O que esperar do mercado cripto brasileiro em 2024? | Opinião

Em 2024, um movimento de consolidação do mercado cripto é esperado no Brasil, com a base de investidores em expansão
Ilustração de bandeira do Brasil dentro moeda de Bitcoin

Marco Legal das Criptomoedas no Brasil foi sancionado em dezembro de 2022 (Foto: Shutterstock)

O Brasil vivencia uma grande evolução do mercado cripto em 2023, que vai além da negociação de criptomoedas. A adoção cripto aumentou de forma expressiva, com o crescimento do número de usuários, que alcançou 4,1 milhões. Além disso, a presença feminina no setor teve um salto importante no primeiro semestre, de acordo com dados da Receita Federal.

Aliado a esse movimento de crescimento da adoção cripto, a tecnologia blockchain desvela-se como a solução principal que será utilizada pelo Brasil para alcançar a economia digital, sendo usada em importantes projetos como a CBDC brasileira, o Drex.

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Somente entre janeiro e julho de 2023, o número de investidores de criptomoedas aumentou 186% no Brasil. Durante sete meses, o número de usuários saltou de 1,44 milhão para 4,1 milhões. Esse crescimento aconteceu em um momento de bear market e de recuperação de preço para as principais criptomoedas.

Em 2024, um movimento de consolidação do mercado cripto é esperado no Brasil, com a base de investidores em expansão, além da previsão do aumento da negociação de criptomoedas como o Bitcoin, com a aproximação do halving.

Halving e adoção cripto no Brasil

A cada quatro anos o mercado cripto experiencia uma importante movimentação nos preços e volume de negociação, catalisada pelo evento conhecido como halving. Em 2024, o halving do bitcoin está previsto para abril e sua aproximação pode ser responsável pela breve recuperação observada nas criptomoedas recentemente, com o bitcoin atingindo US$40 mil pela primeira vez em 2023.

Além de impactar o preço das principais criptomoedas, o halving pode estimular o aumento da adoção cripto no Brasil, acompanhando tendências de crescimento anteriores, como a observada em 2020, ano do último halving.

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Naquele ano, o número de usuários no Brasil aumentou em 100%, iniciando janeiro com cerca de 103 mil investidores e terminando em dezembro com quase 205 mil usuários. Se repetir esse mesmo crescimento em 2024, o mercado cripto brasileiro poderá alcançar mais de 8 milhões de investidores.

Esse número pode ser ainda mais expressivo se observamos o crescimento do mercado cripto brasileiro em 2023. Com um aumento de 186% na base de usuários entre janeiro e julho deste ano, a manutenção dessa taxa de crescimento resultaria em 11 milhões de usuários em 2024.

Tecnologia blockchain

A blockchain é uma solução que pode ser usada em projetos que vão além do mercado cripto. O sistema descentralizado de gerenciamento de dados dessa tecnologia disruptiva será base de desenvolvimento para o projeto piloto da CBDC brasileira.

Em 2024, o Drex será lançado através de uma edição piloto em uma fase de testes. Nesse primeiro momento, a CBDC brasileira será desenvolvida a partir de uma hyperledger criada pela tecnologia blockchain, a Besu.

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Portanto, a blockchain assumirá um papel de protagonista na criação do primeiro modelo do Drex. No próximo ano, a CBDC brasileira poderá ser testada através do Pix, em transações digitais de dinheiro, o que resultará em uma integração entre o sistema instantâneo de pagamentos e a tecnologia que ‘deu vida’ ao Bitcoin.

Além do uso para a criação de um ecossistema financeiro digital e descentralizado para o desenvolvimento do Drex, o Brasil explorará outro benefício da tecnologia blockchain em 2024, em um setor que necessita verificação de dados e autenticidade de informações: a criação de documentos digitais.

Com a proposta de unificação dos documentos em uma versão digital, a tecnologia blockchain foi adotada em um sistema de gerenciamento de dados para o desenvolvimento da carteira de identidade digital.

Por último, mas não menos importante, devo destacar que o regulador de valores mobiliários brasileiro também programou um piloto de tokenização para 2024, que impactará diversos setores financeiros do país nos quais poderão estar envolvidos imóveis, títulos, valores mobiliários, recursos florestais e outros setores de importância estratégica.

A utilização dessa tecnologia no processo de digitalização da economia brasileira por meio do Drex, na emissão de documentos digitais e na tokenização de ativos, destaca uma consolidação da adoção do blockchain no Brasil em 2024.

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Presença feminina

O aumento da adoção cripto também resulta da popularização do uso de criptomoedas no país. Em um recorte de gênero, observamos uma importante evolução na presença de investidoras no mercado cripto brasileiro.

Em janeiro de 2023, investidores do gênero feminino alcançaram cerca de 25% de presença no mercado cripto, ou seja, um a cada quatro investidores brasileiros eram mulheres.

Embora esse número tenha caído nos meses seguintes, houve uma recuperação da presença feminina desde maio até julho, com um crescimento de quase 50% observado em apenas três meses. No entanto, em volume de negociação a presença feminina continua em expansão, dados da Receita Federal mostram que elas representam 16,26% dos investidores atualmente. Mesmo com uma breve redução da presença feminina no primeiro semestre, em maio de 2023 as investidoras cripto bateram um recorde, atingindo 18,08% de participação nas negociações de criptomoedas em 2023.

Para 2024, a presença feminina deve continuar em expansão no mercado cripto brasileiro, com o aumento da negociação de criptomoedas como o bitcoin, com o halving se aproximando. Além disso, movimentos como a aprovação de ETFs spot de bitcoin nos EUA, podem reverberar no aumento da adoção cripto em 2024 em todo o mundo, incluindo o Brasil.

Sobre o autor

Pedro Gutierrez é business Development Manager LATAM da CoinEx.