Imagem da matéria: Menos pop, Ethereum Rio abre com críticas e divergência com o Bitcoin
“Divergência é cultural entre Bitcoin e Ethereum”, afirma Alexandre Van de Sand (Foto: Divulgação)

Parece que foi há um século, mas apenas um ano atrás o criador da Binance, Changpeng “CZ” Zhao veio ao Rio de Janeiro para ser tratado a pão de ló pelo prefeito da cidade, Eduardo Paes. O empresário e sua larga entourage aproveitaram para dar uma passada na Ethereum Rio, que ocorria no Museu do Amanhã. A cena mais parecia a de um rockstar tentando se locomover no meio da Times Square: selfies atrás de selfies, gritos, ovações, um pedido de um olhar apenas que fosse e até pilhérias como “quando sai a listagem de Baby Doge?”.  

A mera expectativa que pairou todos os dias daquele evento apenas com o rumor de que CZ iria aparecer mostra o quão centralizado pode ser um setor que adora bater no peito para dizer justamente o contrário. 

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Um ano depois, algumas coisas seguem iguais e outras parecem inconcebíveis. O evento acontece na mesma praça, só que 100 metros à frente, no Museu de Arte do Rio, entre segunda-feira (27) e quinta (30). As plateias de palestras altamente técnicas estão cheias, os corredores para comer finger foods variadas ainda mais e até mesmo massagem é feita como cortesia. 

Mas agora, com o governo dos Estados Unidos tendo definitivamente virado sua bazuca para CZ, é inimaginável pensar nele posando despreocupadamente de estrela no improvável centro do Rio de Janeiro. 

Em 2022, os palestrantes da Ethereum Foundation falavam sobre como tinham errado em cunhar o termo Ethereum 2.0, que o projeto do blockchain seria sempre o mesmo, mas com mudanças. No ínterim, foi desenrolado sem falhas o Merge, que mudou toda a base econômica de como o Ether é minerado – e agora já ninguém se lembra da nomenclatura que tanto incomodava. 

Antessala do auditório na Ethereum Rio 2023 (Foto: Fernando Martines/Portal do Bitcoin)
Exposição na Ethereum Rio 2023 (Foto: Fernando Martines/Portal do Bitcoin)

Já os ânimos financeiros parecem estranhamente convergir. Em março do ano passado o Ether (ETH) estava na faixa de US$ 3,5 mil, vindo de uma alta histórica de US$ 4,8 mil poucos meses antes. Já era um um viés de queda e um sentimento de fim da esbórnia. 

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Agora, um ano depois, a criptomoeda criada por Vitalik Buterin vale US$ 1,7 mil. Só que isso significa uma alta de 43% desde o começo do ano e a Ethereum Rio 2023 acontece bem em um momento que o mercado, os players e todos os envolvidos querem acreditar que o pesadelo acabou.

Massagem em participante do Etehereum Rio 2023 (Foto: Fernando Martines/Portal do Bitcoin)

Nas palestras, ideias para aplicações mais amigáveis de DeFi, sugestões de como facilitar a comunicação por Discord, criação de linguagens de programações específicas para camadas acima da base Ethereum e, pasmem, até mesmo a palavra NFT foi reabilitada. 

Apocalipse Bitcoin contra otimismo Ethereum

A internet cripto gosta de brincar com dois arquétipos: o bicoiner é um comedor de carne, misantropo, pessimista, preparando-se para o fim dos tempos e absolutamente dono da verdade. O ethereum lover seria um ingênuo, que quer abraçar todo e qualquer novo hype e facilmente enganável. 

Alexandre Van de Sande, conselheiro da Ethereum Foundation e autor da palestra de abertura do evento, não fugiu da caricatura. Ele abraçou e deu o tom sobre qual é o consenso para quem aplica e desenvolve na segunda mais famosa blockchain. 

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“O Bitcoin surge com pessoas que estavam frustradas com o sistema financeiro. O ethereum surge como pessoas que entraram em cripto também por conta disso, mas saíram porque estavam frustradas com o Bitcoin em si. Essa divergência inicial criou uma divergência cultural”, disse. 

O palestrante colocou na apresentação uma foto de um monte de barras de ouro e disse: “As pessoas do Bitcoin acham que o dinheiro era bom antigamente, que tem que emular como era antes. A comunidade Ethereum quer pensar como o dinheiro pode ser melhor no futuro. A gente ainda não sabe ainda o que vai ser”. 

E as cutucadas continuaram. Van de Sande lembra que na comunidade Bitcoin existe uma ideia de sacralidade e que o código de Satoshi seria uma escritura imutável. “Enquanto no Ethereum o código tem que mudar, tem que progredir, ir pra frente. Tem que batalhar para manter os valores, mas seguir em frente”. 

No embalo de The Last Of Us, Alexandre Van de Sande dá uma última girada na faca: “Dentro do grupo Ethereum eles não estão dizendo para comprar espingarda , comida enlatada e fica no seu bunker esperando os zumbis te atacarem. Se o mundo está entrando em falência, vamos ver como a gente pode usar essa tecnologia para melhorar “.

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