Imagem da matéria: Sistema PIX de pagamentos instantâneos deve beneficiar fintechs e até ajudar a combater corrupção
Foto: Shutterstock

O PIX, ferramenta de pagamentos instantâneos já em desenvolvimento pelo Banco Central (BC), deve promover uma revolução no sistema financeiro brasileiro a partir de novembro. E seus desdobramentos podem ir além das facilidades potenciais aos clientes na hora de realizar transações.

Entre outros avanços, a primeira versão do PIX vai permitir transações entre pessoas, empresas e governo em até 10 segundos —24 horas por dia, durante os sete dias da semana. A facilidade se estenderá ainda ao pagamento de taxas federais, como as guias de emissão de passaportes.

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O tempo para conclusão de cada operação deve levar no máximo 10 segundos, de acordo com o Banco Central. A expectativa, no entanto, é que transações corriqueiras sejam compensadas em um intervalo ainda menor, de apenas 2 segundos.

Atualizações futuras do sistema incluirão a realização de pagamentos por aproximação, cobrança de taxas e impostos públicos em geral, entre outras transações.

Vale lembrar que o Banco Central determinou a participação obrigatória no PIX de todas as instituições financeiras e de pagamentos que tenham mais de 500 mil contas ativas. Esse recorte engloba cerca de 30 instituições que representam mais de 90% das contas transacionadas ofertadas no Brasil.

A ideia da autoridade monetária nacional com tal medida é garantir que o mesmo sistema seja adotado por todos os atores relevantes no sistema financeiro brasileiro.

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Marca do PIX, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central
Marca do PIX, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central.
(Foto: Divulgação/Banco Central)

Oportunidade para fintechs

Essa padronização gerada pelo PIX está inserida na intenção do BC criar um ambiente mais aberto, competitivo e inovador no mercado brasileiro. Ou seja, quem melhor se adaptar a ele vai colher os melhores frutos.

A composição gerada tende a beneficiar as fintechs, que possuem formatos mais enxutos e adaptáveis a grandes mudanças tecnológicas. A chegada do modelo de pagamentos instantâneos deve facilitar o ingresso de novos atores no sistema, quebrando a concentração que ainda hoje prevalece no mercado.

“É uma grande oportunidade para as fintechs, que já nasceram digitais e tem uma visão mais voltada para o consumidor do que os grandes bancos, que foram desenhados com outro foco, no produto. E isso é difícil mudar, implica alteração de estruturas”, comenta Alexandre Pinto, diretor de novos negócios da Matera, empresa de tecnologia para o mercado financeiro.

Essa visão é compartilhada por Bruno Diniz, professor de fintechs da FGV (Fundação Getulio Vargas). “[O PIX] É um fomentador para fintechs que já estiverem inseridas nesse sistema de pagamentos, ofertando soluções. Pode ser uma via importante de entrada para novos atores”.

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Autor do recém-lançado livro “O Fenômeno Fintech”, que resume as transformações geradas por essas empresas mundo afora, Diniz também crê que outros atores serão preponderantes para a popularização do PIX, além das instituições financeiras.

“Para os comerciantes o recurso chegará na hora. Até pelo próprio interesse deles, haverá um impulsionamento da utilização [do PIX]. E esse comerciante pode ajudar o consumidor a usar esse meio de pagamento”.

Vanguarda internacional e combate à corrupção

Para os especialistas ouvidos pela reportagem, a implementação dos pagamentos instantâneos coloca o Brasil no mesmo patamar de desenvolvimento de outras grandes economias mundiais. 

“Acho que está em linha com vários países. O Brasil já tá seguindo um modelo com infraestrutura própria”, destaca Diniz.

Alexandre cita ainda que transferir dinheiro online, independente de horário, ainda é modelo raro ainda no mundo. “Mesmo em outros países as transferências online acontecem durante o dia. Eu diria que o Brasil está à frente de países como Estados Unidos, Canadá e outros na Europa”.

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Outra expectativa é que o uso do PIX diminua progressivamente o emprego de meios físicos, como o papel-moeda e cartões de crédito em plástico, diminuindo os custos do sistema financeiro nacional.

Essa redução, segundo Alexandre, deve também colaborar para o combate a crimes financeiros em um longo prazo.

“Vamos caminhar para isso, o custo operacional vai diminuir. E se você elimina o dinheiro em papel também vai dificultar a vida da lavagem de dinheiro e de quem ganha dinheiro de forma ilícita. Além dos benefícios para a economia, enxergo um benefício muito relevante no combate à corrupção, à lavagem de dinheiro”.


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