 127 indivíduos apresentaram ‘lucro bruto diário médio’ acima de 100 reais. Acima de 300 reais diários, temos apenas 76 indivíduos”.

O estudo, entretanto, explica que para chegar a esse resultado sobre a performance dos 554 day-traders foi calculado primeiramente o “lucro bruto diário” de um indivíduo.

Com isso, os autores apontaram que foi descontado 0,025% do volume total das operações de day-trade, “a título de custos de emolumentos e taxa de liquidação”.

Os economistas também descontaram R$ 50 fixos por dia a título de custos como possíveis gastos com corretagem, plataformas de trading, cursos, livros, computadores e internet.  A única coisa que entrou nesse cálculo de descontos foram os possíveis gastos com imposto de renda. 

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Traders na resistência

Mesmo considerando as 127 pessoas que conseguiram alguma coisa como day-trader, esse número representa um percentual muito baixo se for considerado os mais de 98 mil que se aventuraram. Os sobreviventes do mercado que ganharam alguma coisa não chegam a 0,15%.

Segundo o estudo, desses 127 day-traders que sobreviveram as intempéries do mercado, o menor lucro diário médio foi de R$ 103, com o desvio-padrão de R$ 747 num excelente dia de negociações.

Dentre as pessoas do seleto grupo dos 76 day-traders, alguns tiveram a média diária de R$ 370 em ganhos, sendo que o maior ganho dessa pessoa num só dia foi de R$ 2.286. Já a exceção a regra foi daqueles que obtiveram média diária de lucro de R$ 4.032. Nesse caso, o desvio-padrão “do lucro bruto diário desse indivíduo foi de R$ 33.888”. 

Segundo os economistas, “mesmo considerando apenas os 127 indivíduos ‘ganhadores’, vemos uma média de ganho baixa frente ao risco”.

Experiência inútil

O fato é que pela conclusão do estudo a coisa não parece ter mudado muito se comparado com a versão anterior do artigo

Antes dessa atualização o estudo mostrava que “19.696 pessoas começaram a fazer day-trade em mini índice entre 2013 e 2015; dessas, 18.138 (92,1%) desistiram”.

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Assim como a antiga versão do artigo, o estudo reforça mais uma vez que o tempo de atuação como day trader não traz aprendizado eficaz para o sucesso do operador.

“É possível que haja um período de aprendizado que deva ser descontado ao calcularmos essas estatísticas. No entanto, tal cuidado não altera a conclusão; ou seja, não parece haver aprendizado.”

Em entrevista ao Portal do Bitcoin em fevereiro, o economista e co-autor do estudo Bruno Giovannetti afirmou que a vida de day-trader é como uma roleta de cassino  e alertou: “Não adianta repetir. A gente viu que o tempo vai passando e ele (o trader) não vai melhorando”.