A crise bancária dos EUA atravessou o oceano e desembarcou na Suíça, onde o Credit Suisse foi comprado pelo UBS no fim de semana. Em meio à crise de confiança nas instituições financeiras que atinge ações do setor nos mercados internacionais, investidores apostam em Bitcoin nesta segunda-feira (20).
A maior criptomoeda é negociada no maior nível em 9 meses, com alta de 4,4% nas últimas 24 horas, cotada a US$ 28.327,68, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC avança 3,5%, para R$ 147.505,21, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) sobe 1%, negociado a US$ 1.804,74, com valorização de 13% em sete dias, comparada ao ganho de 28% para o BTC no período.
No mercado cripto, o destaque fica para a Coinbase, maior exchange dos EUA, que estaria conversando com clientes institucionais para abrir uma plataforma de negociação de criptoativos no exterior, conforme a Bloomberg.
Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, está perto de fechar um acordo com promotores para permanecer em liberdade condicional, enquanto documentos revelam que as empresas de seu império falido tinham um rombo de US$ 6,8 bilhões nos balanços em novembro.
A blockchain Cardano lançou sua versão de nó v.1.35.6, que vem com a funcionalidade “Dynamic peer-to-peer (P2P)”. A atualização visa garantir tempo de atividade e estabilidade da rede e melhorar a resiliência geral, ou seja, a capacidade de uma blockchain de fornecer e manter um nível aceitável de serviço diante de falhas e desafios às operações normais.
ADA, o token nativo da Cardano, mostra estabilidade nas últimas 24 horas, com alta de 0,7%, enquanto outras altcoins vão em direções opostas nesta segunda, com destaque para BNB (-0,3%), XRP (+0,6%), Polygon (-2,8%), Dogecoin (+0,5%), Solana (+7,4%), Polkadot (+0,0%), Shiba Inu (-0,3%) e Avalanche (+1%).
Bitcoin hoje
Os mercados acionários europeus abriram em queda nesta segunda-feira, após registrar sua pior semana desde setembro de 2022 em meio à volatilidade no setor bancário, de acordo com a CNBC. As bolsas na Ásia também refletiram a preocupação de investidores, enquanto os índices futuros dos EUA operam sem rumo definido.
Diante da incerteza, parte dos traders buscou refúgio no Bitcoin. Desde janeiro, o BTC já subiu cerca de 70%, mostram dados da Bloomberg.
E já há quem consiga ser mais otimista que Cathie Wood, a gestora “popstar” que vê o Bitcoin valendo US$ 1 milhão até 2030.
O investidor e ex-diretor de tecnologia da Coinbase, Balaji Srinivasan, está tão confiante de que o preço do BTC vai bater US$ 1 milhão em 90 dias que decidiu arriscar seu dinheiro para provar seu argumento.
No grupo dos mais realistas, Joe DiPasquale, CEO da gestora de criptoativos BitBull Capital, acredita que o Bitcoin se prepara para testar os US$ 30 mil, mas pode faltar suporte.
“Do ponto de vista técnico, a atual ação de preço está superaquecida e podemos ver uma correção para US$ 25 mil no curto prazo. O principal motor do mercado provavelmente será o FOMC, em cerca de 3 dias, onde a maioria dos analistas acredita que veremos um aumento de 25 pontos-base, na melhor das hipóteses”, disse DiPasquale ao CoinDesk por e-mail.
Ele se refere à reunião de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), que começa amanhã (21), com a decisão a ser anunciada pelo banco central americano no dia 22.
Não será uma tarefa fácil, já que o Federal Reserve terá de ponderar os efeitos de uma inflação persistente com a recente turbulência que afeta os bancos dos EUA.
Em artigo no E-Investidor, Fabricio Tota, diretor de Novos Negócios do MB, destaca que a atual crise financeira e intervenções dos governos reforçam a relevância da narrativa do Bitcoin como uma alternativa descentralizada.
“A ascensão do Bitcoin sinaliza uma mudança em direção a um futuro financeiro mais descentralizado e resiliente. Embora ainda existam desafios a serem enfrentados, como a regulação e a volatilidade do mercado, a crescente confiança nas criptomoedas indica que elas estão cada vez mais sendo consideradas como um componente importante e inovador do sistema financeiro global”, avalia Tota.
Crise dos bancos
O UBS fechou um acordo para comprar o Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões após um fim de semana de intensas negociações intermediadas por autoridades reguladoras suíças para tentar evitar uma crise com risco de se propagar por todo o sistema financeiro global, segundo o Financial Times.
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A crise de confiança que levou ao colapso de três bancos americanos – Silicon Valley Bank (SVB), Signature Bank e Silvergate Capital – também atingiu o Credit Suisse, embora os problemas do grupo suíço tenham começado antes das recentes falências das instituições dos EUA.
Apesar do negócio fechado com o UBS, o nervosismo continua nos mercados globais. Para acalmar os ânimos, o Federal Reserve, o Banco do Canadá, o Banco da Inglaterra, o Banco do Japão, o Banco Central Europeu e o Banco Nacional Suíço se uniram em uma ação coordenada no domingo (19) para aumentar a liquidez por meio de acordos de linha de swap de dólar do Fed.
Parte da preocupação dos investidores é motivada pelo impacto da compra pelo UBS para detentores de títulos do Credit Suisse, conhecidos como AT1s, que devem ficar sem nada em um acordo que favorece os acionistas do banco suíço, de acordo com especialistas.
Ativos do Signature Bank
Os depósitos do Signature Bank e parte de seus empréstimos foram assumidos por uma unidade do New York Community Bancorp (NYCB), um passo que pode ajudar a aliviar parte da turbulência entre bancos regionais dos EUA, conforme a Bloomberg.
O Flagstar Bank, com sede em Hicksville, Nova York, e controlado pelo NYCB, fechou a compra de US$ 38 bilhões em ativos, incluindo US$ 25 bilhões em dinheiro e cerca de US$ 13 bilhões em empréstimos, em um acordo com a FDIC, agência que garante os depósitos e regula o setor bancário americano. O Flagstar também assumiu passivos de cerca de US$ 36 bilhões, sendo US$ 34 bilhões em depósitos.
O Signature era um dos bancos americanos que trabalhavam com empresas de criptoativos nos EUA, assim como o Silvergate, que também fechou as portas.
Mas o acordo deixou os depósitos relacionados ao setor cripto de fora. A FDIC disse que a oferta do Flagstar Bank não inclui o negócio de ativos digitais do Signature, e cerca de US$ 4 bilhões em depósitos relacionados ao setor serão devolvidos diretamente aos clientes.
Pressão regulatória nos EUA
A percepção de que reguladores americanos “orquestraram” a falência de bancos com forte atuação no mercado cripto cresce entre especialistas do setor.
A Blockchain Association enviou questionamentos ao Fed, à FDIC e ao Escritório do Controlador da Moeda dos EUA na tentativa de determinar se os reguladores instruíram os bancos a fechar contas das empresas cripto ou criar um ambiente hostil à indústria.
“Há relatos preocupantes de empresas cripto tendo suas contas bancárias fechadas, muitas vezes sem aviso prévio e sem explicação. Também estão com dificuldade de abrir novas contas”, tuitou Jake Chervinsky, chefe de política da associação.
No Brasil, pelo menos por enquanto o cenário é mais animador.
Em entrevista ao Valor Econômico, Christopher Giancarlo, ex-presidente da CFTC (Comissão de Negociação de Commodities e Futuros), disse que o Brasil tem condições de liderar a chamada “economia tokenizada”, porque já tem uma legislação aprovada para criptoativos e deverá ser um dos primeiros no mundo a ter uma moeda digital.
“É uma tremenda oportunidade para o Brasil, enquanto os EUA estão se afastando dos criptoativos. Veremos uma desaceleração na inovação nos EUA. Europa e Ásia não estão fazendo isso. Hoje, EUA não são o modelo a ser seguido.”
Outros destaques das criptomoedas
Clientes institucionais da Coinbase foram contatados pela empresa sobre planos para abrir uma nova plataforma de negociação de criptoativos no exterior, disseram três pessoas com conhecimento direto do assunto à Bloomberg. As conversas com formadores de mercado e empresas de investimento abordaram a possibilidade de estabelecer um local alternativo para clientes globais.
A Coinbase ainda não decidiu onde seria a sede da nova plataforma. Um porta-voz da corretora não quis comentar sobre os planos, mas disse que, de acordo com a missão de aumentar a adoção global de cripto, a empresa avalia opções geográficas e tem se reunido “com autoridades do governo em jurisdições regulatórias de alto padrão”.
A Bybit teve forte expansão no volume de negócios à vista e de derivativos nos últimos 12 meses apesar do inverno cripto, disse ao Valor o CEO da quinta maior corretora de criptomoedas do mundo, Ben Zhou. Para ele, a Bybit faz parte dos novos “players” do setor que lideram um “crescimento silencioso”. No segmento de derivativos, o volume diário saltou de US$ 2,8 bilhões para US$ 13,8 bilhões nos 12 meses até fevereiro, segundo o CoinGecko.
Reportagem da BBC revela que milhares de pessoas perderam suas economias após investir em um aplicativo de negociação de criptomoedas chamado iEarn Bot. Especialistas que investigaram a empresa dizem que este pode ser um dos maiores golpes envolvendo criptomoedas até hoje.
Com a ajuda de um analista, a BBC conseguiu identificar uma carteira cripto principal que recebeu pagamentos de cerca de 13 mil vítimas em potencial, obtendo um lucro de quase US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 7 milhões) em menos de um ano.
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