Mineradora dos EUA começa a censurar transações de bitcoins “sujos”

Novo pool de mineração “limpo” da Marathon é acusado de ferir a filosofia do bitcoin
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Foto: Shutterstock

A Marathon Patent Group, uma das maiores mineradoras de bitcoin dos Estados Unidos, anunciou na quarta-feira (5) que minerou o primeiro bloco “limpo” de bitcoin, 100% compatível com as leis do país.

A empresa afirma que esses foram os primeiros bitcoins gerados que seguem as leis de combate à lavagem de dinheiro e outras normas da Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA.

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A novidade foi recebida de forma negativa por parte da comunidade cripto, que acusa a mineradora de censura.

O pool começou a recusar todas as transações de bitcoin de pessoas que estão na lista negra da OFAC, ou que moram em países sancionados pelos Estados Unidos. Isso é possível porque a Marathon consegue escolher quais transações irá processar nos blocos ao usar uma tecnologia criada pela empresa DMG Blockchain.

Em março a empresa anunciou que lançaria o primeiro pool de mineração de bitcoin da América do Norte em total conformidade com as regulações do país.

A Marathon direcionou todo o seu poder de hash para o pool recém-lançado no dia 1º de maio. No início do mês que vem, o pool começa a aceitar outras empresas de mineração sediadas nos EUA.

“Ao excluir transações entre atores nefastos, podemos fornecer aos investidores e reguladores a paz de espírito de que o bitcoin que produzimos é ‘limpo’, ético e está em conformidade com os padrões regulatórios”, disse no anúncio o CEO da Marathon, Fred Thiel. 

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Comunidade critica a censura

Uma das preocupações da Marathon é a dominância da China nas validações da rede. Segundo os dados da Universidade de Cambridge, os chineses são responsáveis por 65% de toda mineração do bitcoin.

Nas palavras do CEO da empresa, “o novo pool se tornará mais descentralizado e mais forte à medida que o risco de outros governos interferirem na indústria de mineração for reduzido”.

A novidade foi duramente criticada pela comunidade cripto que diz que a empresa está fazendo o exato oposto ao depender da figura do estado — desta vez dos Estados Unidos — para determinar quem pode ou não usar a rede. 

Ben Carman, desenvolvedor do Bitcoin Core, disse ao CoinDesk que a medida fere a filosofia do bitcoin, uma criptomoeda criada para combater a censura e o controle governamental.

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“É totalmente contra o espírito do bitcoin, já que eles estão tentando torná-lo um protocolo que depende de permissão em vez de aberto para todos”.

O Irã faz parte da lista de sanções dos EUA. Ou seja, qualquer transação de bitcoin feita por um cidadão do país pode ser censurada pela Marathon.

Para zoar a empresa, alguns usuários de países sancionados começaram a enviar criptomoedas “não autorizadas” ao seu endereço. Nos exemplos divulgados no Twitter, uma dessas transações vinculou uma mensagem escrita em árabe que diz à Marathon: “obrigado por apoiar a nossa causa”.

https://twitter.com/DocumentingBTC/status/1390423695009669125