Imagem da matéria: Por R$ 55 mil, especialista frauda volume de criptomoedas para listá-las no CoinMarketCap
(Foto: Shutterstock)

“Para os profissionais que lutam para legitimar o mercado de criptomoedas, a manipulação é abominável, mas para o jovem de 20 anos, Alexey Andryunin, é ‘ganhar a vida’”.

É com esse texto que a Coindesk abre uma reportagem sobre a manipulação no criptomercado. O artigo conta a audácia de um jovem que manipula o volume de criptomoedas até que elas sejam listadas em exchanges e grandes plataformas, como o CoinMarketCap.

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Andryunin é estudante do segundo ano na Moscow State University, uma das universidades mais antigas e renomadas da Rússia.

Ele é cofundador da Gotbit, uma empresa que oferece ‘serviços de manipulação de mercado’, o que não é nada ético na criptoeconomia — no mercado tradicional então é cadeia na certa.

Segundo a reportagem, a empresa de Andryunin cobra U$ 15 mil (cerca de R$ 55 mil) para realizar o serviço. Sempre realizado por duas pessoas, eles programam bots que negociam uma criptomoeda de um lado para outro até que ela tenha volume adequado (cerca de US$ 100 mil por dia).

Ao ser listada em uma plataforma como a da CoinMarketCap, por exemplo, a criptomoeda começa então a ganhar sua notoriedade.

Isso passa a chamar a atenção das exchanges e o objetivo do contratante está concluído.

Questionado pela reportagem sobre sua atividade, o estudante respondeu: “O negócio não é totalmente ético”.

O artigo reforça: “O negócio também não é totalmente desconhecido, em um mercado global notório por sua falta de transparência”.

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Para ficar mais clara a afirmação, o texto lembra da Bitwise Asset Management, uma das várias empresas que buscam aprovação regulatória para lançar um ETF (fundos de índices comercializados como ações).

Em março deste ano, a empresa estimou que 95% dos volumes de negociação de bitcoin eram falsificados.

Wash trading e criptomoedas

É raro ouvir manipuladores discutirem abertamente sua atividade, por razões óbvias, diz o texto.

Bobby Ong, CEO do CoinGecko, disse que há outras empresas como a Gotbit e que não difícil encontrar clientes para elas. Sua opinião é de que a atividade é ilegal.

“Essas empresas dizem que não podem fazer marketing oferecendo serviço de manipulação de volume de um token em troca de uma taxa. A prática também é conhecida ‘wash trading’ e é ilegal”, comentou.

A fraude na prática

A reportagem se encontrou com Andryunin em Moscou. Ele mostrou na prática como faz o ‘trabalho’, a insistência, até conseguirem o objetivo — “a matemática aplicada dificilmente foi apreendida na escola”, diz a reportagem.

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Seu parceiro codifica bots enquanto ele oferece o serviço a projetos de criptomoedas, mais precisamente os de Ofertas Iniciais de Moedas (ICOs). O pacote é chamado de ‘Gotbit’s market-making’.

Ele cobra US$ 8 mil para levar uma criptomoeda a uma pequena exchange e mais US$ 6 mil por um serviço com um algoritmo que imita atividades normais de mercado.

Se o cliente tem como objetivo o CoinMarketCap, o valor é de US$ 15 mil. Contudo, um token não é listado numa plataforma como ela assim, logo de cara.

Para chegar lá, o criptoativo tem que ter sido listado em pelo menos duas plataformas menores. E estas geralmente cobram cerca de US$ 20 mil em bitcoin para listar uma criptomoeda, segundo Andryunin.

Ele citou as chinesas Hotbit e BitForex como exemplo.

“Nem mesmo eles sabem explicar direito como fazem, mas o negócio acontece”, diz o artigo. Andryunin afirma que seus clientes se encontram entre as posições 300 e 500 no CoinMarketCap.

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(Gotbit executando o serviço. O volume de um token cai para zero depois que o bot é desligado. Imagem: Reprodução/Coindesk)

CoinMarketCap se defende

Com esta informação em mãos, a Coindesk entrou em contato com as duas exchanges mas não obteve retorno.

Procurou, então, a CoinMarketCap, que por meio de sua chefe de marketing, Carylyne Chan, se defendeu.

À Coindesk ela disse que para um token ser listado na plataforma ele deve passar por uma série de critérios.

Isto inclui o uso de tecnologia blockchain, um site ativo, ter sido listado em pelo menos duas exchanges (listadas na plataforma), e fornecer uma linha direta de comunicação com um representante do projeto.

Quando questionada se é possível enganar o sistema inflando um volume, Chan disse:

“Nossa postura é listar o maior número possível de criptoativos, cobrindo todo o criptomercado. Não somos uma empresa que censura informações”.

Ela acrescentou dizendo que o CoinMarketCap também sinaliza projetos com atividades suspeitas em seu site com base em circulares regulatórias ou informações enviadas pelos usuários.

Regulamentação quebra o negócio

Andryunin acredita que quando toda a criptoeconomia tiver sido regulamentada será difícil vender seus serviços. Isto porque certamente o Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (FATF) vai exigir identificação das exchanges, como acontece com os bancos tradicionais.

“Eu acho que o FATF vai acabar com isso. As exchanges  de criptomoedas serão regulamentadas como a Nasdaq. E quem inflar volume será banido”, disse.

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Ele acrescentou:

“Não sou bom em questões jurídicas, mas acho que fazer na Nasdaq o que estamos fazendo aqui seria um crime financeiro. E as exchanges terão que se monitorar para não entrarem em uma lista negra”.

O jovem ‘empreendedor’ diz que já está preparado para mudanças.

Com receio de que logo chegue uma regulamentação, ele já se prepara em uma nova atividade, nas Ofertas Iniciais de Exchange (IEOs).

Esta funciona parecida com uma ICO e que envolve três partes logo de cara: desenvolvedores, investidores e uma exchange.


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