Imagem da matéria: Por que o Bitcoin não para de subir, segundo os analistas do MB Research
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A última semana foi conturbada para o mercado de criptoativos. As preocupações ao redor do setor bancário nos Estados Unidos acabaram afetando a stablecoin USDC da Circle e acabaram culminando no rali bullish da segunda-feira (13). O bitcoin e o ether fecharam a semana quase no zero a zero com -1,39% e 1,35%, respectivamente.

Gráfico
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Preço e volume do Bitcoin e Ethereum, apurado às 21h (UTC-3) do dia 12/03/2023. Fonte: Messari

Ao contrário do que muitos vão defender, a crise bancária americana não começou através do setor de criptomoedas e sim através das ações do FED nos últimos meses. A rápida e intensa escalada nos juros americanos provocou um rombo no balanço das instituições bancárias através do investimento em títulos do tesouro de longo prazo. 

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Com a liquidação voluntária do Silvergate no início desta semana, a atenção logo se voltou para o Silicon Valley Bank (SVB), que além de oferecer seus serviços para empresas do setor de criptomoedas, também era o banco de boa parte das startups que receberam investimentos de venture capital nos Estados Unidos.

No início da semana, o banco SVB anunciou que faria uma venda de equity para cobrir alguns prejuízos no balanço causados pelos títulos de longo prazo. O anúncio provocou preocupação em participantes do mercado que começaram a sacar seu dinheiro e, com o aumento dos saques, o pânico acabou gerando uma bankrun e quebrando o banco.

De imediato, a situação do SVB acabou gerando preocupação no mercado de criptomoedas, principalmente devido à relação do banco com a Circle, emissora da stablecoin USDC. O SVB era um dos custodiantes dos ativos que servem de colateral para a emissão da stablecoin e sua insolvência provocou a perda da paridade entre o USDC e o dólar americano.

Variação do preço do USDC em relação ao dólar. Fonte: TradingView

A paridade entre os ativos só iria retornar no início desta semana com rumores de um provável bailout ao SVB.

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Com a abertura do mercado na segunda-feira, o pânico estava instaurado no setor bancário americano, isto porque geralmente os bancos não vão à falência sozinhos, com alguns papéis apresentando prejuízo de mais de 60% no pré-market. Com o risco de uma catástrofe financeira nos Estados Unidos, o mercado começou a precificar uma postura muito mais dovish do FED e a possibilidade de um retorno ao Quantitative Easing.

O mercado cripto recebeu muito bem a notícia, com o bitcoin liderando o rali em uma clara demonstração da utilidade das criptomoedas. Em meio ao caos no sistema bancário americano e a possibilidade de um novo bailout aos bancos, 14 anos após 2008, o Bitcoin provou seu ponto.

Satoshi estaria orgulhoso.

Capa do The Times, gravada no primeiro bloco do Bitcoin. Fonte: thetimes03jan2009.com

Destaque da semana

Entre os ativos com US$ 10 bilhões ou mais de capitalização de mercado, o destaque da semana fica com o BNB. A criptomoeda da exchange Binance viu uma valorização de 3,4% em meio ao cenário conturbado provocado pelas falências dos bancos associados ao setor cripto nos Estados Unidos. 

Ativos com Capitalização de Mercado superior a US $10 bilhões, apurado às 21h (UTC-3) do dia 12/03/2023. Fonte: Messari

Análise on-chain

Após dias de queda no saldo de bitcoin nas carteiras de investidores de longo prazo (LTHs), voltamos a ver um crescimento com o evento da insolvência do Silicon Valley Bank. Os LTHs adicionaram mais de 15 mil BTC a suas posições desde a última terça-feira (07). 

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Quantidade de bitcoins nas mãos dos investidores de longo prazo (LTH). Fonte: Glassnode

O saldo de bitcoin em exchanges viu uma ligeira queda em meio aos eventos da última semana, com quase 20 mil BTC saindo de exchanges nos últimos sete dias. 

Porcentagem dos bitcoins na mãos de investidores há mais de um ano. Fonte: Glassnode

O tamanho de bloco no bitcoin fez novas máximas recentemente com a popularização dos NFTs na rede. O aumento do tamanho de bloco é saudável para o protocolo no longo prazo, o que traz mais receita para os mineradores e ainda garante a viabilidade do bitcoin mesmo em um cenário em que as recompensas de mineração diminuam ainda mais. 

Saldo de bitcoin em exchanges nos últimos 2 anos. Fonte: Glassnode

Conclusão

A situação dos bancos nos Estados Unidos é preocupante e tem tudo para marcar o ponto de virada na política monetária americana, já que um FED mais dovish é obviamente benéfico para os mercados. Entretanto, a inflação ainda não está completamente controlada. Os dados do CPI referentes ao mês de janeiro ilustram bem que, por mais que o FED esteja lutando contra o aumento de preços, a situação ainda não está completamente resolvida.

O rali do bitcoin em meio a um cenário de um provável bailout aos bancos é poético. O ativo foi criado em meio a crise financeira de 2008 e, 14 anos depois, estamos mais uma vez cogitando resgatar os bancos. A natureza do sistema fiduciário está escancarada para que todo o mundo possa ver. Satoshi, onde quer que esteja, deve estar sentindo orgulho de sua invenção.

Mesmo que a origem da derrocada dos bancos americanos esteja no aperto monetário promovido pelo banco central americano, a exposição dos bancos que quebraram até então a indústria de criptomoedas será utilizada como narrativa para que os reguladores sejam ainda mais hostis com a indústria e este pode ser o momento chave para o setor em solo americano.´

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Por fim, as métricas on-chain parecem refletir a mudança brusca de postura que o mercado espera do Federal Reserve.  

Sobre os autores

André Franco: André é Engenheiro Mecatrônico e Analista de criptoativos desde 2017, foi eleito uma das 50 maiores personalidades cripto do Brasil pelo Cointelegraph, com vasta experiência no mercado. André é atualmente o diretor de Research do Mercado Bitcoin.

Rony Szuster: Rony é Engenheiro Químico com pós-graduação em Engenharia de Software, imerso no mercado cripto desde 2019 e contribuidor do Messari Hub em 2021 e 2022. Atualmente integra a equipe de analistas de criptoativos do Mercado Bitcoin.

Lucca Benedetti: Lucca é estudante de Engenharia Química e um entusiasta do mercado desde 2015, tendo se tornado analista de forma profissional em 2021. Possui experiência no nascente campo de finanças descentralizadas (DeFi) e atualmente integra a equipe de analistas de criptoativos no Mercado Bitcoin.

Bernard Pedra: Bernard é estudante de blockchain e criptografia digital e entusiasta do mercado desde 2019 com experiência prática no campo de tokens-não-fungíveis (NFT). Atualmente integra a equipe de analistas de criptoativos no Mercado Bitcoin.

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