Negociação de criptomoedas por brasileiros em corretoras estrangeiras cai pela metade, mostra Receita Federal

Queda no volume reflete o momento negativo que atinge o mercado de criptomoedas
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Foto: Shutterstock

O número de declarações de negociações de criptomoedas feitas por investidores brasileiros em corretoras estrangeiras caiu pela metade em apenas um mês, mostram dados quadrimestrais divulgados na segunda-feira (6) pela Receita Federal.

Após os brasileiros declararem R$ 178,3 milhões em criptomoedas negociadas em exchanges estrangeiras em março, esse número caiu para R$ 75,5 milhões em abril — uma queda de 57% no mês.

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Esses números representam as declarações de pessoas físicas feitas à Receita Federal referentes à Instrução Normativa nº 1.888. Desde 2019, todo brasileiro que movimenta mais de R$ 30 mil em criptomoedas por mês em corretoras estrangeiras, precisa declará-las à Receita.

Os investidores que realizam operações apenas em exchanges nacionais não têm a mesma obrigação, uma vez que as próprias empresas daqui já reportam as informações em nome do cliente.

Declarações mensais de operações com criptomoedas à Receita Federal
Declarações mensais de operações com criptomoedas à Receita Federal (Fonte: Receita Federal)

As regras da IN 1888 também valem para pessoas jurídicas que operam criptomoedas no exterior. Entre esse público, as declarações também caíram, embora as cifras continuem expressivas.

Em abril deste ano, pessoas jurídicas movimentaram R$ 631,4 milhões em criptomoedas em exchanges internacionais, contra R$ 728,4 milhões declarados em março.

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Somando o valor total das declarações divulgadas no último relatório da Receita Federal, os brasileiros negociaram R$ 11 bilhões em criptomoedas em abril de 2021, o número mais baixo reportado pela Receita Federal desde dezembro de 2020.

As declarações de abril chegam a ser 55% menores ao recorde de R$ 24,9 bilhões em criptomoedas declaradas em maio de 2021.

Inverno cripto

A queda nas negociações de criptomoedas, demonstrada pelos números atualizados da Receita Federal, é resultado do momento negativo que joga para baixo o preço dos principais criptoativos do mercado.

Já faz meses que o Bitcoin (BTC) luta para romper a barreira dos US$ 30 mil e engatar um novo movimento de alta, como o visto no final de 2021.

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Nesta quarta-feira (8), a cotação da criptomoeda líder está por volta de US$ 30.220 — metade do recorde de novembro passado. Em real, o BTC é negociado por volta de R$ 149 mil, segundo o Índice do Portal do Bitcoin.

Como efeito dos preços baixos, o número de pessoas investindo dinheiro no bitcoin diminuiu.

Segundo os dados da Receita Federal divulgados essa semana, foram R$ 1,6 bilhão em operações com bitcoin feitas por brasileiros em abril deste ano. Neste mesmo mês de 2021, as operações com a criptomoeda chegaram a bater R$ 7,3 bilhões no mês.

O mesmo cenário de queda é visto entre as altcoins mais negociadas por brasileiros, como ETH, XRP, e as stabletcoins BRZ e USDC. A stablecoin Tether (USDT) é um dos poucos ativos que registrou uma alta no valor total de operações em abril, atingindo R$ 6,9 bilhões.