A conclusão de um estudo feito por pesquisadores de uma universidade do Qatar pode preocupar muita gente: “Mostramos que ao usar Bitcoin como método de pagamento em serviços tipo Tor, há vazamento de informações que podem ser usadas para revelar a identidade dos usuários”.
Isso pode significar que quem usou os serviços do Silk Road — mesmo que esteja fora de funcionamento desde 2013 — pode ser rastreado e identificado.
Pseudoanonimato
Segundo o estudo, publicado no dia 23 de janeiro, a possibilidade de identificação se deve ao modelo de pseudoanonimato do Bitcoin. “Ao investigar o histórico de transações no Blockchain, as pessoas podem linkar usuários que divulgam seus endereços de Bitcoin em redes sociais, com serviços anônimos, que por sua vez compartilham esses endereços nas próprias landing pages”.
No experimento, os pesquisadores conseguiram encontrar diversos usuários de serviços anônimos, incluindo WikiLeaks, Silk Road e Pirate Bay, por meio de perfis no Twitter e no fórum Bitcoin Talk. “Ao usarmos informações públicas dos perfis, conseguimos mostrar estudos de caso concretos nos quais o anonimato foi quebrado”, diz o paper.
Transações suspeitas
Em mais de 100 casos, os cientistas do país árabe foram capazes de relacionar transações suspeitas no blockchain com perfis públicos não anônimos. Além disso, em 20 casos os indivíduos fizeram pagamentos nos serviços anônimos do Tor, incluindo Silk Road e Pirate Bay.
Os pesquisadores afirmam que usaram métodos disponíveis a todo mundo. Encontravam endereços de Bitcoin e depois procuravam seus donos. O caso remete à própria natureza da criptomoeda que é sua vantagem e desvantagem: não é controlada por ninguém, mas o blockchain funciona como um livro-caixa aberto que registra toda e qualquer transação — para sempre.