O futuro do dinheiro, um storytelling a ser acompanhado | Opinião

Cadu Moura comenta um debate importante sobre o futuro do dinheiro feito durante o Web Summit Rio
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Foto: Shutterstock

No segundo dia do Web Summit Rio, evento que está sendo realizado no Riocentro entre os dias 15 e 18 de abril, um bom tema foi abordado no Palco Central localizado no pavilhão 6, tratando sobre o futuro do dinheiro, com a imponente questão que todos que acompanham o mercado financeiro devem se fazer: “Digital or die”?

Para os debatedores presentes, o cofundador e membro da diretoria do Ebanx, Wagner Ruiz, e o CTO do Itaú Unibanco, Ricardo Guerra, isto já não é mais uma questão, e sim uma realidade, citando essencialmente o trajeto do Pix no Brasil de três anos para cá, e a eventual implementação da plataforma DREX, chamado de “Real Digital” nos espaços de discussão sobre o CBDC brasileiro.

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Particularmente prefiro sempre acompanhar as fronteiras de temas em debate, e o do dinheiro digital sempre me intrigou talvez por minha paixão pelo cinema e especialmente pelo gênero da ficção-científica quando falamos da total digitalização fiduciária chegar algum dia ao mundo.

Como a ficção geralmente é fatalista pela percepção do choque que a cultura se propõe para refletir, há de se ter ponderação na transição de um para outro, e se necessariamente um precisa substituir completamente o outro. E aqui fala meu outro lado cinéfilo, que é o de colecionador de mídias físicas, os nostálgicos DVDs e Blurays.

Se no consumo de cinema nos vemos presos às curadorias das indústrias no auge da era do streaming, e a necessidade de se ter mais conteúdo não mais exibido em mãos se torna algo valioso (porém cada vez mais nichado, como os LPs na música versus a mesma indústria do streaming), com o dinheiro não deveria ser diferente, com o debate de sua integral digitalização estando acompanhado do fim das cédulas físicas, numa cobertura de extremo otimismo e naturalidade que, ao meu ver, não cabe abraçar.

Nunca é bom analisar também qualquer cenário sob o viés exclusivo da catástrofe, mas elas acontecem, e a cada dia de forma mais repentina pois acompanha a velocidade e a forma da comunicação como um todo, cada vez mais resumida e sem acompanhar objetividade e clareza. Ë irônico que na era onde é mais fácil e ágil se comunicar a sociedade vai indo no caminho oposto, sem concentração para ler, refletir e pensar além do algoritmo de batalha.

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Ou seja, num ambiente de crise nos dias atuais, não temos como não pensar o que seria do “cloudmoney” num ataque a servidores, ou como big techs poderiam se aproveitar de conflitos entre Estados para vender soluções criptografadas alternativas em blokchains privadas de “BrandCoins” em tempos de guerra (como muitos se utilizam hoje de opções descentralizadas para o mesmo propósito).

Se o tempo me ensinou algo é que contextos palpáveis sempre vieram de reflexões não palpáveis como a do parágrafo anterior. Veremos os próximos capítulos na evolução das soluções fiduciárias digitais em andamento no mercado.