Mineração caseira no Brasil fica em risco com queda do ethereum e aumento da energia

Muita gente se assustou com a instabilidade e vendeu equipamentos, ficando no prejuízo
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Foto: Shutterstock

Atraídos pela possibilidade de ganhar um dinheiro extra, brasileiros apostaram na mineração caseira de criptomoedas, que virou uma febre nos últimos meses. A queda dos preços dos ativos digitais, sobre tudo do ethereum, e o recente aumento de energia no país, no entanto, deram um banho de água fria no setor.

A rentabilidade mensal, que, em momentos de alta batia em impressionantes 15% (a depender do equipamento utilizado), caiu para 4% a 5%, segundo especialistas ouvidos pela reportagem. Já o retorno do investimento feito em rigs de mineração (payback), que variava entre quatro e seis meses, dobrou.

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“Tem minerador caseiro que investiu R$ 20 mil em equipamentos, que rendiam entre R$ 3 mil e R$ 4 mil por mês, mas hoje estão rendendo R$ 2 mil, R$ 1.500 ou menos”, disse o arquiteto e youtuber Denny Torres, dono de um canal com 100 mil inscritos focado no assunto.

De acordo com ele, muita gente se assustou com a instabilidade do mercado e vendeu os equipamentos — comprados por preços altos — pela metade do preço, ficando no prejuízo. Valores de GPUs da Nvidia e da Asus caíram cerca de 30% na semana passada em algumas lojas virtuais.

“O cenário com alguns mineradores é parecido com o dos investidores que compraram o bitcoin a US$ 60 mil e se desfizeram da criptomoeda quando ela baixou para US$ 34 mil”, disse.

Um minerador que pediu para não ser identificado falou para a reportagem que os principais afetados são aqueles que compraram equipamentos de forma parcelada ou por meio de empréstimos:

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“Quem achou que viveria disso ou não contava com a queda e precisa pagar contas, precisa agir rápido e buscar uma saída menos dolorosa. Agora, quem já atingiu o retorno de investimento, pode se sentir livre para fazer o que bem entender”.

52% pela taxa extra de energia

Esse lucro reduzido, que deixou os mineradores com medo, pode cair ainda mais com o aumento de 52% na taxa extra da conta de luz, anunciada nesta semana pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A partir de julho, a bandeira vermelha 2 — que está em vigor hoje — passará de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh.

Torres, por exemplo, estima que o gasto com energia, que costuma ‘comer’ 30% de seu rendimento bruto com a atividade, vai abocanhar metade dos ganhos. Na prática, falou, os atuais ganhos de 4% a 5% cairiam para 2% ou 2,5%.

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É muito arriscado entrar no mercado agora, diz minerador

O trader P2P Diego Morais de Almeida Paes, que minera desde janeiro deste ano, também sentiu o baque do setor, afetado principalmente pelo aumento da repressão da China contra as criptomoedas.

“Se eu tirar como base o retorno real que tive durante uma semana na grande alta e considerando meu poder de processamento, minha rig renderia mais de R$ 25 mil no mês”.

“Agora na baixa, durante um curto período, e sem descontar meu custo de energia, meu menor período de lucro renderia R$ 6 mil”, falou.

Paes disse que investiu cerca de R$ 100 mil em sua rig de mineração, que tem capacidade de cerca de 930 Mh/s.

Apesar da instabilidade do mercado, ele falou que pretende se manter na atividade e investir ainda, pois seu objetivo é no longo prazo.

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“Porém para quem vai entrar agora no ramo, é muito mais arriscado, pois o investimento é ainda maior e o payback pode ser maior que 12 meses. Então cabe muito estudo nesse caso”.