A elite cripto tem muitas pessoas inteligentes, mas poucas pessoas boas. Há algo na grandiosidade – provavelmente o dinheiro e a fama – que leva as estrelas dessa indústria a sucumbir à ganância, ao narcisismo e às péssimas maneiras do Twitter.
É isso que torna Vitalik Buterin tão excepcional.
O homem que escreveu o Ethereum do zero ainda adolescente, vale bilhões e é a figura mais famosa do universo das cripto depois de Satoshi Nakamoto, é claro. E, no entanto, ele mantém um profundo senso de graça e humanidade, mesmo diante dos ataques dos idiotas das redes sociais.
O exemplo mais recente veio depois que ele apareceu na capa da revista Time, o que provocou uma torrente de insultos desagradáveis sobre sua aparência, comparando-o a uma versão desfigurada de Tom Brady.
Em resposta, Vitalik não ficou de mau humor ou atacou, mas tuitou um resumo dos piores insultos ao mesmo tempo que admitiu que não ter ideia de quem era Brady. Isso desencadeou uma troca bastante agradável no Twitter com o famoso atleta americano, marido de Gisele Bündchen.
A singular falta de ego de Vitalik também é evidente no novo livro de Laura Shin, The Cryptopians, que retrata com riqueza de detalhes os primeiros dias do Ethereum e os vários “cofundadores” do projeto – alguns dos quais claramente contribuíram relativamente pouco, mas tentaram trapacear e diminuir o jovem e ingênuo desenvolvedor a cada passo.
Apesar desse tratamento precário, que persiste até hoje, Vitalik se recusou a contra-atacar ou colocá-los em seu lugar.
Em vez de se esbaldar com dinheiro e status, Vitalik mergulhou no conhecimento. Sua curiosidade insaciável o levou a aprender chinês e outros idiomas (além do inglês e seu russo nativo) e a publicar ensaios reflexivos sobre cripto, economia e teoria política.
Ele falou sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia com total clareza moral. Em sua entrevista à Time, ele alertou sobre o “perigo” de NFTs de “macacos de US$ 3 milhões” representando criptoativos.
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Seus artigos sobre governança descentralizada o tornaram um dos principais intelectuais públicos de nosso século. Espero que seja apenas uma questão de tempo até que ele se junte a outros economistas famosos como Marx e Keynes como tema de biografias.
Durante tudo isso, ele teve que suportar as dificuldades da fama: ser assediado em aparições públicas; inúmeros golpistas que procuram explorar seu nome e imagem em seus criptoativos.
Surpreendentemente, ele conseguiu se tornar um administrador fiel da maravilhosa blockchain que trouxe ao mundo. Em vez de procurar representar pessoalmente o Ethereum, ele recuou, fornecendo apenas um empurrão e orientações ocasionais à medida que o projeto avança em direção ao que deve ser uma imensa atualização.
Vitalik não é nenhum santo, claro. Como o resto de nós, ele tem falhas e fraquezas, algumas das quais são expostas no livro de Shin. Mas ele se comportou com um senso de humildade e decência mesmo após conquistar um nível de riqueza e fama além da imaginação.
Será que a maioria de nós poderia fazer o mesmo? Provavelmente não. Mas o que podemos fazer é olhar para Vitalik Buterin como um modelo do que uma celebridade cripto pode ser – mesmo que não o mereçamos.
*Traduzido e editado com autorização do Decrypt.co. Esse é Roberts on Crypto, uma coluna de fim de semana do editor-chefe do Decrypt, Daniel Roberts, e do editor executivo do veículo, Jeff John Roberts.
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