Por que o Bitcoin não para de cair na visão destes três especialistas

Especialistas ressaltam que alta de juros faz investidores quererem sair dos mercados de risco e liquidarem criptomoedas
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(Foto: Shutterstock)

As liquidações de investidores avessos ao risco parecem estar no centro da reposta para a pergunta: “Por que o Bitcoin despencou dessa vez?”. A principal criptomoeda do mercado opera em queda de 9,49% na tarde desta sexta-feira (21).

O Portal do Bitcoin conversou com especialistas para tentar entender o que está motivando essa desvalorização. Alguns pontos são citados por diferentes pessoas: aversão ao risco, players não acostumados com a volatilidade do mercado cripto, alta de juros e inflação.

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“Estamos vendo esse movimento no mercado de criptoativos muito em linha com essa liquidação de contratos futuros. Foram mais de US$ 500 milhões de dólares liquidados nas últimas 24 horas e isso acaba derrubando o preço à vista”, afirma Henrique Teixeira, country manager da Ripio no Brasil.

O executivo elencou as razões para as quedas tanto da primeira semana do ano como dessa sexta (21): alta de juros e inflação, tornando os investimentos em renda fixa mais atrativos.

“Prefiro ficar de pijama em casa e ter o meu recurso investido num produto de menor risco, já que a taxa de juros está maior. Vemos essa migração ocorrendo não só aqui no Brasil, mas em vários países do mundo e também nas bolsas de valores.”

Compradores que não entendem

Para o analista Marcel Pechman, o Bitcoin deu azar do ETF ter sido aprovado justamente num momento que o FED começou a colocar temor no mercado dizendo que vai aumentar juros.

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“Infelizmente, muita gente entrou no oba-oba do ETF e deu azar, é assim mesmo. Quem entra sem entender o que está comprando acaba capitulando na primeira queda de 30% a 60%, e é isso que está acontecendo”, afirma.

Pechman lembra que entre o período de 11 de novembro e 5 de janeiro o índice de ações MSCI China caiu 15%, seu menor nível desde maio de 2020. “Isso não ocorreu no Bitcoin, por exemplo, estamos 337% acima daquela data”, ressalta.

O analista faz um diagnóstico mais amplo do momento. “Quando você injeta US$ 12 trilhões em 18 meses [se referindo aos pacotes de estímulos dos EUA durante a pandemia], isso supera qualquer esforço ou impacto de oferta-demanda, em todos os ativos. Estamos falando de aumentar a base monetária em 40%, portanto qualquer outro número desaparece perto disso: a receita das empresas de vacina nos últimos 18 meses foi de US$ 0,5 trilhão. Portanto, quando você joga os juros reais no mundo todo para negativo, incentivando as empresas a se alavancarem, distorce absolutamente tudo. Basta olhar o gráfico do Bitcoin em comparação ao milho, ou às ações de empresas S&P500 contra os imóveis nos EUA: tudo andando em sincronia”.

Ano Novo Chinês

Para Fabrício Tota, diretor de novo negócios do Mercado Bitcoin, a queda ainda é uma extensão da tendência de aversão a risco, que é verificada não só no mercado cripto, mas em outros setores também.

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“Essa especificamente foi puxada pela Ásia e foi bastante expressiva e talvez tenha mais espaço para queda. Nada muda no racional de longo prazo, mas este curto prazo teremos um momento mais nervoso”, afirma.

O executivo ressalta que haverá menos volume no mercado, pois está chegando o Ano Novo Chinês, que é o principal feriado do país, e isso afeta as negociações negativamente. “Em termos de capital a China é muito relevante no universo cripto, mesmo com as proibições”.