O mercado de criptoativos reage mal à decisão de reguladores nos EUA de proibir o serviço de staking de criptomoedas da Kraken e aguarda mais detalhes nesta sexta-feira (10) sobre uma investigação contra a emissora de stablecoins Paxos.
Depois de registrar a maior queda diária desde novembro, o Bitcoin (BTC) recua 3,5% nas últimas 24 horas, para US$ 21.920,12. Em reais, o BTC cai 2,3%, cotado a R$ 116.016,78, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) tem queda de 5%, negociado a US$ 1.552,31, segundo dados do Coingecko.
As principais altcoins operam no negativo, com destaque para BNB (-4,7%), XRP (-1,7%), Cardano (-6,3%), Dogecoin (-6,5%), Polygon (-3,8%), Solana (-7,6%), Shiba Inu (-6,9%), Polkadot (-6,2%) e Avalanche (-8,2%).
Paxos é investigada nos EUA
O Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (NYDFS) está investigando a emissora de stablecoins Paxos, apurou o CoinDesk. O motivo da investigação ainda é desconhecido. Os tokens emitidos pela Paxos incluem a Pax dollar (USDP) e a Binance USD (BUSD), terceira maior stablecoin do mercado.
Um porta-voz do NYDFS disse à Bloomberg que a agência não comenta investigações em andamento. “O departamento está em contato contínuo com entidades reguladas para entender vulnerabilidades e riscos para os consumidores e para as próprias instituições causados pela volatilidade do mercado cripto que estamos enfrentando”, disse o porta-voz.
A Paxos já havia sido alvo de rumores de que o Escritório do Controlador da Moeda dos EUA – um regulador federal do setor bancário – pode solicitar que a empresa retire seu pedido de licença bancária completa. A Paxos negou esses rumores.
As stablecoins entraram na mira de reguladores após o colapso da TerraUSD, token cujas operações eram vinculadas a algoritmos complexos e incentivos que causaram uma quebra avaliada em US$ 60 bilhões.
A Tether (USDT), maior stablecoin com valor de mercado que supera US$ 68 bilhões, está constantemente na mira de reguladores e investidores devido ao seu peso, já que, para manter sua paridade com o dólar, o token precisa estar garantido por reservas. Apesar disso, a holding emissora da stablecoin registrou lucro de US$ 700 milhões no quarto trimestre de 2022, mesmo tendo processado US$ 21 bilhões em resgastes no ano passado, informou o Decrypt.
E o escrutínio de reguladores não intimida o lançamento de outras stablecoins. A Aave Companies, desenvolvedora do projeto Aave DeFi (finanças descentralizadas), estreou a GHO, stablecoin nativa do protocolo, na Goerli, uma rede de testes da Ethereum. Usuários que desejam testar a GHO na Goerli agora podem acessar a base do código da stablecoin no GitHub, de acordo com o anúncio da plataforma. A estreia na Goerli faz parte do lançamento planejado da stablecoin na rede Ethereum.
Investida contra Kraken
E depois de ser alvo de investigações, a Kraken, uma das maiores corretoras de criptomoedas dos EUA, vai interromper os serviços de staking em sua plataforma após levar uma multa de US$ 30 milhões e assinar um acordo com a SEC, a CVM americana. No staking, usuários depositam tokens em um protocolo para validar transações em uma blockchain em troca de recompensas, serviço também conhecido como renda passiva.
“Seja por meio de ‘staking-as-a-service’, empréstimo ou outros meios, os intermediários cripto, ao oferecer contratos de investimento em troca de tokens de investidores, precisam fornecer as devidas divulgações e salvaguardas exigidas por nossas leis de valores mobiliários”, disse o presidente da SEC, Gary Gensler, sugerindo que a Kraken não tomou essas medidas necessárias e por isso é alvo da multa aplicada pelo regulador.
E minutos depois da penalidade anunciada pela SEC, o IRS, órgão equivalente à Receita Federal nos EUA, solicitou autorização judicial na quinta-feira (9) para obter informações sobre a Kraken e suas subsidiárias. A medida tem como objetivo identificar os clientes da exchange que realizaram transações com criptomoedas entre 2016 e 2020. De acordo com o CoinDesk, a agência já havia emitido uma intimação em 2021, mas a Kraken não respondeu à solicitação.
Após a notícia sobre a Kraken, investidores aumentaram as apostas em tokens de “staking líquido” de protocolos de finanças descentralizadas, com a expectativa de que esses projetos possam escapar de uma regulação mais rigorosa. O RPL, token nativo do protocolo Rocket Pool, sobe 11,6% nas últimas 24 horas e 25% em sete dias. O valor bloqueado no projeto dobrou para US$ 1 bilhão nos últimos dois meses, sendo US$ 641 milhões em ETH e o restante em RPL, de acordo com o The Block.
Investigações da FTX
O juiz distrital dos EUA, Lewis Kaplan, questionou na quinta-feira (9) se as restrições propostas para o acesso de Sam Bankman-Fried a aplicativos de mensagens são suficientes e pediu detalhes aos advogados sobre os apps que o fundador da exchange cripto FTX tem usado, de acordo com o Wall Street Journal.
Promotores e advogados de defesa disseram no início desta semana que haviam chegado a um acordo segundo o qual Bankman-Fried não usaria aplicativos como o Signal, em que as mensagens são criptografadas e podem desaparecer após um certo período.
O juiz disse que não estava interessado na conveniência e nas preferências de comunicação de Bankman-Fried, dado o que chamou de risco real de uso indevido. Como resultado, manteve a proibição do uso de aplicativos criptografados e pediu às partes que apresentem uma nova proposta até 13 de fevereiro.
Impacto da FTX no Brasil
O pedido de recuperação judicial da FTX em novembro passado foi seguido da aprovação da Lei de Criptomoedas no Brasil, no fim daquele mês.
Em entrevista ao Portal do Bitcoin, Karen Duque, head de políticas públicas da Bitso, disse que a ruína da FTX naquele instante “foi um movimento que fomentou o avanço e o processamento de reguladores do está acontecendo no ecossistema”.
Nesta quinta-feira (9), a Bitso lançou o “Guia de Princípios para Regulação Cripto”. “São princípios que nos guiam internamente e nossa relação com os agentes reguladores”, explica Duque.
Crise da Braiscompany
O promotor de Justiça de Campina Grande e diretor regional do Procon na Paraíba, Sócrates da Costa Agra, informou que deve entrar na semana que vem com uma ação cível pública contra a Braiscompany, que tem atrasado o pagamento de rendimentos de seu serviço de aluguel de criptoativos.
O promotor ressalta que a investigação na esfera de lesão aos consumidores avançou nos últimos dias, mas que, quanto a um processo criminal, a atribuição é de outra área do Ministério Público.
Em artigo no Portal do Bitcoin, Felipe Pontes, doutor em contabilidade, argumenta que os balanços da Braiscompany estão “repletos de imprecisões e dados duvidosos” e que dificilmente os clientes conseguirão recuperar o dinheiro.
Outros destaques das criptomoedas
Su Zhu, cofundador do hedge fund Three Arrows Capital (3AC), que quebrou no ano passado, disse que uma lista de espera já está aberta para quem quiser participar de um novo mercado, chamado OPNX, que pretende negociar créditos e derivativos relacionados a fundos bloqueados em plataformas atualmente em recuperação judicial. Zhu disse que a plataforma resultou de conversas com Mark Lamb, cofundador e CEO da Coinflex, segundo o The Block.
A Voyager Digital foi uma das plataformas que colapsaram no ano passado. A empresa apresentou um plano para que clientes recuperem seus ativos por meio da Binance US, braço da holding Binance nos EUA, acordo com documentos judiciais. Clientes da Voyager já podem compartilhar dados para ajudar a Binance US a abrir contas novas ou vincular contas existentes antes de liquidar os créditos, segundo o Decrypt. A Voyager e a Binance US disseram no documento que os pagamentos podem começar em março.
A exchange de ativos digitais Huobi planeja expandir suas operações em Hong Kong, apostando que os planos da cidade de tornar-se um hub cripto sinalizam uma flexibilização da proibição de moedas virtuais na China continental. Hong Kong é vista como “uma das zonas experimentais para o desenvolvimento de criptomoedas na China”, disse à Bloomberg Justin Sun, consultor da Huobi e fundador da blockchain Tron.
Um estudo da Chainalysis publicado pelo Valor revelou que os mercados da chamada darknet registraram queda de 50% na receita em 2022, para um total de US$ 1,3 bilhão. A derrocada ocorreu em meio ao fechamento da loja russa Hydra, maior plataforma de venda de produtos ilegais daquele espaço.
Não é segredo que Paris Hilton ama o metaverso. Agora, Hilton quer que os fãs encontrem o amor também no mundo virtual na “Parisland”, lançada dentro do jogo The Sandbox, de acordo com o Decrypt. A partir de 13 de fevereiro, os jogadores que entrarem na Parisland poderão conhecer virtualmente outros cinco gamers que, com sorte, pode resultar em namoro.
A Chiliz, maior emissora de fan tokens do mundo, vai retirar seus projetos da Ethereum e transferi-los para uma blockchain própria e de primeira camada, batizada de Chiliz Blockchain, segundo a Exame. O primeiro bloco da rede já foi validado.
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