20 diferenças da alta do bitcoin de 2017 para a de 2020

Perto dos R$ 100 mil no Brasil, valorização nas últimas semanas é constante e silenciosa
Imagem da matéria: 20 diferenças da alta do bitcoin de 2017 para a de 2020

Foto: Shutterstock

Após 11 semanas ininterruptas de alta, o bitcoin bateu US$ 18 mil pela segunda vez na história e vem se aproximando, no Brasil, dos R$ 100 mil. Contudo, ao contrário do período da segunda metade de 2017, há pouca cobertura na grande imprensa, os faraós seguem nas tumbas e o olhares seguem voltados para a bolsa de valores.

A disparada de 2020, como se pode acompanhar, está bem diferente. Para entender as principais diferenças entre os dois cenários, o Portal do Bitcoinconsultou 10 atores do mercado brasileiro (veja abaixo) e compilou as respostas.

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1. Mudança de público

O bull run de 2017 foi acompanhado de um aumento gigantesco no número de buscas pelos termos “bitcoin” e “blockchain”. Em dezembro daquele ano, segundo o Google Trends, a popularidade das duas palavras atingiu o maior pico de popularidade já registrada.

Buscas por bitcoin no Google não dispararam (Imagem: Google Trends)

Isso indica que a alta de 2017 foi liderada por investidores novatos querendo aproveitar a subida meteórica da criptomoeda. Neste ano, no entanto, não há aumento significativo no volume de buscas. Os compradores estão mais maduros e têm menos “ganância” e “afobação”.

2. Pressão regulatória

Em 2020, vários países começaram a discutir a regulamentação das criptomoedas. Há conversas sobre o assunto nos Estados Unidos, em países da Europa e até no Brasil. Esse cenário, bem diferente daquele visto em 2017, fortalece o mercado, promove segurança jurídica e atrai investidores institucionais. Além disso, serve também como ponte para que o dinheiro do mercado financeiro tradicional migre para o setor de criptomoedas.

3. Dinheiro institucional

A infraestrutura do Bitcoin hoje atende os clientes institucionais, diferente do cenário de 2017. Atualmente, por exemplo, há importantes custodiantes regulados, a exemplo da Fidelity Digital Assets e da Coinbase Custody.

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Além disso, segundo os entrevistados, órgãos reguladores como o OCC (Office of the Comptroller of the Currency), dos Estados Unidos, estão autorizando bancos a serem custodiantes de ativos digitais.

4. Chegada do Paypal

Já a gigante de pagamentos PayPal passou a permitir que seus clientes negociem Bitcoin dentro da plataforma. A mudança vale só para o Estados Unidos, mas refletiu no mundo todo.

5. Fator Michael Saylor

Além da empresa de pagamentos, outras companhias também abraçaram a moeda de Satoshi Nakamoto. O CEO da Microstrategy, Michael Saylor, por exemplo, disse no mês passado que Bitcoin é um milhão de vezes melhor que ouro.

6. Bilionários vão a público

Assim como grandes empresas, investidores de peso também passaram a fazer pequenos aportes em BTC, algo que não ocorreu em 2017. Alguns deles são Paul Tudor Jones, Bill Miller e Stanley Druckenmiller. O motivo para a atração dessas estrelas do mercado financeiro, segundo especialistas, é porque as teses que dizem que o BTC é descorrelacionado e serve como reserva de valor ganharam força.

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7. Impressão de dinheiro

E essas ideias estão em alta, de acordo com as fontes consultadas, por causa do cenário macroeconômico inusitado visto no mundo, em que bancos centrais imprimem suas moedas de forma ilimitada para tentar conter o impacto econômico da pandemia do novo coronavírus.

8. Profissionalização do mercado

No bull run de 2017, o mercado de criptomoedas ainda estava imaturo. Hoje, no entanto, o setor está mais profissional. Há uma vasta gama de produtos, tanto de investimento quanto de custódia, voltadas para os investidores de caráter mais institucional ou puramente tradicional. As corretoras presentes no mercado estão mais seguradas e menos suscetíveis a ataques de hackers.

9. Mais retiradas das exchanges

Um analista do mercado de criptomoedas disse no Twitter que grandes altas no preço do Bitcoin, como a que ocorreu em 2017, coincidem com aumento no volume de depósitos de ativos digitais nas maiores exchanges.

Em 2020, no entanto, a situação é justamente o inverso e as pessoas estão retirando as criptomoedas das corretoras. Motivo? Geralmente quando os investidores deixam moedas digitais nas corretoras é porque planejam vendê-las. Se estão mantendo as criptos em suas wallets próprias, pode ser que queiram mantê-las, o que é positivo para o mercado.

10. Maior arcabouço regulatório no Brasil

O rally do bitcoin de 2020 também “navega” em um Brasil com um arcabouço regulatório um pouco maior, bem diferente daquele de 2017. No país, por exemplo, há uma maior fiscalização de exchanges desde a publicação da Instrução Normativa nº 1888 da Receita Federal.

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11. Fundos regulados pela CVM

Outro acontecimento recente que deixa o cenário de hoje mais juridicamente maduro, de acordo com os especialistas, é que CVM (Comissão de Valores Mobiliários) permitiu que fundos para investidores qualificados invistam 100% do capital em criptoativos, algo que não era possível em 2017.

12. Alta do dólar

Na alta anterior de 2017, o dólar no Brasil estava em torno de R$ 3,30. Por causa do Covid-19, da instabilidade política e da situação econômica do país, em 2020 a moeda passou a ser negociada acima de R$ 5. Nas últimas semanas, a moeda americana tem variado entre R$ 5,30 e R$ 5,70. Assim, o bitcoin também deu um salto de R$ 25 mil para R$ 95 mil.

13. Medo na Bolsa

Bolsa de Valores do Brasil, assim como as bolsas mundiais, chegaram a um pico insustentável, de acordo com especialistas, o que vem causando insegurança nos investidores tradicionais.

14. Atenção da mídia

Em 2020, a imprensa brasileira passou a fazer uma cobertura regular sobre criptomoedas, em especial o Valor Investe e a Exame. Porém, desta vez a forte valorização não chegou à TV aberta. Em 2017, o foco das reportagens eram os recordes de preço e a preocupação com pirâmides financeiras e bolhas.

15. Atualização de satélites Blockstream

O bull de 2020 ocorre no ano em que os satélites da Blockstream, que permitem o acesso à rede do Bitcoin de qualquer lugar do mundo e sem precisar de uma conexão com a internet, passaram por uma atualização. Com isso, a taxa de dados aumentou em 25 vezes. Vale lembrar que, desde 2017, já se falava que essa tecnologia iria aumentar a adoção de Bitcoin.

16. Aumento da eficiência dos blocos

Hoje, os blocos estão mais eficientes e a Blockchain registra 600 mil pagamentos por dia, ante 400 mil em 2017. O aumento da eficiência foi graças ao agrupamento das transações das corretoras com o aumento da eficiência no uso de blocos e ao aumento do uso do SegWit (70% hoje contra 15% na época). O SegWit é uma atualização que corrige problemas no software do Bitcoin.

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17. Volume no Brasil

Na febre de 2017, eram tantas negociações nas corretoras brasileiras que algumas chegaram a cair. Na primeira quinzena de novembro daquele ano foram negociados 20 mil bitcoins (R$ 488 milhões, considerando os valores da época) contra 4 mil (R$ 342 milhões) no mesmo período deste ano.

18. Recorde no valor de mercado

Em dezembro de 2017, o valor de mercado do bitcoin atingiu o marco de US$ 330 bilhões. Esse recorde foi quebrado neste ano, quando chegou a US$ 335 bilhões — lembrando atualmente que há mais bitcoins em circulação.

19. Rede mais forte

Nesse período, o poder da rede seguiu aumentando independentemente das variações de preço. Há três anos, o hashrate era de 10 exahash por segundo em dezembro. Hoje saltou para 120 exahash por segundo.

20. Adeus, pirâmides

No espaço de três anos, muitos golpes ocorreram no mercado brasileiro de criptomoedas provocando prejuízos a milhares de pessoas. Esquemas ponzi e pirâmides de financeiras que usavam bitcoin operavam por todo país. Em 2019, todos desabaram. Em 2020, os esquemas se tornaram bem menores com focos regionais ou disfarçados de empresas de investimentos de boutique.

Fontes consultadas: FoxBit; Mercado Bitcoin; Binance; Transfero Swiss Ag; Axel Blikstad, sócio da BLP Gestora; Ricardo Da Ros, country manager da Ripio; Daniel Coquieri, CCO da BitcoinTrade; Safiri Felix, diretor-executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto); programador Narcélio Filho; analista Typerbole; e João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex.