criptomoedas e celular com logo da FTX sobre notas de dinheiro
Foto: Shutterstock

O novo CEO da FTX, John J. Ray III, disse que o colapso da empresa foi causado por “um grupo muito pequeno de indivíduos grosseiramente inexperientes e pouco sofisticados.”

Em declarações preparadas antes de uma audiência do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara amanhã, o homem encarregado de reestruturar as finanças da empresa falida também afirmou que, apesar de sua experiência, ele nunca tinha visto “um fracasso tão absoluto dos controles corporativos.”

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Ray já lidou com algumas das maiores falências da história, incluindo o colapso da gigante da energia Enron. 

Os legisladores de Washington, D. C., iriam interrogar nesta terça-feira (13) o ex-CEO da exchange com sede nas Bahamas, Sam Bankman-Fried, sobre o colapso, mas ele foi preso ontem pelas autoridades do país à pedido dos EUA. A FTX já foi uma das maiores exchanges de ativos digitais do mundo antes de falir no mês passado. 

“Embora nossa investigação esteja em andamento e o veredito detalhado tenha que aguardar sua conclusão, o colapso do grupo FTX parece ser resultado da concentração absoluta de controle nas mãos de um grupo muito pequeno de indivíduos, extremamente inexperientes e pouco sofisticados, que não implementaram praticamente nenhum dos sistemas ou controles necessários para uma empresa que outras pessoas confiam dinheiro ou ativos financeiros”, disse Ray III no documento. 

Ele continuou dizendo que as “práticas inaceitáveis” as quais levaram ao colapso da FTX incluíam sistemas em vigor na exchange os quais permitiam que funcionários seniores da empresa acessassem os ativos dos clientes, o cruzamento de ativos, bem como a capacidade da Alameda Research de usar os criptoativos dos clientes para suas próprias negociações ou investimentos. 

A Alameda Research é uma empresa de trade, também fundada por Bankman-Fried, que supostamente usou criptomoedas da FTX para fazer apostas arriscadas. A Alameda negociou na FTX com alavancagem—pegando mais dinheiro emprestado do que tinha à disposição para fazer apostas—ostensivamente contra outros clientes da FTX. A empresa, no entanto, tinha “isenções secretas”de liquidações na exchange, o que significa que ela jogou por seu próprio conjunto de regras, de acordo com declarações anteriores de Ray.

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Ray também afirmou em seu depoimento que a FTX US, uma entidade americana também dirigida por Bankman-Fried, não funcionava independentemente da operação baseada nas Bahamas. Bankman-Fried afirmou em entrevistas na semana passada que a FTX US era solvente e poderia ter continuado a processar as retiradas dos usuários. Mas os comentários de Ray hoje parecem contradizer as alegações de SBF.

“A proteção de recuperação judicial era necessária tanto para evitar uma ‘corrida ao banco’ na FTX US quanto para permitir que nossa equipe tivesse tempo para identificar e proteger seus ativos”, disse Ray em seu depoimento. Ele acrescentou que está cada vez mais confiante nos últimos dias de que a recuperação judicial para a FTX US foi o movimento certo, à medida que “as questões de registros contábeis na FTX US e as muitas relações entre a FTX US e as outras empresas do grupo FTX se tornam mais claras.”

Ray disse: “gostaria de dizer especialmente aos reguladores—nos EUA e no exterior—que entendo completamente a profundidade da indignação e frustração com o que aconteceu.”

Bankman-Fried aparecerá—remotamente—perante os legisladores do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara pela primeira vez desde o colapso da exchange amanhã às 10h (ET).

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*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.

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