Uma corretora de bitcoin que tinha seus custos pagos pelo dinheiro do bolso dos próprios sócios. Assim era a OmniTrade, uma das exchanges em operação no Brasil que encerrou as atividades neste ano. O caso foi descrito pelo youtuber e criador da empresa Fábio Akita
“Era um custo de mais de meio milhão de reais por ano”, disse Akita. O comentário do empresário está em um vídeo publicado em seu canal de YouTube, na última quarta-feira (15).
Na publicação, o youtuber e empresário aponta a crise causada pelo novo coronavírus como o real motivo do encerramento da OmniTrade no início do mês e conta como ela foi criada e o por quê.
Do bolso à corretora
De acordo com o relato de Akita, os custos operacionais da exchange chegavam perto de R$ 50 mil por mês. Isso mesmo com a economia de deslocar para a plataforma parte dos programadores da sua empresa de softwares, a CodeMiner 42.
Outra economia foi não pagar um serviço de custódia para os bitcoins, já que ele confiava muito no sistema que criou. Também não gastava com market makers.
Mesmo assim, segundo o youtuber, os R$ 50 mil eram bancados por ele e pelo sócio.
Para Akita, ou encerrava ou deixava a OmniTrade maior. No entanto, para isso, eles teriam que gastar ordens de grandeza em marketing. Só que com a atual crise, disse, em 2020 não teria como fazer isso, nem mesmo em 2021.
“Os efeitos dessa crise já estão se tornando permanentes; essa vai ser a nova realidade”, afirmou.
Assim, para não colocar em risco sua empresa principal e nem demitir seus programadores, a CodeMiner cortou todos os custos não essenciais, incluindo a OmniTrade:
“O que já foi investido chama custo perdido; e o que vamos deixar de gastar agora chama ‘fazer caixa’, que é a prioridade número um de todo empresário no mundo, quando não se tem uma data para acabar a crise”.
Corretora nasceu de críticas ao bitcoin
Fábio Akita contou que minerou algumas moedas de bitcoin logo no começo da rede. Mas como valia pouco, ele não se preocupou em guardar a carteira e a perdeu.
Ele só voltou a ter contato com o mercado de criptomoedas em 2017, quando o bitcoin estava no auge, chegando a valer US$ 20 mil.
Na ocasião, disse, ele se esbarrou em comentários negativos de “programadores hipsters e influencers de redes sociais, fazendo questão de serem religiosamente contra a criptomoeda”. Segundo o youtuber, sem apresentar nenhuma lógica.
“A tecnologia em si é razoavelmente simples. Você consegue ler o lendário ‘paper’ original do Satoshi Nakamoto em 1 hora e entender”, comentou.
Ele também fez críticas a tópicos que acabam entrando em evidência, mas que não condizem realmente com a verdade. Como exemplo, ele citou os assuntos sobre o uso abusivo de eletricidade na mineração.
“Não era difícil enxergar além do hype e das fake news. A base de tecnologia é sólida. Uma evidência disso é que ela está publicamente exposta faz 10 anos e nenhum hacker conseguiu quebrar ainda”, disse.
A corretora do youtuber
À princípio, Akita queria só “brincar na volatilidade”, mas toda vez que ele depositava seu dinheiro em alguma corretora ele ficava muito ansioso.
“Não por conta se o bitcoin ia crescer, mas se a corretora no dia seguinte ainda iria existir”. Ele ficou nessa vida entre abril e dezembro de 2017.
Um tempo depois, seu sócio na empresa de softwares perguntou se ele poderia criar uma exchange, pois a pessoa que a programava estava demorando muito. Foi quando Akita pegou um plataforma open source e passou a trabalhar no código.
Logo, uma equipe da empresa foi mobilizada para ajudar o youtuber no projeto, que mais tarde daria vida à OmniTrade.
Desafio para a corretora
Segundo o empresário, aquela época não estava boa para o setor. Acontecia o ‘crash’ do bitcoin e o mercado estava infestado de piramideiros.
Em janeiro de 2018 a plataforma ficou sob análise de um auditor de segurança — que não encontrou nenhuma vulnerabilidade. No mês seguinte a OmniTrade foi lançada. “Sem muito barulho”, disse Akita.
Ele e o sócio colocaram seus bitcoins na plataforma para dar início às operações. A intenção era chamar os clientes aos poucos, sem gastar com marketing.
“Agora eu tinha onde depositar minhas próprias criptomoedas e dormir tranquilo”, disse.
Contudo, o mais importante para o empresário era manter a corretora solvente, tanto que no encerramento das operações, segundo ele, todos que pediram o saque receberam seus fundos.
Papel-moeda
Akita, que se julga um pragmático-realista, disse que gostaria de ver um mundo utopicamente melhor.
Ele criticou as medidas econômicas adotadas recentemente pelos bancos centrais dos Estados Unidos e Japão no que se refere à impressão de dinheiro.
Por fim, o empresário deixou claro que não confia em nenhum papel-moeda — “muito menos do Brasil” — embora tenha que viver com isso.
Veja o vídeo abaixo:
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