Uma apreensão de droga de rotina teve uma reviravolta surpreendente no Chile quando a unidade de polícia investigativa do país (PDI) descobriu que os suspeitos não estavam apenas traficando substâncias ilícitas, mas também estavam executando uma operação completa de mineração de Bitcoin.
O jornal local El Mostrador informou que, em 6 de setembro, a Brigada Antinarcóticos da Região Metropolitana Sul de Santiago invadiu uma propriedade investigada na capital de Santiago, situada em um bairro chamado La Cisterna. Foi a terceira operação contra o grupo e, de acordo com o relatório, a polícia descobriu e apreendeu 36 quilos de maconha, uma impressora para comprimidos de ecstasy, 43 gramas de cetamina e um setup de computadores.
A polícia disse que encontrou uma série de máquinas interligadas e conectadas, emitindo grandes quantidades de calor e ruído em um dos quartos da propriedade. As autoridades no local chamaram a brigada de crimes cibernéticos, que confirmou uma operação de mineração de Bitcoin.
“Este é um evento sem precedentes”, disse Eduardo Gatica, chefe da Brigada Antinarcóticos, ao El Mostrador. “Esta é a primeira vez que o tráfico de drogas foi ligado tão diretamente à mineração de criptomoedas.”
A mineração de Bitcoin
A mineração de Bitcoin é um componente central da rede de criptomoedas. Os computadores especializados conhecidos como ASICs utilizam uma infinidade de fontes de energia para se juntarem a uma competição global para encontrar um número aleatório específico. Em média, a cada dez minutos, um computador encontra o número e pode adicionar o mais novo bloco de transações à blockchain do Bitcoin.
Atualmente, um minerador de Bitcoin recebe 6,25 BTC para cada bloco que adiciona à cadeia – no valor de cerca de US$ 27.210 até o momento.
De acordo com o El Mostrador, a polícia apreendeu 19 das máquinas de mineração, embora apenas dez estivessem em funcionamento.
A razão pela qual apenas algumas das máquinas estavam funcionando era porque a rede elétrica local não suportava que todas as 19 máquinas trabalhassem simultaneamente, disse Luis Orellana, chefe da unidade de crimes cibernéticos de Santiago.
As autoridades da Região Metropolitana suspeitam que a sofisticada configuração de mineração foi para fins de lavagem de dinheiro, embora tenham deixado claro que a mineração cripto não é uma atividade ilícita. A polícia alega que os criminosos agora detidos estavam comprando máquinas com renda do tráfico de drogas, canalizando-as para sua operação de computação e, em seguida, trocando pesos chilenos por Bitcoin.
Essa não é a primeira vez que as autoridades encontram grupos criminosos que usam criptoativos no país, segundo o El Mostrador. Uma gangue conhecida como Tren de Aragua, que opera principalmente no norte do Chile, foi interceptada com US$ 4 bilhões de pesos (cerca de US$ 4,5 milhões de dólares) em ativos digitais.
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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