Desde o final de 2021, o termo “Web3” se tornou bastante comum no meio digital e nos canais de notícias. A Web3 seria uma nova fase na escalada tecnológica da Internet, durante a qual novas funções poderão causar impacto suficiente para desestabilizar o balanço de poder das grandes corporações digitais.
Entre essas novas funções, temos a descentralização de serviços e o surgimento de ambientes de socialização do tipo metaverso, em mundos 3D virtuais.
Tanto a Web3 quanto os metaversos advêm de aplicações, cada vez mais abrangentes, da tecnologia blockchain. O volume de investimentos feitos nesse setor vem crescendo incessantemente: em 2021, startups que trabalham com blockchain angariaram US$ 25 bilhões em capital de risco, um valor oito vezes maior que o do ano anterior.
A seguir, veremos quem são os maiores players interessados nesse assunto, quais investimentos estão sendo feitos e que consequências isso trará ao setor digital.
As Big Tech e os investimentos em Web3
Há muitas discussões acerca da relevância da “Web3” e do “metaverso”. Muitos críticos, a exemplo de Elon Musk e Jack Dorsey, julgam se tratar de um burburinho excessivo e de sensacionalismo da mídia.
As grandes corporações Big Tech, porém, não parecem partilhar da mesma dúvida. Impulsionadas, talvez, pelo medo do fenômeno de rápida obsolescência e substituição das redes sociais e serviços digitais pelo público, empresas como Microsoft, Meta (Facebook) e Twitter investem cada vez mais em blockchain.
A Microsoft nunca havia se aventurado muito pelo mundo cripto, tendo feito apenas um investimento anterior na Palm NFT Studio. Recentemente, porém, ela entrou para o time de investidores que sustentam a ConsenSys.
A última rodada de investimento – da qual participaram também o SoftBank japonês e a holding singapurense Temasek – arrecadou US$ 450 milhões. Isso dobrou o valor de mercado da Consensys para US$ 7 bilhões.
ConsenSys é uma empresa com sede em Nova York, que surgiu em 2014. Ela foi criada por um dos fundadores do Ethereum, Joseph Lubin, e produz software para uso na própria rede Ethereum.
Entre as ferramentas mais populares da ConsenSys estão a carteira MetaMask e a Infura, uma ferramenta para desenvolvedores de apps em Ethereum. A empresa tem sido vista como uma das possíveis líderes a despontar no avanço da Web3, sendo a associação da Microsoft como investidora mais um indício em favor dessa afirmação.
A Meta Platforms, originalmente conhecida como Facebook, também não esconde seus interesses na Web3. No ano passado, a empresa até mesmo mudou de nome, em uma “celebração” ao que seria uma nova fase de desenvolvimento em direção à visão de metaverso do CEO Mark Zuckerberg.
Esse ano, anunciou que fará da Espanha sua central para desenvolvimento de metaverso, investindo diretamente na contratação de 2 mil pessoas, na construção do laboratório MetaLab e de um cabo submarino transatlântico petabit, além de outros blocos de infraestrutura.
Apesar disso, os negócios não têm sido muito fortuitos para a Meta. Desde o início das atividades em blockchain e metaverso, a empresa registrou um prejuízo de US$ 10 bilhões.
Cerca de 98% da receita anual da empresa ainda provém do modelo de arrecadação por propagandas, o que não é compatível com uma visão de Web3.
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Caso o Facebook consiga se tornar interoperável com um novo ambiente metaverso, e seu usuário se torne capaz de deslocar seu conteúdo de dentro da rede social para a Decentraland, por exemplo, a Meta não terá exclusividade sobre aquele usuário e perderá na arrecadação com anúncios.
Ainda não está claro como a empresa pretende proceder, mas caso não consiga redesenhar seu modelo de atividades, poderá não sobreviver à Web3 nos próximos anos.
Regulamentação
Um ponto chave, de passagem obrigatória para os que têm interesse em blockchain e Web3, é o da regulamentação das criptomoedas.
O desenvolvimento de leis e o posicionamento de diversos países vem acontecendo gradualmente em todo o mundo. Nos EUA, o presidente Joe Biden solicitou uma ação do governo mediante o tema, mas maiores detalhes ainda não foram divulgados.
Omissões legislativas como essa acabam por frear os investimentos de muitas empresas em blockchain e Web3, gerando fuga de capital para territórios mais amistosos/claros perante o assunto – como é o caso da ida da Meta para a Espanha.
De qualquer forma, redes blockchains são globais e descentralizadas. Posicionamentos desfavoráveis de países específicos não deverão ser um obstáculo definitivo para o crescimento da Web3 como um todo.
Conclusão
Não sabemos ainda que tipos de resultados esperar dos investimentos feitos em Web3 pelas grandes empresas digitais (Big Tech).
O modelo de negócios da maioria delas, baseado em anúncios e extração de valor do usuário, é incompatível com a proposta de descentralização trazida pela tecnologia blockchain, Web3 e metaverso.
Na Web3, as plataformas passam a pertencer à comunidade e funcionam como ferramentas para que eles mesmos produzam valor. Caso queiram sobreviver, pode ser necessário que empresas como Meta, Twitter, etc., se adaptem e redefinam completamente o modo como operam, ao longo dos próximos anos.
Sobre o autor
Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. Atua como Business Development Manager Brasil na Kucoin.
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