Nos últimos anos, a criptoeconomia brasileira tem testemunhado um crescimento exponencial, impulsionado tanto pelas fintechs como pela participação de grandes empresas do mercado financeiro tradicional.
Ao mesmo tempo, os órgãos reguladores e diversas iniciativas estão moldando o cenário dos criptoativos e tokenização no Brasil.
Participando ativamente deste setor há vários anos, organizei alguns dados de pesquisas para compartilhar as perspectivas que moldam esse cenário promissor.
O crescimento exponencial das criptomoedas no Brasil
O mercado de criptoativos no Brasil tem crescido a passos largos nos últimos anos, impulsionado por uma série de fatores.
Um levantamento realizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) em parceria com a Accenture, em agosto do ano passado, revelou a existência de mais de 40 fintechs atuando no setor de criptomoedas no país.
Essas empresas estão divididas em sete categorias: exchanges, tokenizadoras, infraestrutura, custódia, gestão, informações e educação e outros serviços.
Essa explosão de fintechs é um reflexo do crescente interesse dos brasileiros em criptoativos, e os números são impressionantes.
Segundo um estudo conduzido pelo Mercado Bitcoin em parceria com a Mosaiclab, cerca de 10 milhões de brasileiros já investem em criptomoedas, o que representa aproximadamente 5% da população adulta do país.
É importante destacar que esse número supera o de investidores que atuam na bolsa de valores, revelando uma preferência cada vez maior pelo mercado de criptoativos.
Outro dado relevante é o interesse dos brasileiros em entender mais sobre esse setor.
Dos 20,5 milhões de investidores que ainda não se expuseram a qualquer ativo digital, impressionantes 92% disseram ter interesse em aprender mais sobre esse mercado.
Além disso, a preferência pela forma de exposição aos criptoativos também foi analisada, com 65% dos investidores considerando o investimento direto em criptomoedas e 34% manifestando interesse em fundos de investimento.
O panorama das criptomoedas no Brasil e na América Latina
O cenário da criptoeconomia não é apenas promissor no Brasil, mas também em toda a América Latina (AL).
A região tem se destacado no cenário mundial, abrigando cinco dos 30 principais países no ranking de mercado de criptomoedas, de acordo com o relatório “The 2022 Geography of Cryptocurrency Report”, da Chainalysis.
O Brasil ocupa uma posição de destaque, figurando como o sétimo mercado global.
Entre julho de 2021 e junho de 2022, foram movimentados impressionantes US$ 562 bilhões em criptomoedas na América Latina, o que representou um crescimento de 40% em relação ao período anterior.
Esse cenário de expansão coloca a região como um grande caldeirão do movimento da criptoeconomia, com países como Argentina, Colômbia, Equador e México também figurando entre os 30 principais do índice.
Esses números refletem o potencial desse setor na América Latina, especialmente no Brasil, onde já existem 10 milhões de investidores ativos nesse mercado.
É um cenário que desperta a atenção de investidores e empresários do mercado financeiro tradicional, impulsionando-os a explorar as oportunidades oferecidas por esse novo ecossistema digital.
O papel da regulação na transformação do mercado cripto
Apesar do crescimento exponencial da criptoeconomia, a falta de regulamentação foi, por muito tempo, uma preocupação tanto para investidores quanto para empresas atuantes nesse mercado.
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No final de 2022, um levantamento da LCA Consultores, realizado a pedido da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), revelou que as exchanges estrangeiras sem domicílio no Brasil não pagavam os mesmos impostos que as corretoras nacionais, gerando concorrência desleal e insegurança no mercado cripto brasileiro.
Isso também resultava na perda de uma receita significativa para o país de aproximadamente R$ 250 milhões.
No entanto, a regulamentação do mercado cripto brasileiro está avançando de forma promissora.
Em junho deste ano, o governo federal publicou o decreto Nº 11.563, que designa o Banco Central como o órgão regulador do mercado de criptomoedas no país. Além disso, foi regulamentada a lei nº 14.478, conhecida como o Marco Legal das Criptomoedas, que entrou em vigor em junho de 2023.
Essa regulamentação traz maior segurança jurídica e transparência para os investidores e empresas que atuam no mercado de criptoativos no Brasil.
Com ela, questões como a concorrência desleal entre as exchanges serão endereçadas, promovendo um ambiente mais justo e equilibrado para todos os players desse ecossistema.
Essa medida também abre espaço para novas oportunidades de negócios e inovações, visto que as tecnologias disruptivas tendem a reduzir custos no mercado de capitais, beneficiando tanto as empresas quanto os investidores.
O Real Digital e a tokenização de ativos
Outro fator que impulsiona a criptoeconomia brasileira é o desenvolvimento do Real Digital. Grandes instituições financeiras têm se envolvido nesse movimento e o Itaú Unibanco já instalou o primeiro nó validador da blockchain, que será utilizado nos testes do Real Digital.
Esse projeto é um marco importante para o avanço da tokenização da moeda brasileira e sinaliza a relevância dessa tecnologia no mercado financeiro tradicional.
O Real Digital tem o potencial de revolucionar a economia do Brasil, fomentando a adoção de blockchain, principalmente via soluções que visam a conexão de empresas com os cryptoassets, como aquelas oferecidas pela Liqi.
A tokenização permite a digitalização de ativos reais, como imóveis e títulos, tornando-os mais acessíveis e líquidos, além de possibilitar a participação de investidores de diferentes faixas de renda.
Além disso, o piloto do Real Digital tem como foco testar questões de privacidade, e também o funcionamento da tecnologia e da experimentação da tokenização de títulos públicos.
Essa etapa é essencial para garantir a eficiência e a segurança dessa inovação que pode transformar a economia brasileira, criando novas oportunidades para o mercado de criptoeconomia.
Conclusão
O cenário atual da criptoeconomia no Brasil é extremamente promissor, com crescimento exponencial das fintechs e do número de investidores interessados em criptoativos.
América Latina também se destaca nesse movimento, posicionando o Brasil como o sétimo mercado global de criptomoedas. O avanço da regulamentação, por meio do decreto Nº 11.563 e do Marco Legal das Criptomoedas, é um passo importante para trazer mais segurança e eficiência ao mercado cripto brasileiro.
O desenvolvimento do Real Digital representa uma oportunidade única para impulsionar a criptoeconomia brasileira, por meio da adoção de soluções baseadas em blockchain e da tokenização de ativos reais. Essa inovação pode transformar a forma como investidores e empresas interagem com o mercado financeiro tradicional, criando novas possibilidades de negócios e democratizando o acesso a investimentos.
Como empreendedor diretamente relacionado a diversos pontos da criptoeconomia, vejo um futuro brilhante para esse mercado no Brasil. À medida que a regulamentação se fortalece e o desenvolvimento do Real Digital avança, estamos diante de uma onda de oportunidades e transformações que moldarão o futuro do cenário financeiro brasileiro.
Sobre o autor
Daniel Coquieri é CEO da empresa de tokenização de ativos Liqi Digital Assets. Empreendedor do ramo da tecnologia, foi fundador da BitcoinTrade, uma das maiores corretoras de criptomoedas do Brasil.
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