A atividade de mineração de criptomoedas, seja de bitcoin, ethereum ou outro ativo, depende exclusivamente do que ela produz, ou seja, da emissão de novos tokens para compor sua receita e assim pagar contas como eletricidade, funcionários, equipamentos, aluguéis e, ufa, ainda tentar guardar algum lucro.
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Dado que os mineradores vivem — e em momentos difíceis, sobrevivem — com o que produzem, o que acontece com as grandes empresas do setor quando os preços dos ativos começam a cair sem parar, como ocorre atualmente, com o bitcoin em queda livre desde o início do ano?
Existem pelo menos três saídas — nenhuma delas fácil, no entanto — sugeridas em um artigo do editor do site Bitcoinist, Best Owie.
O autor diz que, frente ao chamado inverno cripto, as mineradoras já estão apertando os cintos – até mesmo gigantes listadas em bolsa, como a Marathon Digital e a Riot Blockchain. No mês passado, essas duas empresas já venderam mais bitcoins do que mineraram para conseguir capital e assim manter suas operações.
No entanto, não são somente as contas de luz e as folhas de pagamentos que compõem as despesas de muitas empresas de mineração. Elas também acumularam dívidas de compras de equipamentos feitas durante o mercado de alta.
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A Marathon, sozinha, tem US$ 260 milhões em pagamentos de máquinas para 2022, ressalta o artigo. Isso significa que, independentemente de o preço do bitcoin estar alto ou baixo, essas empresas precisam encontrar uma maneira de pagar essas máquinas.
É aí que entram as opções mais dolorosas.
Além de vender todos os bitcoins que detêm em seu balanço, o que efetivamente afundaria as empresas, as mineradoras públicas podem pegar dinheiro emprestado – fazendo dívidas – para pagar por essas máquinas, sugere o artigo. No entanto, devido ao curto prazo, essas dívidas teriam que ser financiadas com juros mais altos – e bem no momento em que quase todos os principais países, como os EUA, estão elevando suas taxas de juros.
Outra maneira, continua o autor, seria aumentar o patrimônio a uma avaliação mais baixa, dado o estado do mercado de criptomoedas. Trata-se, no entanto, de algo que as empresas estão relutantes em fazer. Além disso, eles poderiam decidir vender as máquinas já encomendadas para concorrentes com mais fluxo de caixa.
Por último, mas não menos importante, conclui Owie, as empresas deixariam de cumprir os pedidos de equipamentos que já foram encomendados, o que é mais provável nesses cenários. Isso empurraria mais máquinas de mineração de bitcoin para o mercado de varejo, o que, por sua vez, levaria a preços mais baixos para essas máquinas – um fenômeno que já vem acontecendo em alguns segmentos.
Se os preços das criptomoedas seguirem em queda, parece haver poucos finais felizes à vista para as empresas de mineração.