Imagem da matéria: Quem é o famoso desenvolvedor que abandonou o mercado de DeFi e criptomoedas
Andre Cronje (Imagem: Reprodução/CoinGecko)

O maior acontecimento da última semana (ou de 2022 — pelo menos para os fanáticos por Finanças Descentralizadas (DeFi, na abreviatura em inglês) é recente saída de um dos mais produtivos desenvolvedores do setor DeFi: Andre Cronje.

Cronje é uma figura bastante influente na indústria cripto desde o lançamento do Yearn Finance (um protocolo que agrega recompensas em criptomoedas) em 2020. YFI, o token nativo do projeto, passou de US$ 0 para acima de US$ 40 em poucos meses, ganhando o status de “primeira classe” em DeFi.

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Porém, agora, ele está indo embora. Desta vez, parece ser para valer.

Em março de 2020, ele deixou o setor cripto, citando a comunidade tóxica mas, depois, retornou. Em agosto, ele foi novamente embora (antes de… voltar de novo). Foi uma bagunça mas, desta vez, a situação parece ser diferente.

Anton Nell, outro desenvolvedor que trabalhou com Cronje e arquiteto sênior da Fantom Foundation, divulgou a notícia no domingo (6), afirmando: “Andre e eu decidimos encerrar o capítulo de contribuição ao setor DeFi/cripto”.

“Diferente de anteriores [afirmações] de que ‘desenvolver em DeFi é horrível’ e acessos de raiva, essa não é uma reação desproporcional ao ódio recebido pelo lançamento de um projeto, mas sim uma decisão que estava sendo tomada há um tempo”, acrescentou Nell.

Nell também disse que quase “25 apps e serviços” relacionados à dupla dinâmica seriam encerrados em 3 de abril.

As mais importantes aplicações relacionadas, como Yearn Finance, Multichain (um projeto de ponte cripto entre blockchains) e Keeper Network (uma versão tokenizada da Fiver ou Upwork), já foram migradas para outros domínios e parece que serão mantidas por suas respectivas comunidades.

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Por exemplo, o site “yearn.fi” será encerrado e usuários são aconselhados a usarem o que é basicamente o mesmo serviço, mas sob o domínio “yearn.finance”.

Porém, a notícia gerou confusão para os tokens relacionados a esses projetos, bem como as diversas redes que Cronje e companhia influenciaram — a mais notável dentre elas é Fantom.

YFI despencou de quase US$ 20 mil para US$ 18 mil em poucas horas.

Ação de preço do token YFI na última semana (Imagem: CoinGecko)

YFI recuperou parte dessas perdas — uma oscilação que pode ser atribuída ao lembrete aos tuiteiros DeFi de que Cronje não contribui no Yearn há um tempo.

Banteg, desenvolvedor principal do Yearn, disse que “Andre não trabalha [no Yearn] há mais de um ano”, acrescentando que “50 pessoas [trabalhando em período] integral e 140 contribuidores de meio-período” estão mantendo o projeto de US$ 3 bilhões.

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KP3R, o token da Keeper Network, não teve tanta sorte. O token despencou de cerca de US$ 625 para quase US$ 423 mas, diferente de YFI, continuou caindo. Nesta segunda-feira, está sendo negociado a US$ 346.

Apesar de a negativa ação de preço desses tokens ser drástica, não é nada comparada ao que aconteceu com todo o ecossistema Fantom.

Há algumas semanas, Cronje e o outra desenvolvedora, Danielle Sestagalli, lançaram uma corretora descentralizada (ou DEX) de protocolo chamada Solidly, que também apresentava um token que seria distribuído aos maiores projetos DeFi desenvolvidos no Fantom por valor total bloqueado (ou TVL, que se refere a uma outra forma de descrever o dinheiro sendo usado em projeto cripto).

Então, caso o projeto se qualificasse, o protocolo receberia o token SOLID. Em seguida, o projeto estaria apenas responsável por pensar em uma forma de distribuir o token a seus usuários.

Isso poderia ter sido feito por meio de uma campanha de “yield farming” (estratégia de maximização de lucros), um simples “airdrop” (ou distribuição gratuita de tokens) ou outra coisa. Estava completamente nas mãos deles.

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E assim como todos os investidores criptos que buscaram cegamente um token ligado a Cronje (e a Sestagalli, num grau semelhante), a atividade no ecossistema Fantom explodiu.

Em janeiro, quando as dinâmicas de como esse token seria distribuído foram esclarecidas, Fantom atingiu uma alta recorde de US$ 15,2 bilhões em TVL, segundo o site DeFi Llama.

Depois, a Fantom oscilou um pouco antes de atingir um auge novamente em 3 de março. No entanto, desde então, o capital saiu do ecossistema como se fosse o fim do mundo.

Para fins de referência, os rumores de que Cronje sairia do setor já tinham começado a circular em 3 de março, além de a inicial queda de valor ter começado no mesmo dia.

Valor total bloqueado (ou TVL) no Fantom em dólares (Imagem: DeFi Llama)

A fuga foi bastante dolorosa, pois investidores estavam simultaneamente vendendo FTM, a moeda nativa do Fantom. A moeda caiu de US$ 1,62 para US$ 1,31 entre domingo (6) e segunda-feira (7), registrando uma queda de quase 20%.

Então, sim… É muito caótico.

Como costumam dizer os fãs de Elon Musk e dogecoin (DOGE): escolher um messias para salvarem você e sua conta bancária pode ter sérias consequências.

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Por outro lado, todos os desenvolvedores e fundadores devem se lembrar de que mesmo se seu código for um banco robótico e insensível, não significa que as pessoas que o utilizarem também são insensíveis.

Mercados são emocionais e talvez o faroeste das finanças imutáveis seja ainda mais emocional.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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