Vítimas de pirâmide que deixou prejuízo de US$ 2,4 bilhões só vão receber US$ 17 milhões de restituição

Justiça dos EUA determinou que valor será distribuído entre cerca de 800 investidores da fraude com criptomoedas da BitConnect
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Foto: Shutterstock

Cerca de 800 vítimas da infame pirâmide financeira BitConnect deverão receber em breve uma restituição – ainda que pequena. Um tribunal da Califórnia, nos EUA, determinou nesta sexta-feira (13) que US$ 17 milhões recuperados do golpe deverão ser restituídos a cerca de 800 vítimas que entraram com uma ação coletiva.

A BitConnect é uma das maiores fraudes financeiras da história, tendo deixado um prejuízo de US$ 2,4 bilhões aos redor do mundo, especialmente nos EUA. Tratava-se de uma suposta plataforma de empréstimo cripto que promovia uma tecnologia proprietária, incluindo o “Trading Bot” e o “Volatility Software”, que deveriam render aos investidores retornos garantidos.

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“Na verdade, no entanto, a BitConnect operou um clássico esquema Ponzi, pagando aos investidores anteriores da BitConnect dinheiro de investidores posteriores”, diz o Departamento de Justiça dos EUA em comunicado à imprensa.

Glenn Arcaro, o promotor da BitConnect nos EUA, se declarou culpado de conspiração para cometer fraude eletrônica em setembro de 2021 e foi condenado a 38 meses de prisão um ano depois.

Em fevereiro de 2022, o Departamento revelou então uma acusação contra o fundador do projeto, Satish Kumbhani—que ainda está foragido—, acusando-o de obter aproximadamente US$ 2,4 bilhões de investidores.

O governo está acusando Kumbhani de conspiração para cometer fraude eletrônica, conspiração para cometer manipulação de preços de commodities, operação de um negócio de transmissão de dinheiro não licenciado e conspiração para cometer lavagem de dinheiro internacional.

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A fraude cripto da Bitconnect

Lançada em fevereiro de 2016, a BitConnect usou uma estrutura de pirâmide de várias camadas para recompensar os investidores com base no número de afiliados que eles trouxeram para o programa.

O próprio token da BitcConnect, o BCC, chegou a ser a oitava moeda mais valiosa do mundo em outubro de 2017 e vangloriou-se de uma capitalização de mercado de quase US$ 2,6 bilhões até o final deste ano.

O projeto prometia retornos médios diários de 1%, implicando a possibilidade de transformar US$ 1 mil em US$ 36 mil em um ano.

Muitas figuras proeminentes, incluindo o criador do Litecoin, Charlie Lee, o inventor do Ethereum, Vitalik Buterin, e Mike Novogratz da Digital Galaxy fizeram diversas advertências sobre os perigos do projeto, com Mike chamando a BitConnect de “Ponzi clássico.”

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Anyone who doesn’t yet agree with this should watch this video:https://t.co/mA2NxKlSQN https://t.co/k2YJvWMnzE

— vitalik.eth (@VitalikButerin) December 1, 2017

A BitConnect entrou em colapso em 2018 quando os reguladores pegaram o projeto, forçando um fechamento. Os investidores eventualmente recuperaram seus tokens BCC, mas a essa altura, a moeda havia caído de seu recorde histórico de cerca de US$ 500 para basicamente zero.

A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA processou separadamente a Bitconnect em setembro de 2021, quase três anos após o encerramento do projeto.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.