MetaMask anuncia serviço de venda direta de criptomoedas na Nigéria via transferência bancária

País africano é um dos locais com maior adoção cripto do mundo, mas governo tenta barrar onda e bancos recusam até 90% das transações via cartão
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Estudo mostra que até 35% dos adultos na Nigéria negociaram criptomoedas em 2022 (Foto: Shutterstock)

A MetaMask anunciou nesta terça-feira (21) que seus clientes na Nigéria poderão comprar criptomoedas direto no aplicativo da wallet, através de transferências bancárias, um meio de pagamento muito comum no país. O serviço será feito em parceria com a empresa MoonPay.

Em entrevista ao portal Cointelegraph, o executivo Lorenzo Santos, da MetaMask, disse que 90% das tentativas de compra de criptomoedas com cartão de crédito ou débito na Nigéria são negadas pelas instituições bancárias.

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O executivo da MoonPay, Zeeshan Feroz, disse à reportagem que agora a expectativa é de que a taxa de recusa nas transações de compra de criptomoedas caía de 90% para 30%. Ele ressaltou que os clientes de todos os bancos da Nigéria terão acesso ao serviço.

Segundo dados do relatório Index da Adoção Cripto Global Chainalysis 2022, a Nigéria está entre os 20 países com maior taxa de adoção de criptomoedas. Alguns estudos indicam que até 35% da população entre 18 e 60 anos mantinha ou negociou criptomoedas em 2022.

Bitcoin a US$ 37 mil na Nigéria

A Nigéria chamou a atenção do mundo cripto no final de janeiro, quando o Bitcoin (BTC) estava sendo vendido a uma cotação de US$ 37.885 na corretora local NairaEx. Era um sobrepreço de 63%, pois a cotação do ativo no Coingecko naquele momento era de US$23.125.

O sobrepreço local do Bitcoin está relacionado com uma política adotada pelo Banco Central nigeriano em dezembro do ano passado de passar a limitar os saques de dinheiro em espécie da moeda local, a Naira, em uma tentativa de fazer o país adotar cada vez mais a moeda em formas digitais, inclusive CBDCs como a própria eNaira.

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A eNaira foi lançado em outubro de 2021, mas acredita-se que menos de 0,5% dos nigerianos estejam utilizando a CBDC.

A medida do BC local significa que os nigerianos podem sacar de caixas eletrônicos apenas 20 mil nairas, o que equivale a US$ 43. Pessoas físicas podem retirar um máximo de 100 mil nairas (US$ 217) por semana e empresas tem um limite semanal de 500 mil nairas (US$ 1085).

Segundo especialistas, isso gera um aumento na demanda por alternativas, como o dólar e as criptomoedas – e a consequente elevação de preço.

Governo tentar proibir criptomoedas

A luta do governo da Nigéria contra o Bitcoin é longa. Em fevereiro de 2021, Banco Central do país emitiu uma diretiva às instituições financeiras do país na qual proíbia o processamento de transações de Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas.

No documento, o banco orientava as instituições a identificarem e fechar as contas dos clientes que estivessem comprando, vendendo ou armazenando criptomoedas. O descumprimento dessas regras pode resultar em sanções severas.