Celular com logo do Pix sob bandeira do Brasil
Shutterstock

Apesar dos avanços na inclusão financeira, uma parcela significativa da população brasileira permanece desbancarizada, dependendo fortemente de produtos ou serviços financeiros alternativos. O Pix e seu sucesso estrondoso com mais de 159 milhões de usuários (em dezembro de 2023), revolucionou as transações financeiras.

Mas o Pix poderia ser mais do que apenas uma forma rápida e conveniente de enviar dinheiro? Poderia servir como plataforma de inovação para um futuro financeiro mais descentralizado e inclusivo para os brasileiros, especialmente aqueles que atualmente não têm acesso a toda a gama de serviços financeiros tradicionais?

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Construindo sobre a base de inovação do Pix: Open Finance para uma nova era

Imagine aproveitar a infraestrutura robusta do Pix para criar um ecossistema financeiro de próxima geração baseado em sistemas descentralizados. Isso poderia capacitar os brasileiros a gerenciar ativamente seus dados e participar de uma gama mais ampla de atividades financeiras, potencialmente transformando o cenário de pagamentos, empréstimos e investimentos.

APIs abertas seriam cruciais, permitindo a integração perfeita com aplicativos e serviços financeiros inovadores, alinhando-se com a visão de um sistema financeiro mais aberto e inclusivo. Iniciativas de educação financeira também seriam cruciais para equipar os brasileiros com as habilidades necessárias para navegar neste novo e potencialmente complexo cenário financeiro.

Descentralização: Uma mudança de paradigma

Empoderando usuários com autoidentidade soberana (SSI): Inspirado por uma tendência global crescente em direção ao SSI (Self-Sovereign Identity), um sistema baseado em Pix poderia permitir que os brasileiros controlem seus dados financeiros por meio de carteiras SSI. Isso promove privacidade, segurança e capacita os indivíduos a tomarem decisões financeiras informadas, concedendo controle granular sobre o acesso aos dados.

Além dos Sistemas Tradicionais: Pesquisas pioneiras sugerem mecanismos alternativos para verificar a capacidade de crédito, além dos métodos tradicionais baseados em ativos. Um sistema baseado em Pix poderia explorar esses mecanismos, permitindo que uma gama mais ampla de brasileiros participe de atividades financeiras, especialmente aqueles atualmente com acesso limitado a produtos financeiros, apesar de bancarizados.

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Um cenário financeiro programável: O futuro está próximo

Pix como trilhos para o dinheiro programável: Imagine um futuro onde o Pix facilite a movimentação não apenas da moeda fiduciária, mas também do dinheiro programável (ativos digitais) construído em protocolos abertos.

Isso poderia desbloquear novas funcionalidades como poupança automatizada, estratégias de investimento autoexecutáveis e contratos de empréstimo programáveis, potencialmente disruptando instituições financeiras tradicionais e estruturas de empréstimo.

Contratos inteligentes e automatizando processos financeiros: Imagine um sistema baseado em Pix integrando-se perfeitamente com contratos inteligentes — acordos automatizados que são executados com base em condições predefinidas. Isso poderia agilizar processos financeiros, como poupança automática, pagamentos de empréstimos e/ou execução de garantias.

A oportunidade brasileira: inclusão financeira e eficiência

Fechando a lacuna de inclusão financeira: Com a base do Pix e os princípios das Finanças Descentralizadas, um ecossistema financeiro mais inclusivo poderá surgir.

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Isso pode oferecer maior flexibilidade, conveniência e taxas potencialmente mais baixas, alcançando a população bancarizada mas com limitado acesso a produtos financeiros, promovendo ampliação da inclusão financeira — aspecto crucial necessário para o desenvolvimento do Brasil.

Um ecossistema mais eficiente: O dinheiro programável e os contratos inteligentes têm o potencial de agilizar processos financeiros, potencialmente reduzindo custos de transação e aumentando eficiência em todo o panorama financeiro.

Desafios e o caminho a seguir

Superando a divisão digital e promovendo a educação financeira: O acesso limitado à internet em algumas regiões e a potencial falta de educação financeira continuam sendo obstáculos. Parcerias público-privadas e soluções inovadoras são cruciais para conectar os desconectados e equipar os brasileiros com as habilidades necessárias para navegar neste novo território financeiro.

Regulação para a inovação: Estabelecer marcos regulatórios claros e coordenados para Open Finance e dinheiro programável é essencial para garantir a proteção do consumidor e a estabilidade neste ambiente financeiro em evolução.

Colaboração para o sucesso: Instituições financeiras tradicionais e players inovadores têm oportunidades de colaboração. Ao aproveitar a infraestrutura do Pix e modelos financeiros de ponta, eles de forma colaborativa podem criar um ecossistema financeiro mais inclusivo e eficiente para todos os brasileiros.

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Olhando para o futuro: Um futuro financeiro programável

O futuro do dinheiro no Brasil tem um potencial imenso. O Pix, combinado com os princípios das Finanças Descentralizadas e conceitos de dinheiro programável, poderia abrir caminho para uma nova era de inovação financeira.

Sobre o autor

Gustavo Castro e Silva é sócio na DM, ocupou posições de liderança em private equity, venture capital e instituições financeiras no Brasil e no exterior com foco em project finance, tecnologia e value creation. Advogado de formação, possui mestrado em Direito Bancário e Societário pela Northwestern University e MBA pela Massachusetts Institute of Technology.

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