Ben Armstrong, o youtuber do canal BitBoy Crypto, com mais de 1,4 milhão de inscritos, vai abrir uma ação coletiva contra a Celsius, a empresa de empréstimos de criptomoedas que impede todos os clientes de realizar saques desde domingo (12).
Armstrong afirma ter mais de US$ 1 milhão em criptoativos custodiados na empresa e, da mesma forma que outros milhares de investidores, não conseguiu realizar o saque a tempo. O temor agora é que a Celsius não consiga estabilizar sua liquidez e devolver o dinheiro dos clientes.
Em uma thread feita no Twitter na quarta-feira (15), o youtuber explicou os desdobramentos da ação coletiva a seus mais de 850 mil seguidores.
“Falei com advogados que me auxiliaram no passado. Estamos analisando todas as divulgações, documentos, detalhes de empréstimos, e nos conectando com advogados de ações coletivas A+ para encontrar o melhor caminho a seguir”.
O derretimento de Celsius é um dos fatores que mais contribuíram para a queda do mercado de criptomoedas nesta semana. Nesta quinta-feira (16), o token nativo CEL segue em plena queda. Durante a tarde, o ativo chegou a registrar perdas na casa dos 20%, antes de esboçar uma recuperação.
O caos gerado pelo projeto está levando autoridades a investigar a companhia. Segundo uma reportagem da agência de notícias Reuters, as autoridades que regulam investimentos em pelo menos cinco estados dos EUA – Alabama, Kentucky, Nova Jersey, Texas e Washington – estão analisando o bloqueio de valores atrás de suspeitas de irregularidades.
Enquanto as instituições governamentais não tomam uma iniciativ mais concreta, a linha principal de Armstrong é que a Celsius não tem dinheiro para pagar todos os investidores que deve. Ele lembra, por exemplo, que o escritório de advocacia contratado no início de semana pela Celsius é especializado em preparar o terreno legal para empresas em falência, um sinal vermelho para Armstrong:
“A falência é uma opção nuclear para Celsius porque isso interromperia qualquer ação coletiva contra a plataforma imediatamente, pois qualquer pessoa que detivesse criptomoedas seria considerada um ‘credor sem garantia’, o que significa que você é movido para o fundo da linha, onde não resta dinheiro”.
Para o investidor, todo tempo conta para conseguir resolver esse problema e que uma ação coletiva é o “melhor e mais fácil caminho” a se seguir no momento. Mesmo que a Celsius declare falência, ele diz que ainda há possíveis soluções alternativas para enfrentá-la em um tribunal.
Investidores querem entrar na ação coletiva
Na sua série de mensagens de quarta-feira, Ben Armstrong explicou que a ação coletiva ainda estava em fase preliminar e que ainda não estavam adicionando mais vítimas. “Honestamente, pode demorar algumas semanas, porque temos que ter certeza de que escolhemos o melhor caminho a seguir”, revelou.
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De qualquer forma, o número de investidores querendo fazer parte do processo está crescendo. Na manhã desta quinta-feira (16), Armstrong disse que a ação coletiva deixou de ser uma ameaça nesse ponto, é só uma questão de “de amarrar o arco e se mover” para a ideia sair do papel. “Centenas de pessoas já pediram para participar e outros advogados também estão se movendo”, contou.
O investidor também recomendou que os clientes americanos da Celsius que tiverem menos de US$ 25 mil em ativos presos na plataforma, levem o caso ao tribunal de pequenas causas para tentar uma solução antes que um possível pedido de falência seja aberto pela empresa.
O medo dos investidores cresce à medida que a Celsius não fornece qualquer estimativa de quando, e se, os saques serão liberados. O CEO da empresa, Alex Mashinsky, só se pronunciou sobre o caso na quarta-feira, mas se limitou a dizer que a equipe da Celsius está trabalhando “sem parar” no problema e pediu paciência aos clientes.
Censura da Celsius
Na quarta-feira, o youtuber Ben Armstrong também expôs no Twitter a sua saga pessoal de tentar resolver o problema diretamente com a equipe da Celsius.
Ele afirma que a empresa lhe disse ser preciso enviar mais dinheiro para a plataforma para pagar um empréstimo. Segundo ele, há fundos suficientes na sua conta para custear o empréstimo, mas que ele está sendo impedido de acessar seu balanço.
“Imagine uma empresa insolvente na qual você não pode sacar seu dinheiro PEDINDO QUE VOCÊ ENVIE MAIS DINHEIRO”, escreveu o usuário que afirma que a Celsius “desafia a lógica”.
Por não poder usar o seu dinheiro dentro da Celsius para pagar o empréstimo, ele concluiu que a empresa está “totalmente insolvente”. “O dinheiro que aparece em nossa conta não está realmente lá. Essa é a única razão pela qual não podemos usá-lo. E esses idiotas têm a audácia de pensar que vamos mandar mais?”, atacou.
Nesta quinta, ele compartilhou no Twitter um print de um e-mail que recebeu da Celsius pedindo que ele excluísse seus tuítes em que expõe suas discussões com a empresa e exibe o nome do funcionário responsável pela mediação. “Lá vêm eles tentando me silenciar. Eu não vou deletar tweets”, reafirmou.