O empresário Carl J. Shapiro, que perdeu US$ 545 milhões (R$ 3 bilhões) no esquema ponzi criado pelo americano Bernard Madoff, morreu na semana passada, aos 108 anos, em Boston (EUA), segundo obituário publicado na terça-feira (12) pelo jornal The Washington Post. A causa da morte não foi citada.
Shapiro, que fez fortuna no ramo de vestuário, foi um dos primeiros clientes de Madoff, condenado a 150 anos de prisão em 2009 por aplicar um golpe de US$ 65 bilhões por meio de uma pirâmide financeira.
De acordo com a reportagem, o empresário começou a se relacionar com Madoff em 1960, interessado pela “perspicácia para os negócios, senso de integridade e compromisso com princípios de investimento sólido” dele. Naquela época, Shapiro era conhecido como ‘rei do algodão’ por causa de seu império de roupas.
Vítima ou beneficiário do esquema
Apesar de ser apontado como vítima de Madoff, o curador Irving Picard, nomeado pelo tribunal que busca recuperar o dinheiro das vítimas do esquema, disse em um processo judicial citado pelo jornal que o empresário se beneficiou da pirâmide financeira:
“O senhor Shapiro e sua família receberam mais de US$ 1 bilhão em lucros fictícios – ou seja, dinheiro de outros investidores – ao longo de suas negociações com Madoff, tornando-os um dos maiores beneficiários do esquema Ponzi de Madoff ”.
O jornal também citou que em 2013, em uma entrevista concedida por Madoff à emissora, o criminoso falou que Shapiro participou do golpe.
Apesar das alegações, o empresário e a família sempre negaram qualquer relação com a pirâmide e nunca foram acusados de irregularidades.
Em dezembro de 2010, segundo o The Washington Post, ele e 18 membros de sua família chegaram a um acordo com o tribunal e entregaram US$ 550 milhões para serem distribuídos aos credores de Madoff, além de US$ 75 milhões para o Departamento de Justiça.
No final de 2020, a Justiça dos EUA distribuiu US$ 500 milhões a milhares de vítimas da pirâmide de Madoff.