Imagem da matéria: Tokens do Vira-lata, Gatinho e Coxinha: scams migram do ethereum para blockchain da binance
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O mercado de criptomoedas parecia um zoológico no início deste ano. Grupos anônimos lançaram tokens de cachorro, gato, tartaruga e até suricato. Boa parte deles foi inspirado na Dogecoin (DOGE), ativo digital baseado em meme, com uma grande diferença: foram emitidos pela Binance Smart Chain (BSC) em vez da rede Ethereum.

Apesar de se valerem de animais fofos para atrair investidores, os ativos estão mais para cobras peçonhentas. Os tokens do suricato (Meerkat Finance) e o da tartaruga (TurtleDEX), por exemplo, deram prejuízo de US$ 33 milhões (R$ 183 milhões). Já as criptomoedas de cachorro (Vira-Lata Finance) e de gatos (Gatinho Finance) perderam quase todo o seu valor depois de atraírem milhares de brasileiros.

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Além de gerarem prejuízo e perdas e usarem bichos, esses quatro tokens têm outro aspecto em comum. Todos os projetos foram criados na Binance Smart Chain (BSC), blockchain que a Binance, maior corretora do mundo, lançou no dia 1ª de setembro de 2020.

Não existe uma estatística que afirme que scams têm sido criados mais na BSC, mas a rede descentralizada da exchange tem atraído cada vez mais projetos de DeFi (finanças descentralizadas) — tanto sérios quanto shitcoins. O principal motivo é a taxa de transação na blockchain, bem menor que a da rede Ethereum — até então a preferida pelos desenvolvedores.

Esse aumento de interesse pela BSC pode ser visto no número de endereços únicos na blockchain, que pulou de 35 no seu primeiro dia de operação para 63 milhões em abril deste ano, um crescimento de 180000000% em seis meses, segundo dados coletados no explorador Bscscan. Já as transações diárias passaram de 122 por dia para 4 milhões.

A rede do Ethereum, no mesmo período, viu seu número de endereços únicos passar de 116 milhões para 146 milhões, um crescimento de 25% no período, segundo o Etherscan. Já o número de transações diárias em abril na blockchain é de apenas 1,3 milhão – menos do que a metade da registrada na BSC.

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Em nota, a Binance disse que o usuário que opta por interagir com DeFi deve estar ciente das possibilidades e dos riscos inerentes do setor, pois em um ambiente descentralizado a responsabilidade é inteiramente do comprador:

“Por isso, mais do nunca, faz-se necessário estudar cada projeto, analisar as certificações, parcerias, algo que já é uma premissa básica de quem investe em criptomoedas”.

A empresa também informou que é importante deixar claro que a BSC não é a Binance:

“A BSC é um protocolo aberto que permite que as pessoas apresentem seus projetos e a Binance tem como core business uma exchange centralizada. Fazendo uma analogia, a BSC é como a internet: qualquer site pode ser colocado no ar, e qualquer pessoa pode acessar e comprar nesse site. Uma corretora centralizada é como um marketplace: eles podem e devem fazer uma análise mais criteriosa do que listam. São propostas diferentes”.

Conforme a exchange, quando a BSC entende que pode ter risco, o endereço do protocolo fica marcado e entra para a BscScan List.

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Como não cair em armadilha

Para não ser fisgado por criptomoedas duvidosas embrulhadas em propagandas de bichos, o procurador da República Alexandre Senra, investidor e entusiasta de criptoativos desde 2018, disse que antes de investir em qualquer projeto, é preciso ficar de olho em alguns sinais que podem indicar que um token pode ser uma furada. O primeiro deles é o anonimato.

“Para o Bitcoin, não saber a identidade de Satoshi Nakamono é um ponto positivo. Para qualquer outro projeto, é um ponto extremamente negativo”, disse. No caso do Gatinho FInance, que ganhou o ticker de MIAU, e do Vira-Lata Finance, com código de REAU, por exemplo, ninguém sabe quem está por trás delas.

Supply ‘estupidamente’ infinito, falou Senra, e grupos de conversa do Telegram (de projetos) formados exclusivamente por torcedores desses novos supostos ativos digitais – que geralmente não entendem nada – também são sinais de problema.

Para o procurador, os novos usuários do mercado de ativos digitais também devem adotar algumas posturas para não cair em golpes nesse mercado, que já atingiu US$ 2 trilhões e está cheio de iniciativas inovadores e sérias.

“É importante pesquisar qual problema esse novo ativo resolve ou pretende resolver. Tokens que não trazem absolutamente nada de novo, por exemplo, são péssimos negócios. A pessoa também deve identificar se o ativo é somente um plano/projeto ou se já é uma realização. Isso porque planos são lindos, mas frequentemente não saem do papel”, falou.

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Senra disse que redes sociais, em especial Twitter e LinkedIn, são boas fontes para coletar informações sobre novas criptomoedas. O ideal, disse, é ficar de olho nos seguidores e no engajamento dos projetos nessas redes. Vale também, falou, verificar como os administradores se comportam em relação a críticas e pedidos de esclarecimentos em grupos de conversa no Telegram.

“Se a pessoa for banida por algum questionamento, é sinal que tem algo errado”, disse.

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