Após uma sessão de fortes ganhos, as maiores criptomoedas seguem no azul, embora em ritmo menos acelerado. O Bitcoin (BTC) sobe 3,1% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 31.593, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) opera em alta de 3,7%, negociado a US$ 1.970.
No Brasil, o Bitcoin avança 3,4%, para R$ 150.713, mostra o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Bitcoin chegou a subir mais de 7% na segunda-feira (30), segundo dados do CoinDesk, o maior ganho diário em dois meses em meio a um rali generalizado das criptomoedas.
“O Bitcoin ultrapassou US$ 30.000, mas precisa manter o nível de US$ 29.300 em um novo teste para sugerir uma continuidade da alta”, disse Marcus Sotiriou, analista da corretora de ativos digitais GlobalBlock.
Em seu relatório “Uncharted: Distilled”, a Glassnode destaca que o preço do BTC pode ter atingido um piso por enquanto, com menor pressão vendedora. Segundo a empresa de análise, a correlação do mercado cripto com os índices acionários dos Estados Unidos e títulos diminuiu, na esteira da decisão do Federal Reserve de descartar um aumento dos juros de 0,75 ponto percentual e um cenário de menor aperto monetário no quarto trimestre.
A Glassnode vê maior demanda pelo Bitcoin em um nível de suporte entre US$ 26.000 e US$ 28.000, destacando que um volume cada vez maior da criptomoeda tem sido mantido e adquirido a preços mais baixos, o que pode impulsionar o BTC.
Rali das altcoins
A Cardano (ADA) dá um salto de 26% nas últimas 24 horas. Entre os catalisadores estaria o maior número de ativos nativos na rede: mais de cinco milhões de ativos já teriam sido cunhados na blockchain. O esperado upgrade da rede em junho também seria um dos fatores de impulso, destaca o CoinDesk.
Outras altcoins operam entre perdas e ganhos nesta terça-feira (31) como é o caso da Binance Coin (+1,1%), Solana (-0,3%), Polkadot (+1,3%), Avalanche (-1,3%) e Shiba Inu (-0,6%). XRP rema contra a maré e sobe 4,9%, segundo dados do CoinGecko.
Dogecoin também avança, com alta de 1,2%. Em entrevista ao jornal australiano Crikey, Jackson Palmer, cocriador da moeda-meme, disse que seu desejo era de que a crise atual “fosse o fim das criptos, mas não é”.
Taxas de gas
Nesse contexto, o Ethereum também mostra recuperação e já reduz as perdas nos últimos sete dias. No entanto, o custo médio das transações, as chamadas taxas de gas da rede, está em torno de US$ 3,70, comparado com uma faixa de US$ 38 a US$ 52 no início do ano, aponta análise do CoinDesk, que cita dados on-chain. A demanda é baixa devido ao menor número de usuários diários ativos, talvez ainda assustados com o derretimento do ecossistema Terra.
Inspiração
Apesar do susto, o modelo usado pela Terra continua inspirando outras blockchains.A Tron, blockchain lançada em 2018 e liderada por Justin Sun, agora é a terceira maior do setor de finanças descentralizadas em termos de valor total bloqueado (ou TVL) — quantidade de dinheiro alocada na rede. Sua nova stablecoin algorítmica USDD promete retornos de 23% ao ano na JustLend, plataforma de empréstimos da Tron.
E um analista e membro da comunidade Terra, chamado “FatMan”, descobriu que o aplicativo de finanças descentralizadas Mirror Protocol baseado na antiga rede, agora “Terra Classic”, sofreu uma invasão em outubro de 2021. O protocolo Mirror permite que usuários assumam posições compradas ou vendidas em ações de tecnologia por meio de ativos sintéticos.
O ataque, confirmado pela empresa de segurança BlockSec, causou perdas de US$ 90 milhões, mas o rombo só veio à tona na semana passada, de acordo com o The Block.
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E o protocolo teria sofrido outra invasão devido a um suposto problema no oráculo de preço do token Luna Classic (LUNC), resultando em um prejuízo superior a US$ 2 milhões. Um oráculo é a forma como um protocolo coleta dados, como preço de ações e certas criptomoedas.
Outros destaques
Rispar, uma startup com sede em São Paulo, planeja se tornar o primeiro banco digital do país com oferta de crédito mais barato garantido com Bitcoin, de acordo com o InfoMoney. Apesar de já oferecer o serviço há cerca de um ano, a empresa agora aposta no tripé crédito, investimento e conta digital, usando o Bitcoin como base para conceder limite imediato, diz o CEO Rafael Izidoro.
Quem também quer se expandir no Brasil é a Rapyd, startup mais valiosa de Israel e concorrente da Stripe, segundo a Bloomberg Línea. Para isso, a empresa está de olho em aquisições no país, disse Ximena Azcuy, diretora de parcerias de rede e desenvolvimento de negócios nas Américas da Rapyd.
A startup britânica Merge captou US$ 9,5 milhões em financiamento inicial em uma rodada liderada pela Octopus Ventures, com participação da Coinbase Ventures e Ethereal Ventures. Fundada pelo ex-executivo do PayPal Kebbie Sebastian no fim do ano passado, a Merge quer oferecer acesso a serviços bancários, pagamentos, gerenciamento de risco e conformidade para empresas da web3, informou o The Block.
Investidores começam a ter dificuldades para sacar as criptomoedas mantidas sob custódia na rede de empréstimos Celsius. Usuários relatam que, após a tentativa de saque, suas contas entram no chamado “Modo Hodl”, que impede transferências. O investidor espanhol conhecido como “El Txot” contou ao Portal do Bitcoin que está desde sexta-feira (27) tentando ajudar a esposa a retirar fundos mantidos na Celsius.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
O projeto de lei que regulamenta os criptoativos no Brasil poderia ser votado nos próximos dias na Câmara dos Deputados. O relator do projeto na Câmara, o deputado Expedito Netto (PSD-RO), acredita na aprovação do texto com o mesmo conteúdo que recebeu o sinal verde do Senado. Em entrevista à Bloomberg Línea, Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin, diz que a lei trará mais segurança ao mercado, incluindo corretoras, investidores e consumidores.
A Índia está perto de finalizar um estudo sobre criptoativos após consultas com organizações como Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, de acordo com Ajay Seth, secretário do Departamento de Assuntos Econômicos do Ministério das Finanças. Em conversa com repórteres, Seth também disse que o país iniciou os trabalhos relativos à regulação global para determinar o papel da Índia. Segundo o CoinDesk, não está claro se o estudo irá influenciar a legislação cripto do país, que ainda será apresentada ao parlamento.
Em Singapura, o governo lançou o “Project Guardian” para investigar possíveis usos da tokenização de ativos. Desenvolvido pela Autoridade Monetária de Singapura e o setor financeiro, incluindo gigantes como DBS e JPMorgan, o projeto testará a viabilidade de aplicativos em tokenização de ativos e finanças descentralizadas, além de gerenciar riscos à estabilidade e integridade financeiras, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira.
Reguladores estão preocupados com a possibilidade de que a onda vendedora em ativos digitais contagie os mercados tradicionais, destaca o colunista Mark Gilbert da Bloomberg, que cita o alerta do Banco Central Europeu: “Embora os riscos sejam atualmente pequenos, podem aumentar significativamente caso plataformas comecem a oferecer serviços para a economia real, em vez de permanecerem confinadas ao universo cripto”.
Metaverso, Games e NFTs
O anúncio do Mercado Bitcoin da criação de um clube de futebol com gestão no metaverso via DAO (sigla em inglês de Organização Autônoma Descentralizada) agitou o cenário esportivo. Em artigo na Exame, Bruno Maia, executivo de inovação no esporte e CEO da Feel The Match, diz que a iniciativa da exchange “joga luz sobre um formato que pode atrair dezenas de outras instituições e para as quais ele pode servir de plataforma. É um jogo de educação financeira e cultural”.
Na próxima quinta-feira (2), a marca de luxo Prada irá lançar 100 tokens não fungíveis desenvolvidos na rede Ethereum para coincidir com o lançamento de sua coleção Timecapsule, conforme o Decrypt. Compradores vão receber um NFT gratuito que acompanha sua aquisição do produto físico, uma colaboração da Prada com Cassius Hirst, filho do artista Damien Hirst.
Livia Elektra, nome de peso do mercado de NFTs, terá o seu trabalho exposto na Times Square em um dos telões de LED mais concorridos de Nova York, o do hotel Marriott Marquis, de acordo com o colunista Gilberto Amendola do Estadão.
A WhiteBit, uma exchange de criptomoedas da Estônia, pagou 500 ETH (US$ 940 mil) pelo troféu do vencedor do festival Eurovision da Canção deste ano em um leilão online para arrecadar fundos para o exército da Ucrânia, conforme o The Block. O troféu de vidro em forma de microfone foi um dos vários itens vendidos pela banda ucraniana Kalush Orchestra no domingo (29) para apoiar as forças armadas após a invasão da Rússia em fevereiro.