Em um relatório recente, ao qual o Decrypt obteve acesso, o banco de investimentos JPMorgan estima que o custo de produção para minerar um bitcoin (BTC) caiu de US$ 24 mil no início de junho para apenas US$ 13 mil.
O custo de produção do bitcoin estima o custo médio para a mineração de um bitcoin por dia. Esse custo depende principalmente dos custos de eletricidade pagos por mineradores por operarem suas máquinas, mas existem outras variáveis.
Contanto que o preço do bitcoin fique acima desse custo, uma operação de mineração é rentável e muitos observadores do mercado de criptomoedas sugerem que os custos de produção também podem servir “como o limite inferior da faixa de preço do bitcoin em um mercado de baixa”.
De acordo com o banco com sede em Nova York, o preço mais baixo do bitcoin pode chegar a US$ 13 mil — uma queda de 38,7% do atual preço de US$ 21,2 mil.
“Embora obviamente ajude na rentabilidade de mineradores e possivelmente reduza sua pressão em vender suas alocações em bitcoin para aumentar a liquidez ou diminuir sua alavancagem, a queda no custo de produção pode ser considerada como negativa para o panorama de preço do bitcoin no futuro”, afirmaram analistas do JPMorgan, liderados por Nikolaos Panigirtzoglou.
Os analistas basearam suas estimativas na queda do uso de eletricidade conforme mineradores passam a utilizar hardware para a mineração mais energeticamente eficiente.
Ainda assim, outras métricas apresentam um cenário diferente para a principal criptomoeda.
De acordo com dados obtidos do site MacroMicro, por exemplo, o custo de produção ainda está acima dos US$ 17,7 mil.
“Quando os custos de mineração são inferiores ao preço de mercado do bitcoin, mais mineradores vão entrar [para o mercado]. Quando os custos de mineração são superiores à receita dos mineradores, o número de mineradores vai diminuir”, segundo o site de dados.
Tanto o JPMorgan como o MacroMicro calculam o custo de produção do bitcoin usando dados do Índice de Consumo de Eletricidade pelo Bitcoin da Universidade de Cambridge (ou CBECI, na sigla em inglês). No entanto, os dados fornecidos pelo CBECI dependem do custo médio de eletricidade de um minerador específico, que pode variar bastante e afetar os cálculos.
Outros custos, incluindo os de infraestrutura, hardware e contratação de funcionários para operar fazendas de mineração, também podem variar.
“O custo de produção varia drasticamente com base no tipo de máquina e no custo de poder, mas também nos custos de mão de obra e manutenção da unidade”, explicou Zach Bradford, CEO da empresa de mineração de bitcoin CleanSpark, ao Decrypt.
Bradford acrescentou que a análise de sua equipe chegou a um custo de produção ainda menor do que o estimado pelo JPMorgan.
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“Enquanto a maioria das mineradoras listadas em bolsa operam máquinas [de última geração] e possuem contratos estratégicos de gestão de energia, nossa [equipe] interna de pesquisa chegou a um número próximo de US$ 12 mil para essas mineradoras”, afirmou. “Porém, mesmo em uma empresa, [o número] vai variar por unidade. A CleanSpark, por exemplo, tem unidades que geram custos inferiores a esse.”
Isso significa que enquanto o bitcoin estiver acima de US$ 12 mil, mineradoras listadas em bolsa ainda podem ter lucro.
Capitulação por mineradores de bitcoin
Independente das diferenças nos custos de produção, quase todos os mineradores estão sob pressão após a drástica queda do bitcoin desde novembro.
A Glassnode destacou esse estresse usando o “Múltiplo de Puell”.
Esse modelo matemático mede a renda total dos mineradores de bitcoin. Quando a métrica está bem baixa, mineradores estão lucrando menos do que a média e provavelmente vão vender suas alocações em bitcoin ou desligar algumas máquinas. Atualmente, estão ganhando bem menos do que ganhavam no passado.
“Mineradores de bitcoin estão ganhando apenas 49% do que a média anual. Isso sugere que o estresse de receita é um fator provável”, afirmou a Glassnode em seu relatório semanal.
Acontecimentos, como a queda ocasionada pela covid-19, a proibição cripto na China e a recente ação de preço se correlacionam com um baixo múltiplo de Puell, bem como a ampla capitulação — desistência de ganhos pela venda de posições em épocas de queda — por mineradores.
Manchetes recentes também confirmam isso.
Em junho, a mineradora de bitcoin listada em bolsa Core Scientific Inc. (CORZ) vendeu quase 7 mil BTC a um preço médio de US$ 23 mil cada. Argo Blockchain (ARB) também vendeu quase US$ 15,6 milhões em bitcoin para cobrir despesas operacionais.
Ao analisar rapidamente o preço de suas ações, empresas de mineração cripto também foram bastante afetadas pelo brutal mercado de baixa.
As ações da Marathon Digital Holdings (MARA) e da Riot Blockchain (RIOT) caíram 73% no ano enquanto a da Core Scientific registra uma queda de 81% no ano. Se o preço do bitcoin continuar caindo, a porcentagem de queda dessas ações pode seguir o ritmo.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.