As tarifas impostas pelo presidente Donald Trump aos parceiros comerciais dos EUA agitaram os mercados tradicionais, tornando o mercado de ações mais volátil do que o próprio Bitcoin — uma inversão incomum em relação ao comportamento histórico, no qual a criptomoeda costuma apresentar maiores oscilações.
Segundo o Bloomberg, esse descompasso representa uma quebra na correlação histórica entre o Bitcoin e o mercado acionário, em que a criptomoeda geralmente apresenta variações de preço mais acentuadas. Diferente de muitas companhias que integram os principais índices das bolsas americanas, o ativo digital não sofre influência direta das tarifas comerciais.
Um nível moderado de alavancagem e o ambiente regulatório mais favorável nos EUA ajudaram a sustentar a resiliência do Bitcoin, segundo analistas, com baixa pressão nos futuros e leve alta nas opções de proteção de curto prazo.
De acordo com a publicação, o chefe de pesquisa da K33, Vetle Lunde, destacou que o principal feito da semana foi o Bitcoin não ter caído mais intensamente, mostrando força frente às ações após o anúncio das tarifas em 2 de abril.
A volatilidade do BTC nos últimos 10 pregões ficou abaixo da do S&P 500 e do Nasdaq 100, um comportamento raro. Apesar do aumento da volatilidade de curto prazo nas opções, o sentimento de longo prazo entre os traders permanece positivo, ressalta.
Para Nikolay Karpenko, gerente da formadora de mercado cripto B2C2, no geral, a volatilidade implícita aumentou à medida que as influências de ajuste de preços de curto prazo se consolidaram, com mudanças significativas nas reversões de risco apontando para uma demanda maior de proteção de baixa.
“Apesar dos aumentos mais significativos em volume de curto prazo, a estrutura de longo prazo permanece relativamente estável, com o foco no gerenciamento do risco de cauda por meio de posições de proteção”, disse Karpenko segundo o site.
A recente estabilidade do mercado cripto se deve, em parte, à baixa alavancagem nos derivativos. Nos meses anteriores, ativos digitais como o Bitcoin sofreram fortes quedas, com a maior liquidação do ano registrada, à medida que investidores se afastavam dos ativos de risco.
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O bom desempenho do Bitcoin em relação às ações foi impulsionado pela baixa alavancagem no mercado após fortes liquidações no mês anterior, segundo Ravi Doshi, da FalconX. Na última semana, os prêmios dos futuros ficaram abaixo dos níveis dos fundos do Fed.
A diferença entre os preços futuros e à vista do Bitcoin permanece reduzida, com prêmios de 6,3%, sinalizando postura conservadora dos investidores, enquanto o interesse em aberto está no ponto mais baixo em 11 meses, segundo a K33.
Operadores nos EUA têm explorado o spread entre futuros da CME e fundos de índice de Bitcoin. As novas tarifas impostas pelos EUA a parceiros como União Europeia e China abalaram os mercados, levando S&P 500 e Nasdaq 100 às maiores retrações desde março de 2020.
Matt Hougan, da Bitwise, afirmou que o desempenho recente do Bitcoin é encorajador para os investidores otimistas e prevê que, com a estabilização da volatilidade, a criptomoeda deve retomar suas máximas históricas.
Preço do Bitcoin hoje
Neste final de tarde de terça-feira (8), o Bitcoin é negociado em US$ 77 mil, com queda de 1,4% nas últimas 24 horas, e aproximadamente 29% abaixo da sua máxima de US$ 109 mil de 20 de janeiro, o dia em que Trump foi empossado para um segundo mandato.
Pela manhã, o BTC chegou a avançar para a casa dos US$ 80 mil antes de passar pela correção. Em reais, o BTC é cotado nesta manhã a R$ 463.682, segundo dados do Portal do Bitcoin.
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