O marketplace on-line Huione Guarantee facilitou transações no valor de pelo menos US$ 11 bilhões (R$ 59 bilhões) para operadores de fraudes com criptomoedas no sudeste da Ásia, de acordo com a empresa de análise de blockchain Elliptic.
O Huione opera como um marketplace na darknet, facilitando fraudes cibernéticas no Sudeste Asiático. O marketplace funciona por meio de milhares de canais de aplicativos de mensagens instantâneas, cada um administrado por diferentes operadores, e usa predominantemente a stablecoin Tether (USDT) para pagamentos, segundo um relatório da empresa divulgado na quarta-feira (10).
“Quando os analistas de blockchain optam por divulgar suas descobertas sem se envolver diretamente conosco, isso limita nossa capacidade de agir rapidamente para congelar atividades ilícitas ligadas às nossas stablecoins”, disse um porta-voz da Tether ao Decrypt. “Isso se torna um efeito de espectador, em que as pessoas observam irregularidades, mas optam por registrá-las para obter engajamento nas redes sociais e notoriedade.”
O Huione é operado pelo Huione Group, um conglomerado com vínculos com a família Hun, no poder no Camboja. As atividades ilícitas do grupo se estendem além do marketplace, com outra empresa, a Huione International Payments, envolvida na lavagem de lucros de fraudes em todo o mundo.
A Elliptic identificou centenas de endereços de criptomoedas associados às atividades do Huione para ajudar as exchanges e as autoridades policiais no combate a esses golpes.
O Huione, parte do conglomerado cambojano Huione Group, é supostamente um centro de fraudes no formato “pig butchering” (abate de porcos na tradução literal), disse a empresa.
Esses golpes são aplicados por criminosos que desenvolvem relacionamentos on-line com as vítimas e as convencem a investir cada vez mais, apenas para desviar os fundos delas depois. Outros golpes incluem esquemas Ponzi, fraudes de falsificação de identidade e sextortion.
A investigação da Elliptic também vincula o Huione a transações envolvendo serviços de lavagem de dinheiro, tecnologia e dados essenciais para a execução desses golpes.
Ligação com a elite do Camboja
Um dos diretores da Huione Pay, uma subsidiária do grupo, é supostamente Hun To, primo do primeiro-ministro cambojano Hun Manet. Hun To foi acusado de tráfico de heroína e lavagem de dinheiro pelas autoridades australianas e está ligado ao crime organizado na China.
O relatório também destaca as graves violações de direitos humanos relacionadas às suas atividades.
Os centros de fraudes, principalmente em Mianmar, Laos e no Camboja, assemelham-se a prisões onde trabalhadores traficados da China, do Vietnã e das Filipinas são forçados a executar esses esquemas em condições adversas. De acordo com o relatório, esses trabalhadores são frequentemente submetidos à tortura, e alguns já recorreram ao suicídio.
A Elliptic identificou, no Huione, anúncios de equipamentos usados para controlar e punir esses trabalhadores, incluindo cassetetes elétricos e algemas eletrônicas.
O verdadeiro volume de transações ilícitas é provavelmente maior devido à rotatividade dos operadores comerciais e aos dados incompletos sobre carteiras de criptomoedas, disse a Elliptic.
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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