O mercado de criptomoedas pisa no freio nesta segunda-feira (16) após o rali no fim de semana em meio às apostas de aumento da liquidez, enquanto os índices acionários globais operam sem rumo definido em dia de feriado nos EUA.
Depois de ultrapassar a marca de US$ 21 mil na madrugada, o Bitcoin (BTC) opera estável nas últimas 24 horas, em torno do patamar de US$ 20.762. Em reais, o BTC ainda sobe 1,1%, cotado a R$ 107.364, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) ganha 1,3%, negociado a US$ 1.540, segundo dados do Coingecko.
As maiores altcoins operam com volatilidade, entre elas BNB (+0,6%), XRP (+0,6%), Cardano (+2,1%), Dogecoin (+0,7%), Polygon (+3,1%), Solana (+3,3%), Polkadot (-0,3%), Shiba Inu (+5%) e Avalanche (+2,3%).
Bitcoin hoje
Apesar da instabilidade desta segunda, no acumulado da semana a alta do Bitcoin passa de 21%, enquanto o Ethereum tem ganho de quase 20% no período, de acordo com o CoinGecko.
A maior criptomoeda já subiu 28% neste mês, em seu melhor desempenho desde o rali de 31% em janeiro de 2020, antes da pandemia, mostram dados da Bloomberg. Enquanto isso, a dificuldade de mineração do Bitcoin deu um salto de 10%, o maior aumento desde outubro.
Com a alta recente, o valor total do mercado de ativos digitais está novamente acima de US$ 1 trilhão pela primeira vez desde novembro passado, quando o império da FTX implodiu.
A valorização dos chamados ativos de risco, como criptomoedas e ações, é puxada pela perspectiva de fim do aperto monetário nos EUA, o que pode injetar mais liquidez no mercado global e impulsionar investimentos.
Alguns analistas alertam que uma pressão compradora, ou “short squeeze”, pode estar por trás do movimento atual e que ainda há muita incerteza em relação aos criptoativos, mas o medo de ficar de fora, o chamado “’FOMO’ deve desempenhar um papel em como os mercados evolucionam a partir de agora”, disse Noelle Acheson em sua newsletter “Crypto Is Macro Now”, citada em análise da Bloomberg.
Em e-mail ao CoinDesk, Mark Connors, chefe de pesquisa da 3iQ, uma gestora de ativos digitais canadense, aposta na continuidade dos ganhos: “Vemos o rali atual dos ativos digitais como uma reversão do mercado e NÃO como um rali de ‘bear market’”, disse em referência ao ciclo de baixa.
Fórum Econômico Mundial
Ainda assim, outros especialistas recomendam cautela, já que o banco central dos EUA já avisou que as taxas de juros permanecerão altas por um bom tempo e economistas não descartam uma recessão na maior economia do mundo, apesar de leve.
Essas incertezas devem dominar as discussões do Fórum Econômico Mundial que começa hoje em Davos, na Suíça, e volta a ser realizado no inverno europeu pela primeira vez em três anos.
Com temas como crise de energia e inflação em mente, bilionários globais se reunirão em uma conferência marcada pela ausência de oligarcas russos em meio à guerra na Ucrânia, de chineses ainda preocupados em frear a Covid e da FTX, que já esteve entre os parceiros do Fórum.
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Investigações na FTX
E por falar em FTX, o Departamento de Justiça dos EUA alertou em documento que a contratação do escritório de advocacia Sullivan and Cromwell (S&C) pela nova administração da exchange pode implicar conflito de interesses. O diretor jurídico da FTX, Ryne Miller, trabalhou anteriormente na S&C, de Nova York, por oito anos, destaca o documento, e o escritório de advocacia pode se encontrar na “posição conflituosa” de investigar a si mesmo e seu ex-funcionário.
Grupos de mídia como Bloomberg, Reuters, Wall Street Journal e CoinDesk se uniram para obter o direito de saber quem assinou a fiança de US$ 250 milhões de Sam Bankman-Fried, além dos pais do fundador da FTX. Em pedido enviado ao tribunal responsável pelo processo movido contra SBF, os grupos argumentaram que o assunto é de interesse público.
Brett Harrison, ex-presidente da FTX US, braço do grupo nos EUA, foi ao Twitter para revelar detalhes sobre como era trabalhar com Bankman-Fried, dizendo que a relação chegou a um ponto de “total deterioração”, o que o levou a abandonar o que chamou de “emprego dos sonhos”.
Harrison alega que SBF tinha um comportamento emocionalmente volátil, evitava conflitos e rejeitava críticas e que lhe deixou de fora de decisões importantes. Além disso, Harrison teria pedido a separação e independência dos times executivo, jurídico e de desenvolvimento da FTX US, mas Bankman-Fried não concordou, segundo o post de 1.200 palavras.
Harrison saiu da FTX US para fundar uma empresa cripto de software e estaria em busca de US$ 100 milhões em financiamento, segundo a Bloomberg. Anthony Scaramucci disse que está investindo no projeto com seu próprio dinheiro, de acordo com e-mail enviado à agência de notícias. Antes da quebra da FTX, a FTX Ventures, unidade de capital de risco do grupo, havia anunciado a compra de uma participação de 30% na Skybridge Capital, de Scaramucci, que pretende recomprar a fatia.
Outros destaques das criptomoedas
Justin Sun, fundador da blockchain Tron, está disposto a gastar US$ 1 bilhão de seu próprio dinheiro na compra de ativos do Digital Currency Group (DCG), que controla a plataforma de crédito cripto Genesis, disse o executivo à Reuters. A Genesis congelou saques de clientes em novembro e busca evitar um pedido de recuperação judicial. A empresa deve mais de US$ 3 bilhões a credores, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.
Uma das afetadas pela suspensão dos saques foi a corretora cripto Gemini, que por isso também teve de bloquear resgates no programa de renda passiva Earn, mantido em parceria com a Genesis. A Gemini e seus fundadores, os gêmeos Tyler e Cameron Winklevoss, agora são alvo de um novo processo que busca status de ação coletiva, informou o The Block.
O processo é movido por Joshua Berdugo, que investiu US$ 13 mil no programa Earn e acusa os gêmeos de cometer fraude contra clientes. A SEC, a CVM dos EUA, abriu uma ação civil contra a Gemini e Genesis na semana passada.
O Bradesco concluiu sua primeira operação piloto de tokenização de um ativo financeiro. A transação – que transformou um ativo financeiro em um ativo digital tokenizado -, realizada em conjunto com a Bolsa OTC Brasil, consistiu na emissão de uma Cédula de Crédito Bancário (CCB) no valor de R$ 10 milhões. Segundo comunicado divulgado pelo banco, foi também a primeira transação de tokenização do mercado financeiro regulada pelo Banco Central. O Bradesco atuou como originador e distribuidor dos títulos.
Bancos tradicionais mergulham cada vez mais no mundo digital. O Société Générale emprestou US$ 7 milhões em stablecoins da MakerDAO. O banco francês usou um financiamento imobiliário como garantia para fazer o empréstimo dentro de um pool de crédito da stablecoin DAI, de acordo com o The Block.
O CEO do BNY Mellon, Robin Vince, segue firme na aposta em criptoativos, apesar da cautela. Durante teleconferência sobre o balanço, o executivo afirmou que os ativos digitais são uma estratégia de “longo prazo” e que ignorar esse espaço seria o mesmo que preferir papel em vez de computadores.
A coleção de tokens não fungíveis (NFT) Azuki lançou a cidade virtual Hilumia, que inclui uma loja de brinquedos, fliperama, academia e até uma competição romântica chamada “Love Island”. A cidade virtual foi lançada na semana passada para comemorar o aniversário de um ano da Azuki, e o volume de negócios do projeto aumentou 86% no dia do anúncio, de acordo com o rastreador de dados NFT CryptoSlam. “Hilumia é uma cidade virtual interativa moldada pela comunidade e se expandirá com o tempo”, disse a empresa ao The Block.
Um juiz federal dos EUA decidiu que Wylie Aronow e Greg Solano, os fundadores da Yuga Labs — a empresa de US$ 4 bilhões por trás coleção NFT Bored Ape Yacht Club (BAYC)— devem depor no processo de violação de marca da empresa contra o artista Ryder Ripps. A decisão marca a mais recente escalada em uma longa saga envolvendo um dos principais atores do universo cripto. No início de 2022, Ripps disse que os NFTs do Bored Ape Yacht Club continham imagens disfarçadas – mas intencionais – com mensagens racistas e nazistas.