A Solana Foundation, empresa por trás da criptomoeda SOL, deu detalhes sobre o ataque que deixou a sua rede fora do ar por mais de 17 horas há exatamente uma semana, no dia 14 de setembro.
Essa é a primeira análise oficial publicada desde o ocorrido. No texto, a empresa confirmou que foi um ataque de negação de serviço (DDoS) que provocou a paralisação do seu ecossistema.
Nesta ofensiva, uma rede é inundada por um número de acesso ou transações muito superior ao que consegue processar, saindo do ar como consequência. O ataque DDoS à Solana, no entanto, pode ter sido mais um acidente do que uma ação maliciosa.
“O Grape Protocol lançou seu IDO no Raydium, e os bots geraram transações que inundaram a rede. Essas transações resultaram num estouro de memória, o que fez com que muitos validadores travassem, forçando a rede a ficar mais lenta e, eventualmente, parar”, explicou a empresa.
Naquele momento, bots tentaram enviar mais de 300 mil transações por segundo, sendo que a Solana só consegue processar 65 mil transações no período. A rede saiu do ar quando os validadores não conseguiram chegar a um acordo sobre o estado da blockchain, o que impediu a criação de novos blocos.
Na análise do caso, a empresa explicou exatamente o que aconteceu naquele momento: “As transações inundaram um sistema conhecido como fila de encaminhamento, fazendo com que a memória usada por essa fila crescesse sem limites. As transações codificadas em blocos exigiam muitos recursos para serem processadas”.
Em meio a esse crescimento desordenado das filas, os validadores propusessem uma série de bifurcações. A análise aponta que a criação das cadeias paralelas causou um novo problema à medida que “os processadores dos produtores de blocos começaram a ficar sem memória e travar, e ao reiniciar a rede, eles foram incapazes de processar todas as bifurcações propostas a tempo de se manter em consenso com o resto da rede”.
Como a comunidade da Solana resolveu o problema
Naquelas horas iniciais, os validadores da Solana se reuniram no Discord para resolver de forma definitiva o problema na rede e propuseram um hard fork da rede a partir do último slot confirmado.
Para fazer essa atualização, era necessária a participação de pelo menos 80% dos validadores para atingir o consenso exigido — um processo que demorou 14 horas.
“Engenheiros do mundo inteiro trabalharam juntos para escrever códigos para mitigar o problema e coordenar uma atualização e reinicialização da rede entre mais de mil validadores”, explica a nota da Solana. A empresa admite que todo o esforço de recuperação da rede foi liderado pela própria comunidade que se baseou nas orientações descritas na documentação do protocolo.
Segundo a fundação por trás da SOL, a demora para resolver o problema foi resultado da própria descentralização da projeto que exige que a comunidade atinja consenso antes de qualquer alteração importante.
“Se a Amazon Web Services falhar, os usuários precisam confiar na Amazon para trazê-la de volta ao estado normal. O crédito e a obrigação de restaurar as operações de rede em qualquer blockchain estão nas mãos da comunidade”, diz a nota.
Por fim, a empresa agradeceu a ajuda dos validadores e informou que um relatório técnico mais detalhado deve ser lançado ainda nas próximas semanas.