Uma mensagem mostrando um QR Code aparecia seguidamente nas centenas de telas espalhadas pela Expert XP 2022, feira da firma de investimentos XP que ocorreu em São Paulo entre quarta (3) e quinta-feira (4). Quem escaneou o código foi levado para a Xtage, plataforma de criptomoedas da companhia. Após realizarem uma transação, os usuários passaram a concorrer a um prêmio de R$ 10 mil em cashback.
A premiação é uma amostra de como a XP Investimentos aproveitou o seu evento presencial para tentar catapultar sua segunda tentativa de entrada no mercado cripto. Em 2018 a empresa lançou a plataforma Xdex, que acabou sendo retirada em 2020 por falta de procura.
Agora, a aposta é usar e abusar de uma das mais consolidadas marcas do mercado financeiro brasileiro. O Xtage é uma aba dentro do aplicativo já existente no celular de 3,6 milhões de clientes, diz Lucas Rabechini, Diretor de Produtos Financeiros da XP Inc, em entrevista ao Portal do Bitcoin.
“O Xtage nasce com a possibilidade de transação de 3,6 milhões de clientes”, ressalta Rabechini. “A gente acredita que vai trazer a melhor ferramenta em termos de experiência, escalabilidade, latência e tecnologia e essa é nossa estratégia”, detalha o executivo.
Rabechini conversou com a reportagem logo após fazer uma breve apresentação no palco principal do evento, onde Ronaldo Fenômeno havia falado no dia anterior e Serena Williams falaria logo em seguida.
O diretor afirma que o Xtage estará disponível para um milhão de clientes até o começo de setembro e que terá dez criptomoedas listadas até o final do ano. Desde o final de julho, o serviço já está disponível para funcionários e alguns poucos clientes.
“Fizemos uma pesquisa na nossa base de clientes e perguntamos se a pessoa tinha ou não criptoativos sob custódia. Nós nos supreendemos, porque dos respondentes dessa pesquisa, mais ou menos metade disse que tinha criptomoedas. E dessa metade, 88% disseram que gostariam de ter na XP. Isso fortaleceu nossa hipótese””, conta Rabechini.
O projeto utiliza uma tecnologia contratada junto à Nasdaq, a bolsa de valores de empresas de tecnologia. Rabechini explica que a XP irá utilizar o sistema de gerenciamento de riscos, de ordens e compliance da empresa dos Estados Unidos.
O executivo conta que são 40 pessoas trabalhando no projeto de criptomoedas da XP e que o objetivo é ir além de compra e venda de tokens. Porém, ele diz que qualquer passo será dado com foco em segurança. “Queremos dar um passo muito seguro, visando a necessidade dos clientes. Então para isso fazemos pesquisas, vemos perfil, olhamos para a navegação do cliente”, diz.
Leia a entrevista com a XP Investimentos
O fato de a Nubank ter lançando a plataforma de criptomoedas influenciou vocês a acelerarem o processo do Xtage?
Lucas Rabechini – “Não, não teve influência. O Nubank se não em engano divulgou dois meses atrás, algo do tipo. A gente teve a concepção desse projeto entre junho e agosto do ano passado, então não tínhamos nenhuma informação [sobre a concorrência]. E a gente começou a programar ele, as primeiras linhas de código, em outubro do ano passado. E naquela época a gente já sabia que o nosso time to market seria lançar entre junho e julho desse ano, o que de fato aconteceu”.
Em 2018 a XP tentou entrar no mercado de criptomoedas com a plataforma Xdex e saiu poucos meses depois. O que mudou para essa nova tentativa?
Lucas Rabechini – A gente teve no passado uma plataforma chamada Xdex. A diferença é que era uma plataforma totalmente segregada em termos de experiência para o cliente final. Tinha que fazer o download de um app diferente, tinha um módulo financeiro a parte, um broker a parte, uma landing page a parte. Isso faz com que eu reduza o nível de sinergia que eu tenho com a XP.
Esse projeto [Xtage] é muito diferente. Em termos de experiência para o cliente, ele não vai sentir que está abrindo uma conta, que está fazendo uma TED para uma conta de cripto. Porque está tudo dentro do app. Então é uma aba mais que ele clica, põe em transferir e resolve. Então vemos como muito diferente em termo de jornada do cliente e sinergia com a empresa.
O projeto vai ser uma corretora clássica no qual vocês vão conectar pessoas vendendo e pessoas comprando ou terá um sistema no qual a empresa vai comprar criptomoedas e vender diretamente para o cliente?
Lucas Rabechini – Tem os dois modelos. A gente vai ter market maker na plataforma, onde vai ter o order book. Mas nada impede do cliente que comprou a cripto colocar ela para vender e negociar com outro cliente, pessoa física e não market maker. Vai ter as duas possibilidades.
Como funciona a parceria com a Nasdaq?
Lucas Rabechini – Temos uma parceria tecnológica que é basicamente: eles vão fornecer grande parte dos sistemas de gerenciamento de risco, gerenciamento de ordens e compliance. Isso faz com que a plataforma nasça de forma extremamente escalável, robusta na parte de tecnologia e com uma latência super baixa. Em vez de eu construir do zero eu pego a melhor bolsa do mundo e trago toda a tecnologia de bolsa aqui para nos ajuda nessa plataforma digital.
Vocês têm planos no ecossistema cripto para além da compra e venda de criptomoedas?
Lucas Rabechini – Temos grupos internos estudando NFT, tokenização, Web3. As pessoas estão estudando qual a direção do mercado para ver como a gente se posiciona. Não é algo definitivo que a gente possa falar que vai fazer isso ou aquilo, mas já temos pessoas pensando internamente qual é o próximo passo.