Thiago Maffra, o novo CEO da XP, fundou corretora de criptomoedas que fracassou

A estranha história de uma empresa chamada Xdex
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Thiago Mafra esteve por trás do projeto da XDEX (Foto: Divulgação)

Thiago Maffra, ex-diretor de tecnologia e recentemente anunciado como o novo CEO da XP, teve um contato direto com o mundo do Bitcoin. Ele foi um dos fundadores da Xdex, uma corretora de criptomoedas que fechou as portas no início de 2020 após 17 meses de operação.

Na ocasião do anúncio do encerramento das atividades, a extinta exchange brasileira citou a projeção do mercado, a competição e os poucos avanços regulatórios como alguns dos motivos do fechamento.

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Na Expert XP de 2018, quando Guilherme Benchimol tornou pública a criação da Xdex, ele chegou a anunciar que Maffra seria o CEO da nova empresa, o que mais tarde não se confirmou.

Em uma entrevista ao Portal do Bitcoin, Celina Ma, executiva que acabou assumindo o comando da corretora, comentou a importância do novo CEO da XP para o projeto:

“Ele é uma pessoa que já trabalha na XP há um tempo e ele foi um dos idealizadores do projeto. Por isso existiu essa possibilidade. Mas agora a gente separou um pouco e eu estou assumindo essa posição”.

Por questões regulatórias, mais tarde a empresa deixou de registrar a própria XP Investimentos em seu contrato social. No lugar, entraram alguns sócios individuais, incluindo, como sócio majoritário, Guilherme Benchimol.

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O interesse da XP no mercado cripto pareceu óbvio na época da Xdex, mas a empresa afirmava que não tinha relação com o negócio. Em uma nota enviada ao Portal do Bitcoin, também na época, a XP informou que não tinha a XP INc. e nem a XP Investimentos como sócios da Xdex.

Entretanto, de acordo com dados da Receita Federal, originalmente foi a XP Investimentos que registrou Xdex, com capital social de R$ 25 milhões.

Problemas da Xdex

Embora a Xdex tenha começado as operações com grandes nomes do mercado, com o especialista em criptomoedas Fernando Ulrich na posição de analista-chefe, e com uma política agressiva de taxa zero para negociações de bitcoin e ethereum, o negócio não decolou.

A inciativa foi muito criticada pela comunidade brasileira de criptomoedas uma vez que o modelo da corretora não permitia que o cliente tivesse acesso aos criptoativos negociados. Isto é, por mais que o usuário negociasse bitcoins dentro da plataforma, ele não poderia sacá-los. Só era permitido sacar em Reais.

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Além disso, a Xdex operou em um longo período de baixa no mercado. Após a alta que durou até o final de 2017, houve uma grande demandada de investidores do varejo, o preço dos ativos digitais caíram para só retornarem no final de 2020, meses após o fechamento da empresa.

XP e criptomoedas

Não se sabe ainda qual a visão de Thiago Maffra sobre as criptomoedas e qual o será a posição de empresa agora que os investidores institucionais ‘abraçaram’ o bitcoin de vez. Questionada pela reportagem, a XP disse que Maffra não estava falando sobre o assunto.

Talvez o próprio Benchimol tenha dado um sinal sobre o tema. Em janeiro deste ano, em uma live com o jornal Valor Econômico, ele disse:

“Eu tenho uma parte minha otimista e a outra é pessimista. Acho que todo mundo deveria ter algum tipo de exposição a esse ativo, mas eu diria que a chance de dar certo é de 50%. Eu diria que é uma reserva de valor similar ao ouro, mas é digital”.