O que está acontecendo com o Wrapped Bitcoin (WBTC) no Ethereum?

O principal token “empacotado” perdeu a sua paridade com o Bitcoin na semana passada. Entenda o que isso significa para o setor de criptomoedas
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Um importante token “empacotado” quase se tornou o mais recente produto cripto a ser prejudicado pelas consequências do caos da FTX, que entrou em colapso no início de novembro. 

O Wrapped Bitcoin (WBTC) é a 23ª maior criptomoeda do mundo, com um valor de mercado de US$ 3,5 bilhões. Ela é executada na rede Ethereum, a blockchain líder para aplicações DeFi e NFTs, e é um token sintético que se destina a representar o Bitcoin

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O objetivo principal com o WBTC é permitir que os traders que queriam usar suas reservas de Bitcoin no ecossistema Ethereum possam fazer isso com tokens pareados um para um pelo Bitcoin. É assim que os detentores de Bitcoin podem interagir com as ferramentas DeFi sem gastar mais dinheiro em Ethereum.

É uma ferramenta importante no mundo DeFi—produtos financeiros que permitem que seus usuários façam empréstimos, emprestem ou negociem ativos digitais sem intermediários de terceiros. Nas últimas 24 horas, mais de US$ 88 milhões em tokens WBTC foram negociados, de acordo com o portal CoinGecko. 

Mas na semana passada, o token perdeu sua paridade, deixando de valer um para um frente ao Bitcoin, segundo a empresa de dados blockchain Kaiko. Desde que a FTX explodiu no início de novembro, a WBTC negociou em exchanges com desconto para o Bitcoin—algo que não deveria acontecer, se o token é indexado um para um pela maior criptomoeda.

“A maior versão “wrapped” do bitcoin na rede Ethereum, WBTC, foi negociada com um desconto persistente para o BTC desde meados de novembro, caindo para -1,5% na sexta-feira”, escreveu a empresa em um post no blog na segunda-feira (30). 

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“Embora um WBTC deva sempre ser resgatável por um BTC através de traders oficiais, o token também é negociado em mercados abertos, o que significa que seu preço em relação ao BTC pode flutuar.”

A empresa acrescentou que gráficos compartilhados no Twitter – que alegavam que a falida Alameda Research era o principal comerciante do WBTC – assustaram os investidores que achavam que o token não poderia realmente ser lastreado por reservas de Bitcoin. Isso não é verdade, disse Kaiko, acrescentando que as reservas podem ser “confirmadas on-chain.”

A Alameda Research foi criada pelo ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried. Ela caiu com a FTX depois que se tornou aparente que o dinheiro dos clientes da exchange estava sendo usado pela empresa comercial—algo que, em última análise, não é sustentável. 

$WBTC is trading at a .5% discount to BTC.

In our latest Data Debrief, we explore:

– concern over wrapped assets
$stETH discount
– the $CRV manipulation attempt
– derivatives activity

and much more! ⬇️https://t.co/xZDmhHsQGX

— Kaiko (@KaikoData) November 28, 2022

A empresa de custódia cripto, BitGo, é a principal custodiante do WBTC. Seu COO, Chen Fang, disse no Twitter que os rumores de que o WBTC não foi lastreado individualmente pelo Bitcoin eram “notícias falsas.” A BitGo não respondeu aos pedidos de resposta do Decrypt

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“Não preocupa”

Kieran Mesquita, um desenvolvedor por trás do projeto de privacidade DeFi, Railgun, disse ao Decrypt que, por enquanto, a perda de paridade do token não é algo que deva gerar preocupação. 

“O WBTC não perdeu sua paridade de forma significativa (~2% em seu pico, que foi rapidamente restaurado), até que isso aconteça, ele ainda continuará a funcionar como uma maneira de trazer o BTC para o DeFi no Ethereum”, disse ele. 

Por enquanto, o WBTC está de volta à paridade ao Bitcoin—algo que “sem dúvida gera um alívio” para os investidores no espaço DeFi, de acordo com a Kaiko. 

Mas Mesquita acrescentou que a perda do WBTC poderia trazer mais descentralização para o espaço, considerando que o principal custodiante do ativo é a BitGo, uma empresa centralizada. “A longo prazo, se o WBTC não recuperar a confiança, provavelmente será substituído por uma alternativa mais descentralizada”, disse ele.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.

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