O mercado de criptomoedas ainda busca definir um rumo nesta quarta-feira (1º): enquanto o Bitcoin registra uma levíssima alta de 0,1%, negociado a US$ 31.677, a maioria das altcoins opera em terreno negativo, mostram dados do portal CoinGecko. O Ethereum (ETH) recua 1,8%, para US$ 1.937,90.
No Brasil, o Bitcoin opera estável, negociado a R$ 150.471,43, mostra o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
Cardano, que chegou a subir 27% na terça-feira (31), agora registra pesadas perdas de 7,9% nas últimas 24 horas. Outros tokens que são negociadas no vermelho ou com estabilidade são Binance Coin (-0,3%), XRP (-1%), Solana (-3,3%), Dogecoin (-0,6%), Polkadot (-0,9%), Avalanche (-4,6%) e Shiba Inu (-1,6%).
Nível de suporte
Indicadores técnicos sugerem que o Bitcoin poderia atingir a menor cotação desde dezembro de 2020 caso não mantenha o nível de suporte de US$ 29.000, de acordo com cálculos da Bloomberg. Com base nos padrões de preço anteriores, o BTC pode cair para US$ 22.130, a média móvel de 200 semanas.
Para o analista de mercado sênior da FxPro, Alex Kuptsikevich, muitos players acreditam que o mercado de criptomoedas já passou por uma correção suficiente para se tornar atraente para compras de longo prazo. “No entanto, fundamentos como ‘halving’, política monetária suave ou adoção acelerada são necessários para que o crescimento continue”, disse ao CoinDesk.
No mercado brasileiro, o campeão das aplicações em maio foi o Valor/Coppead IP 20, com ganho de 5,05%, de acordo com análise do Valor Econômico. O Índice é composto por 20 ações com a melhor relação retorno-risco no período analisado, de quatro meses. O Bitcoin, que perdeu 20,30% em maio, ocupa a última posição do ranking. A maior criptomoeda acumula baixa de 42,71% no ano.
Já ETFs (fundos de índice) de criptomoedas globais tiveram saques líquidos de US$ 556 milhões em abril, segundo o Valor Investe, que cita os dados mais recentes da Investment Company Institute (ETFGI), empresa independente de pesquisa e consultoria que cobre tendências no ecossistema global de ETFs.
Nova LUNA
Embora a volatilidade seja característica do mercado de criptomoedas, as oscilações de preço da Luna 2.0 (LUNA) chamam a atenção. Várias plataformas de negociação mostravam preços diferentes depois que os tokens foram distribuídos no sábado (28). Dados da Kraken indicavam um preço inicial em torno de US$ 17, com oscilações entre US$ 30 e US$ 4,80. A OKX listou o token a US$ 1 na abertura, com extremos de US$ 20 a US$ 5.
O novo token era negociado a US$ 9, com alta acumulada de 30% até terça-feira (31), de acordo com dados da TradingView e Kraken. “É pura aposta, como nunca havia sido visto em cripto”, disse Fadi Aboualfa, chefe de pesquisa da corretora de criptomoedas Copper, em entrevista à Bloomberg.
A equipe do projeto Terra reconheceu na terça-feira que o airdrop dos novos tokens LUNA ocorreu de forma desigual, após reclamação de vários usuários que alegaram ter recebido menos tokens do que o esperado.
Com o derretimento do ecossistema Terra, muitos investidores se perguntam quais stablecoins seriam mais seguras. De acordo com um levantamento feito pelo Mercado Bitcoin e publicado pelo E-Investidor, das 15 maiores stablecoins em valor de mercado, apenas seis apresentaram altas ou ficaram estáveis na sua variação de preço no acumulado do ano.
No Brasil, a exchange OKX anunciou uma parceria com a corretora Foxbit para viabilizar a compra da stablecoin da Tether (USDT) por meio de pagamentos com reais via PIX, o sistema de pagamentos instantâneos do país.
Outros destaques
Supervisores financeiros da União Europeia estão recomendando que as autoridades nacionais retirem a licença de operação de corretoras de criptomoedas que descumpram as leis do bloco sobre lavagem de dinheiro, informa reportagem do CoinDesk. O aviso é feito durante as preparações finais para a introdução de uma legislação conhecida como MiCA, que irá regular o tema nos 27 países que compõem o bloco continental.
A Forbes decidiu cancelar um acordo de abertura de capital por meio de um veículo de aquisição de propósito específico, também conhecido pela sigla SPAC ou empresa de cheque em branco, disseram fontes ao New York Times. O motivo seria o menor interesse de investidores no instrumento financeiro, que está sob crescente escrutínio de reguladores nos EUA.
Como parte do plano, a exchange de criptomoedas Binance havia anunciado em fevereiro um investimento de US$ 200 milhões na Forbes para apoiar o acordo. Um porta-voz da Binance disse ao CoinDesk que a empresa continua a analisar “todas as opções possíveis e esperamos trabalhar com a equipe de liderança da Forbes nos próximos meses”.
A indústria cripto captou um recorde de US$ 30 bilhões em capital de risco no ano passado, e o número de negócios no setor continua elevado apesar da recente turbulência, disse o Morgan Stanley em relatório divulgado pelo CoinDesk na terça-feira. No entanto, o fluxo de recursos deve cair, refletindo as tendências em outras categorias de capital de risco.
Empresas de criptomoedas têm aberto escritórios ou ampliado os espaços ocupados em Nova York nos últimos dois anos, em contraste com o esquema de trabalho remoto comum na indústria e crescente tendência de modelo híbrido em outros setores. Mas a recente turbulência coloca em risco a longevidade de algumas empresas de web3, segundo o New York Times.
Uma subsidiária da Fidelity Investments, lançada há alguns anos para que investidores institucionais possam manter e negociar Bitcoin nas carteiras, planeja dobrar o número de funcionários este ano, de acordo com o Wall Street Journal. A unidade pretende contratar 110 profissionais de tecnologia e outros 100 especialistas em atendimento ao consumidor.
Quem quiser ajudar os afetados pelas fortes chuvas no Recife poderão fazer doações em Bitcoin diretamente a uma carteira digital da ONG Novo Jeito, conforme o Valor Investe. A iniciativa é do Zro Bank em parceria com o movimento Transforma Brasil.
A pesquisa “Descomplicando o futuro das profissões” realizada pela edtech Descomplica e publicada pela Forbes se propôs a mapear como a tecnologia, bem como o metaverso, games, tokens não fungíveis e outros conceitos estão contribuindo para a formação de um novo ecossistema de funções, profissões e habilidades para os profissionais do futuro.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
Em audiência na Câmara dos Deputados na terça-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o blockchain veio para ficar e sinalizou que a instituição estuda um terceiro projeto de lei para o setor. “Gostamos do projeto da Câmara e do Senado, teremos um terceiro [projeto] para melhorar”, afirmou. “No nosso PL, a gente vai começar a regular as corretoras.”
Segundo artigo do site Block News, um dos objetivos do BC é saber se as exchanges têm lastro para as vendas de criptomoedas realizadas e será pedido que as estrangeiras “preferencialmente tenham sede” no Brasil. Outra preocupação, segundo Campos Neto, é a concentração global da custódia. O presidente do BC afirmou que o órgão também tem monitorado o uso de criptoativos em fraudes de importações, de acordo com o E-Investidor.
E o BC adiou para 2023 os testes do real digital, a CBDC (moeda digital de banco central) nacional cujo projeto piloto deveria começar no segundo semestre deste ano. O atraso foi divulgado por Fábio Araújo, economista do BC e responsável na instituição por coordenar o projeto, durante o evento “CBDC e real digital: o que é e como será”, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) na segunda-feira (30).
Normas que regulam a exposição dos bancos globais a criptoativos serão concluídas este ano, segundo o Comitê de Supervisão Bancária da Basileia. “Eventos recentes destacaram ainda mais a importância de uma estrutura prudencial mínima global para mitigar os riscos dos criptoativos”, disse o comitê em comunicado.
O governo do Reino Unido propôs mais medidas de proteção contra o possível colapso de stablecoins em um documento de consulta publicado na terça-feira, que recomenda alterar a legislação para abordar tais riscos. Uma das propostas é dar mais poderes ao Banco da Inglaterra para coordenar a gestão de emissores de stablecoins que colapsaram e tenham “importância sistêmica”.
Molly White, engenheira de software de 28 anos que escreve artigos para o Wikipedia por hobby, se tornou uma das principais críticas da indústria cripto. Em seu site “Web3 is Going Just Great”, White documenta vários casos de infrações: investimentos que resultam em fraudes, projetos que colapsam por má gestão e invasões de hackers que roubam dinheiro de usuários, segundo o Washington Post.
E por falar em fraudes, spam, ataques de phishing, golpes e malware são constantes desafios para o Discord, o aplicativo de mensagens para gamers que agora é uma das principais plataformas usadas para projetos cripto. De acordo com reportagem da revista Vice, as conversas nos canais do aplicativo não são criptografadas e é possível ter acesso a informações que dão pistas sobre o lançamento de um token ou se este está prestes a ser listado na Coinbase, por exemplo.
Apesar dos esforços para melhorar as regras de cibersegurança, ataques de ransomware contra empresas continuam em alta nos EUA e parlamentares dizem que o governo tem alcance limitado para prevenir esses golpes, conforme o Wall Street Journal. Apenas 19% de executivos de gestão de riscos cibernéticos revelaram um “alto nível” de confiança para combater tais ameaças, segundo pesquisa da unidade de corretagem de seguros da Marsh & McLennan e Microsoft.
O casal de Nova York acusado de lavar US$ 4,5 bilhões em criptomoedas roubadas na invasão de 2016 da exchange Bitfinex ainda negocia um acordo judicial enquanto mais de 1,1 gigabyte de evidências são analisadas, disseram promotores. lya “Dutch” Lichtenstein, 34 anos, e sua esposa, Heather Morgan, 32, devem comparecer aos tribunais nesta sexta-feira (3), informou a Reuters.
Renomados especialistas em tecnologia se uniram para pedir a parlamentares dos EUA que coloquem barreiras à crescente indústria de criptomoedas, o primeiro esforço conjunto para combater o lobby de empresas do setor, conforme o Financial Times. Um grupo de 26 cientistas da computação e acadêmicos, entre eles o professor da Universidade Harvard Bruce Schneier e Kelsey Hightower, engenheiro-chefe do Google Cloud, assinou uma carta entregue a congressistas criticando os investimentos em criptomoedas e a tecnologia blockchain.