Vivek Ramaswamy: quem é novo candidato pró-Bitcoin que está agitando as eleições americanas

Ao classificar a reguladora SEC como uma organização maligna, Ramaswamy está conseguindo modificar o que sempre foi considerado uma questão partidária no debate político
Vivek Ramaswamy

Vivek Ramaswamy (Foto: Shutterstock)

O pré-candidato à Presidência dos EUA, Vivek Ramaswamy, conseguiu a atenção da mídia após um desempenho surpreendente no primeiro debate das primárias do Partido Republicano na semana passada. Agora, o público está examinando mais de perto a visão desse empreendedor do setor de tecnologia para os EUA — incluindo o papel da criptomoedas e do Bitcoin.

Embora muitas das políticas propostas por Ramaswamy se pareçam com as de seus principais adversários, elas também tendem a se inclinar ainda mais para o domínio do extremo e provocativo.

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O empresário de 38 anos pediu a abolição do FBI, do Departamento de Educação e da Comissão Reguladora Nuclear. Ele reconhece que as alterações climáticas são provocadas pelo homem, mas alega que a única solução é duplicar o consumo de combustíveis fósseis.

Ramaswamy também tem sido um defensor dos criptoativos. Agora, à medida que o candidato cresce nas pesquisas, suas opiniões sobre a questão parecem oferecer um vislumbre de como o discurso sobre as criptomoedas está mudando na eleição presidencial.

Nesta semana, Ramaswamy celebrou uma decisão da Justiça americana contra a SEC, na qual um tribunal abriu a porta para a possibilidade de um ETF de Bitcoin à vista da gestora Grayscale que a SEC tentou bloquear, semelhante aos pedidos de outras empresas.

Ramaswamy afirmou que “o governo em Washington está fora de controle, e os tribunais federais são a nossa única linha de defesa remanescente contra os comportamentos ilegais e desonestos de agências governamentais de três letras”. 

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Ao lançar a SEC como o principal (se não o único) vilão na saga da regulação das criptomoedas nos EUA, o empresário millenial se afastou da retórica de outros candidatos presidenciais republicanos (como Ron DeSantis), que geralmente procuraram pendurar o ceticismo cripto no pescoço do presidente Joe Biden. 

É verdade que os legisladores Republicanos há muito criticam o presidente da SEC, Gary Gensler, como uma figura nefasta e anticripto — mas alguns candidatos presidenciais republicanos até repreenderam a SEC por não ir longe o suficiente em certos casos, como na falta de prevenção do colapso da exchange cripto FTX em novembro de 2022.

Ao enquadrar a SEC como uma ameaça burocrática existencial que não faz bem à nação, e não apenas como um fantoche e porta-voz da administração Biden, Ramaswamy parece estar tentando fundir seu discurso inflamado em sua campanha contra a existência de grande parte dos departamentos do governo federal. 

Contra o “Estado profundo”

Nas paradas da campanha, Ramaswamy rotineiramente promete encerrar o que classifica como “quarto ramo do governo”, o suposto “Estado profundo” dos burocratas do poder executivo, que o candidato alega, exercer um controle secreto e inexplicável sobre as máquinas da nação.

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O ex-presidente Donald Trump invocou rotineiramente esse “Estado profundo” como um inimigo político enquanto estava no cargo, muitas vezes para condenar qualquer membro do governo cujas ações o presidente não aprovava.

Nesse sentido, as invocações do “Estado profundo” muitas vezes transcendem a política partidária: até mesmo um presidente no poder, aparentemente, pode ser alvo de seus tentáculos invisíveis. Parece que esta mesma lógica também se aplica à SEC, aos olhos de Ramaswamy.

Embora muitos outros candidatos republicanos provavelmente veriam a questão cripto como resolvida com a substituição de Gensler por um presidente da SEC mais amigável, a mensagem de Ramaswamy parece cada vez mais preocupada em rotular a mera existência da SEC como problemática. 

Resta saber se a aparente tática de Ramaswamy de tentar superar Trump com posturas mais provocativas do que as do ex-presidente atrairá os eleitores das primárias republicanas. Mas seu recente crescimento nas pesquisas sugere que pode estar funcionando.

E quanto mais Ramaswamy enquadra a questão da regulamentação como uma luta contra os atores do “Estado profundo”, cuja existência em si é uma ameaça — mais do que como uma questão política que os democratas definem como o maior perigo — mais imprevisível pode ser o discurso presidencial sobre criptoativos.

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*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.