Por que os NFTs avançaram em 2022 enquanto as criptomoedas só caíram

Autor comenta o papel das celebridades e influenciadores na adoção e disseminação dos tokens não fungíveis
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Foto: Shuttestock

Os NFTs, mesmo sendo um dos segmentos mais recentes do mercado de criptomoedas e blockchain, são um dos maiores destaques do setor. A alta taxa de adoção pública levou a uma disparada da produção e negociação de tokens não fungíveis em 2021, com um aumento de 38.000% nas transações.

Essa tendência continuou em 2022. Na liderança estão as empresas de esportes e grifes de moda, que lançam itens de coleção na forma de NFTs e agitam os interesses dos consumidores de artigos de luxo. Esses tokens são negociados em mercados próprios, sendo o maior deles o OpenSea.

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Em janeiro deste ano, foi registrado pela primeira vez um volume de negociações mensal no valor de US$ 4 bilhões. A quantia está 20% acima do valor do pico anterior, que havia ocorrido em agosto de 2021 e que foi de US$ 3,4 bilhões.

Isso vai, de certa forma, contra o movimento geral de queda de todo o setor de blockchain e criptomoedas, que vem sofrendo com uma desvalorização considerável no mês de janeiro. Nos últimos sete dias, o Bitcoin (BTC) acumulou queda de aproximadamente 8%.

No momento, a moeda opera próxima dos US$ 36 mil. As outras criptomoedas, como o Ether (ETH), também são fortemente norteadas pela tendência do Bitcoin e seguem tendo o mesmo destino. Se observarmos as 100 maiores criptomoedas do mercado, nenhuma segue em alta. 

A tendência da alta de juros entre os bancos mundiais, como uma medida anti-inflacionária, é uma das principais causas que têm levado os investidores a retirarem suas posições em criptomoedas, mesmo que com prejuízo, e realocarem seu capital em estratégias de menor risco.

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Os investidores do mercado de NFTs, contudo, não pensam assim. A categoria tem sido vista, cada vez mais, como um ativo de valor à prova de futuro, ou seja: um investimento que só tende a acumular valor com o tempo.

Um dos motivos para que essa hype não só continue, mas cresça ainda mais, tem sido o papel de celebridades e influenciadores na sua adoção e disseminação.

O papel de influência das celebridades

Há muitas celebridades interessadas no assunto, dentre elas os americanos Eminem, Jimmy Fallon, Snoop Dogg e Britney Spears. Eles foram alguns dos que adquiriram peças da Bored Ape Yacht Club, uma coleção de NFTs composta de figurinhas de macacos digitais, da blockchain Ethereum. Essa coleção é uma das mais valiosas e populares atualmente, com valor mínimo de 71 ETH. 

O jogador de futebol brasileiro Neymar, por exemplo, adquiriu dois desses macacos na semana passada. A operação ocorreu na plataforma OpenSea, e foi avaliada em cerca de R$ 6,2 milhões

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Essas estampas podem ser usadas como avatares no Twitter, e funcionam como um passe para um clube social de famosos e milionários. O próprio Twitter anunciou que irá implementar um mecanismo de verificação oficial para quem possuir avatares NFT, disponibilizando uma borda hexagonal ao invés do círculo tradicional.

Shaquille O’Neal, ex-atleta da NBA, também adquiriu duas peças da coleção de NFTs “Creature World”, pelo valor de US$ 20 mil, e possui macacos do BAYC (Bored Ape Yacht Club). Mas um dos maiores investidores do mundo é o cantor Snoop Dogg, que possui uma carteira de NFTs no valor de US$ 20 milhões sob o pseudônimo “Cozomo de’ Medici”.

É fato que celebridades, ao fazerem parte de trends e adquirirem NFTs, causam inveja e instigam outras celebridades a fazer o mesmo, criando um movimento cultural de ostentação de consumo. O público geral, por sua vez, segue o exemplo de seus ídolos e consagra a prática entre o restante da população, através de movimentações menos dispendiosas, porém numerosas. É assim que os NFTs têm se consagrado entre as várias esferas sociais.

Em alguns casos, eles até extrapolam o ecossistema blockchain, influenciando o mundo real. Um exemplo foi o da própria Bored Apes, que se associou à Adidas para o primeiro lançamento de NFTs da empresa. Além disso, há um jogo para celular sendo desenvolvido, e um dos macacos saiu na capa da revista Rolling Stone no ano passado.

Conclusão

O mercado de criptomoedas tem apresentado uma queda contínua, desde novembro de 2021 até hoje. O Bitcoin, por exemplo, saiu de um pico de US$ 68 mil para próximo do valor de US$ 36 mil, uma queda de 47% em cerca de 3 meses.

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Apesar de os NFTs fazerem parte do ecossistema das blockchains e das criptomoedas, e serem negociados em Ether ou outros tokens, eles não passaram pelo mesmo fenômeno de desvalorização.

Pelo contrário, a popularidade e o volume de negociações seguem maiores do que nunca. Os principais motivos são sua consolidação como moda e movimento cultural entre celebridades e milionários, além de seu comportamento como obras de arte raras e artigos de coleção, investimentos que tendem a se valorizar com o tempo.

Sobre o autor

Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. Atua como Business Development Manager Brasil na Kucoin.