Mão operando um hologrma
(Foto: Shutterstock)

Vivemos em uma era em que a transformação digital molda os alicerces de diversas indústrias, e o mercado financeiro não está à margem dessa revolução. 

A tokenização surge como protagonista nesse cenário, e recentemente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil expressou sua visão sobre esse fenômeno, sinalizando uma compreensão além da simples digitalização de ativos.

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Por isso, decidi escrever esse artigo desmistificando os Tokens Naturais e a evolução da infraestrutura financeira.

O entendimento da CVM sobre Tokens Naturais Digitais

Recentemente, a Exame lançou uma reportagem intitulada “CVM ‘não quer matar a inovação’: superintendente defende ‘tokens naturais digitais’”. No texto, é revelada uma perspectiva interessante por parte da CVM. 

Segundo Bruno Gomes, superintendente de securitização e agronegócio da CVM, o futuro dos ativos tradicionais envolve nascerem como tokens, eliminando a necessidade de serem tokenizados posteriormente.

A ideia central reside no conceito de “tokens naturais digitais”, que, na minha visão, coincide com o que eu chamo de “Tokens Programáveis”. A CVM, ao que parece, está alinhada com a compreensão de que a tokenização vai além da mera representação digital de ativos.

Desmistificando os Tokens Naturais e os Tokens Programáveis

Vamos esclarecer um ponto crucial aqui. Quando a CVM menciona “tokens naturais digitais”, está se referindo à ideia de ativos já nascendo como tokens, sem a necessidade de uma transformação posterior. 

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Isso se alinha perfeitamente com a minha interpretação de “Tokens Programáveis”. Esses não são apenas números em uma blockchain, são contratos programados que carregam consigo uma gama de informações sobre o ativo.

A analogia apresentada por Gomes sobre as debêntures tokenizadas é esclarecedora. Ao tokenizar um ativo existente, cria-se uma camada adicional, aumentando custos e complexidade. 

Por outro lado, os “Tokens Programáveis”, ou “tokens naturais digitais”, nascem dentro da blockchain, proporcionando eficiência desde o início para os mais diversos ativos e operações financeiras.

O valor dos tokens programáveis na infraestrutura financeira

Agora, vamos explorar o universo dos tokens programáveis. Esses tokens têm o poder de carregar informações detalhadas sobre o ativo, suas regras operacionais e até mesmo a vida útil dessas informações durante a operação. 

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O conceito é revolucionário, transformando o modo como concebemos a infraestrutura financeira.

Ao considerar um exemplo prático, como os Tokens de Investimento em Direitos Creditórios (TIDCs), fica evidente que esses tokens programáveis não são apenas representações digitais, eles são contratos inteligentes que consolidam e controlam informações durante toda a operação financeira.

Além disso, Bruno Gomes destaca o papel crucial do Drex, a moeda digital desenvolvida pelo Banco Central com previsão de lançamento para 2024. 

O Drex não apenas impulsionará a tokenização, mas também abrirá as portas para os tão mencionados “tokens naturais digitais”. 

Ao utilizar o Drex como canal para alimentar e negociar tokens, elimina-se a necessidade de negociação no mercado físico ou no mercado digital que não se comunica com a infraestrutura (como o Pix), proporcionando uma interconexão mais eficiente.

CVM e inovação: a evolução global e o potencial do mercado de capitais brasileiro

A postura da CVM em relação à inovação é clara. O estabelecimento do Centro de Inovação e Regulação Aplicada (CRIA) em parceria com o Instituto Brasileiro de Finanças Digitais (FinanceLab) evidencia o compromisso em criar regulações que promovam o desenvolvimento de novas tecnologias no setor financeiro.

As palavras de Bruno Gomes ressoam: “As portas da CVM não estão nada fechadas para a inovação, estão super abertas”. A abordagem criativa da CVM alinha-se à visão de um mercado de capitais mais democrático, inclusivo e sustentável.

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O TIDC, inclusive, foi um dos projetos selecionados para participar do CRIA, e, a partir do case na prática, vamos analisar os impactos das operações do TIDC nas normas do regulador, pauta super relevante para as mudanças necessárias para o futuro da tokenização.

Embora a tokenização esteja se expandindo globalmente, é imperativo olhar para o Brasil como uma potência emergente nesse cenário. Com reguladores como o Banco Central e a CVM demonstrando apoio e compreensão, o mercado de capitais brasileiro tem um potencial significativo para liderar a adoção de soluções baseadas em tokens.

A visão da CVM sobre os “tokens naturais digitais” é um passo significativo na trajetória da inovação financeira no Brasil e nós como empresas ou pessoas participantes do mercado podemos abraçar e liderar essa transformação. 

Os Tokens Programáveis não são apenas o futuro, são o presente, moldando uma nova era de eficiência e acessibilidade no mercado de capitais.

Em um ambiente onde as portas da CVM estão abertas para a inovação, é nossa responsabilidade explorar as possibilidades oferecidas pelos tokens programáveis, construindo uma infraestrutura mais robusta e eficiente para o benefício de todos os participantes do mercado financeiro brasileiro.

O futuro é digital, e a tokenização é a chave para desbloquear um mercado de capitais mais dinâmico, transparente e acessível. A revolução já começou, e a pergunta é: você está pronto para embarcar nessa jornada transformadora?

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Sobre o autor

Daniel Coquieri é CEO da empresa de tokenização de ativos Liqi Digital Assets. Empreendedor do ramo da tecnologia, foi fundador da BitcoinTrade, uma das maiores corretoras de criptomoedas do Brasil.

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