O mercado de criptomoedas está sangrando neste mês de maio, um período historicamente de grande volatilidade para o criptoativo líder do setor.
O Bitcoin (BTC) vinha sendo negociado nos últimos meses com certa constância no nível dos US$ 40 mil até que na semana passada a moeda reagiu e tomou uma direção para baixo.
Na quinta-feira (5), o bitcoin que havia aberto o dia valendo US$ 39,5 mil, entrou em queda livre no início da tarde até recuar para US$ 36 mil.
Os preços continuaram a cair nos dias seguintes e criaram um mal-estar que atinge o mercado cripto como um todo. Confira 4 dados que sinalizam que o bear market das criptomoedas pode estar entre nós..
1. Bitcoin valendo metade do preço recorde
Já faz cinco dias consecutivos que o bitcoin está desvalorizando, incapaz de reverter a tendência de baixa e engatar uma recuperação significativa de preços.
As quedas agravadas na noite de domingo (8) jogaram o preço da criptomoeda abaixo de US$ 34.394. Ou seja, pela primeira vez o bitcoin chegou ao ponto de ser negociado pela metade da sua máxima histórica de US$ 68.789, alcançada em novembro de 2021.
Além disso, o suporte do bitcoin ainda não está claro, já que a criptomoeda continua a recuar na manhã desta segunda-feira (9) ao registrar a sua pior cotação do ano de US$ 32.667, segundo o CoinMarketCap.
Neste ritmo, o bitcoin já acumula uma desvalorização de 15,9% na semana e 22,7% no mês.
O ânimo dos investidores também fica abalado ao ver que neste mesmo dia em 2021, o preço do bitcoin era 44% maior, em torno dos US$ 59 mil.
2. Fuga de capital do mercado de criptomoedas
Com a criptomoeda mais importante do mundo passando pelo seu pior momento do ano, o restante do mercado lida com as consequências.
A capitalização de mercado total das criptomoedas que em novembro de 2021 atingiu US$ 2,9 trilhões, hoje não passa de US$ 1,4 trilhão. Só nos últimos 30 dias, foi meio trilhão de dólares deixando o setor de criptoativos.
Segundo o CoinMarketCap, o bitcoin continua representando a maior parcela de dinheiro depositado no mercado (41,5%), com uma capitalização de US$ 619 bilhões nesta segunda.
Esse número é metade da capitalização recorde de US$ 1,27 trilhão que o bitcoin registrou no final do ano passado.
Outro dado que dava sinal que os investidores estavam com menos apetite para os riscos do mercado cripto veio na semana passada, quando US$ 133 milhões deixaram os produtos de investimentos em bitcoin ofertados por gestoras da área, como o Bitcoin Trust da Grayscale.
Segundo o CoinShares, isso representou a maior liquidação dessa forma de investimento desde junho de 2021.
3. Fluxo de criptomoedas em exchanges
Quando o mercado de criptomoedas enfrenta drásticas quedas de preços como agora, é comum que as sardinhas — pequenos investidores de criptomoedas — se desesperem e vendam suas posições nas corretoras de criptomoedas.
Um sinal de bear market, portanto, é a volta de criptomoedas às exchanges para a sua liquidação no mercado.
Isso está acontecendo nesta semana. Segundo dados da Glassnode, a desvalorização do bitcoin acompanha um aumento do balanço de bitcoin nas maiores corretoras do setor.
Quando o bitcoin intensificou suas quedas na última sexta (6), houve uma entrada líquida de aproximadamente 12.246 bitcoins (cerca de US$ 402 milhões na cotação de hoje) às corretoras naquele dia, conforme mostra o Decrypt.
Vale destacar que em outros momentos da história do bitcoin, quando as sardinhas despejaram suas moedas no mercado, haviam baleias do outro lado dispostas a aproveitar o clima medo para aumentar seus balanços de bitcoin, como aconteceu em maio de 2021.
4. Retirada de dinheiro de DeFi
As finanças descentralizadas (DeFi) que em alguns momentos conseguiam desviar de crises do mercado cripto mais “tradicional”, não tiveram sorte dessa vez.
Os protocolos DeFi perderam US$ 27 bilhões em valor total bloqueado (TVL) apenas no fim de semana, segundo dados do DeFi Llama. Na prática, TVL representa quanto dinheiro está circulando nesses projetos descentralizados.
O projeto mais afetado foi o Archor da Terra, que perdeu 21% do seu valor na última semana. Segundo o CoinDesk, além de sofrer com as quedas macro do mercado, Archor também foi afetado quando a stablecoin TerraUSD (UST) perdeu temporariamente seu lastro ao dólar americano no domingo.
Projetos como Curve — o maior protocolo DeFi do mercado — e o serviço de staking Lido, também registraram quedas de 10% e 13% na semana, respectivamente.
Dessa forma, o setor DeFi acumula US$ 171 bilhões nesta segunda-feira, o pior nível desde outubro de 2021 e cerca de 30% menos que as máximas de dezembro daquele ano, quando o TVL dos projetos atingiu US$ 252 bilhões.
Um pouco de esperança
Embora o atual cenário possa parecer desolador, há dados que comprovam que a confiança de importantes participantes do mercado continua intacta no bitcoin.
Nunca houve tantos mineradores na rede do bitcoin como agora em maio de 2022. Como resultado disso, a dificuldade de mineração da criptomoeda está no seu nível mais alto da história.
A tendência é que isso continue acontecendo. O próximo ajuste da rede previsto para quarta (11), deve aumentar a dificuldade para encontrar blocos de bitcoin para 31,07 T (trilhões de hashes), uma alta de 4,2% segundo dados do BTC.com. Essa será a primeira vez na história que a dificuldade vai superar a marca de 30 T.
Ao mesmo tempo, o hashrate do bitcoin se mantém perto da máxima histórica, por volta de 220.86 EH/s nesta segunda-feira.
De forma geral, isso significa que milhares de mineradores ao redor do mundo estão investindo uma enorme quantidade de poder computacional para a rede do bitcoin, mesmo com a criptomoeda valendo metade do seu preço recorde.
Trata-se de um sinal de que há confiança no bitcoin como investimento a longo prazo, capaz de se sustentar as flutuações de preço do curto prazo.