Essa semana tivemos o início de negociações na bolsa de valores B3 do HASH11, ETF que representa uma cesta de criptomoedas. Conforme esperado, as cotas estão negociando com um prêmio para o valor dos ativos contidos no fundo.
Os administradores do fundo, além da taxa de administração, que pode chegar a 1,3% ao ano, cobram 5,5% para criar uma nova cota. Ou seja, quanto mais taxas e custos, maior o prêmio sobre o valor de face. Pense no Iphone vendido no Brasil, cujo valor é sensivelmente maior por conta dos impostos e burocracia para importar e vender produtos por aqui.
As vantagens do ETF
Primeiramente, os clientes que já possuem conta em corretoras autorizadas da bolsa de valores, que são mais de 2,5 milhões, podem negociar essas cotas sem burocracia. Desse modo, não é necessário realizar cadastro em exchange de criptomoedas, nem tampouco transferir valores para outras instituições.
Além disso, a custódia (guarda) das criptomoedas é feita por empresas internacionais renomadas, além de auditoria da KPMG. Nem toda empresa ou fundo de investimento pode investir diretamente em diamantes, imóveis, ouro, ou Bitcoin.
As desvantagens do ETF
Primeiramente, as porcarias contidas na cesta de ativos, que segue fielmente o índice Hashdex Nasdaq Crypto Index. Até pouco tempo atrás, isso incluía XRP, que foi removida da Coinbase após imbróglio com a justiça norte-americana. De qualquer maneira, segue contendo BCash (BCH), outra moeda que já foi removida de diversas exchanges.
No caso do ETF da QR Capital (QBTC11), a ser lançado, já não existe este risco. Tampouco foi divulgado qual será o custo de criação destas cotas. De qualquer modo, um produto melhor, considerando que aloca 100% do capital em Bitcoin.
Por último, temos a questão tributária. Fundos contam com o famoso “come-cotas”, que tira parte dos ganhos mesmo quando não há venda do ativo. Além disso, não existe a isenção para vendas de até R$ 35.000 por mês, que existe na negociação do Bitcoin verdadeiro.
ETF é bom para daytrade?
Não, por conta de seu horário de negociação limitado. Se o objetivo é giro, certamente o investidor deve procurar uma exchange com baixo custo de corretagem. Cabe lembrar que a maioria oferece um sistema escalonado, ou seja, quanto maior o volume, menor a taxa.
Quem se beneficia do ETF?
Veículos que simplesmente não podem comprar Bitcoin diretamente, seja por questões regulatórias, tributárias, ou regimento interno. São os fundos de pensão, PGBL, empresas, gestoras de fortunas, ou entidades onde só é permitido investir em ativos listados em bolsa de valores.
Apesar de não ser o produto ideal para todos, certamente é um motivo de celebração e algo positivo para a indústria. Agora, se você pode ter Bitcoin de verdade, com custódia própria, melhor.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas.